Ícone do salto com vara nacional, Fabiana Murer tornou-se a primeira mulher campeã mundial do atletismo brasileiro, em qualquer categoria, ao vencer o Mundial Indoor de Doha, no Catar (em 14/3/2010), com 4,80 m. O pioneirismo se repetiu no ano seguinte no Mundial de Daegu-2011, na Coreia do Sul (em 30/8/2011), com novo ouro inédito em estádio aberto e um salto de 4,85 m – a medalha completa dez anos nesta segunda-feira, dia 30 de agosto de 2021.
Fabiana foi campeã mundial, duas vezes, em provas nas quais Yelena Isinbayeva, o maior nome da história do salto com vara feminino, estava presente. Desafiou as dificuldades e colocou o salto com vara, uma prova extremamente técnica do atletismo, no radar do esporte brasileiro e mundial.
Às 19h30min dessa segunda-feira (30), a ex-atleta e lenda do atletismo brasileiro fará uma live em seu perfil do Instagram contando os bastidores da conquista da medalha de ouro em Daegu.
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Tem mais duas medalhas ganhas em Mundiais: a de bronze (4,70 m) no Mundial Indoor de Valência-2008, na Espanha (8/3/2008), e a de prata no Mundial de Pequim (26/8/2015), na China, com 4,85 m.
Evolução
Fabiana Murer foi ao seu primeiro Mundial adulto em Helsinque-2005, Finlândia, e saltou 4,40 m, recorde brasileiro, mas não avançou à final. Nos outros Mundiais que disputou sempre esteve entre as top 6. Competiu no Mundial de Osaka-2007, no Japão, fez 4,65 m e ficou na sexta colocação.
No Mundial de Berlim-2009, na Alemanha, foi quinta colocada, com 4,55 m, mesma colocação do Mundial de Moscou-2013, com 4,65 m. Foi a mais duas finais em Mundiais Indoor, ficando em quarto em Sopot-2014, na Polônia, com 4,70 m, e em sexto em Portland-2016, nos Estados Unidos, com 4,60 m.
Fabiana brilhou no circuito mundial da World Athletics. Ganhou 14 etapas da Liga Diamante e tem dois troféus – um diamante, uma joia lapidada na Suíça – por suas vitórias em 2010 e 2014.
Domínio no continente e falta de sorte em Olimpíada
Também é campeã pan-americana, no Rio de Janeiro-2007, diante da torcida brasileira no Engenhão, com 4,60 m. E tem mais duas medalhas de prata, conquistadas em Toronto-2015, no Canadá, com 4,80 m, e na edição de Guadalajara-2011, México, com 4,70 m.
Disputou três edições de Jogos Olímpicos. Em Pequim-2008, na China, Fabiana Murer enfrentou o sumiço de uma de suas varas (ficou em 10º, com 4,45 m). A vara havia sido retirada de seu tubo no depósito da Vila Olímpica.
Chegou na Olimpíada de Londres-2012, na Grã-Bretanha, como favorita à medalha olímpica após conquistar o ouro no mundial em Daegu e ser campeã da Liga Diamante. No entanto foi prejudicada pelo vento, saltando apenas 4,50 m.
Bateu o recorde sul-americano do salto com vara com 4,87 m (3/7/2016), no Troféu Brasil, em São Bernardo do Campo, São Paulo, na véspera da Olimpíada do Rio. Tinha tudo para ganhar uma medalha, mas teve hérnia de disco cervical enquanto saltava na Europa e não conseguiu se recuperar a tempo de ir bem na Olimpíada.
Início na Ginástica
Nascida em Campinas, São Paulo, em 13 de março de 1982, Fabiana Murer começou a praticar esportes na ginástica artística aos 7 anos. Competiu nas categorias menores, mas ficou muito alta – media 1,69 m e ainda cresceria até 1,72 m. Tentou a natação, mas foi para o atletismo depois que o pai Vanderlei viu um anúncio de jornal sobre testes para a escolinha da Funilense, em Campinas. Em 1997, fez um teste para o atletismo (corrida de 50 m, 1.000 m e salto em distância).
Quando soube que ela já praticara ginástica artística, o técnico Elson Miranda de Souza, com quem Fabiana trabalhou toda a sua carreira, encaminhou a então adolescente para o salto com vara – tinha potencial de saltadora por causa de seu biótipo, força no braço, noção de movimentação no espaço.
O salto com vara para mulheres era uma novidade, oficializada havia pouco tempo, com seu primeiro recorde mundial registrado oficialmente 1992. Fabiana cresceu junto com a prova. Em um ano na prova fez o índice para o Mundial de Juvenis de Annecy-1998, na França. Foi a caçula da delegação brasileira nos Jogos Pan-Americanos de Winnipeg-1999, no Canadá. Ela detinha o recorde brasileiro, de 3,91 m em 2001.
Fez uma bonita carreira por 20 anos e deixou as pistas em 2016, após a Olimpíada do Rio. Fabiana Murer é fisioterapeuta e sócia-proprietária no Insport, em São Paulo, casada com Elson desde 2010 é mãe de Manuela, nascida em 2017, e integra o Programa Ídolos do Atletismo da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt).