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Atletismo

Mesmo sem a vaga, Núbia Soares mantém serenidade por Tóquio

Treinando em Guadalajara, na Espanha, entre os melhores do mundo, triplista mantém a calma na busca pela marca que dá a vaga

Treinando entre os melhores do mundo, triplica prega calma na busca pelo índice (divulgação/CBAt)

Há mais de dois anos vivendo na Espanha, Núbia Soares conversou com o Olimpíada Todo Dia neste domingo (19), em live no Instagram. Ainda sem a vaga para a Olimpíada de Tóquio, a saltadora vê com bons olhos a pausa por conta do coronavírus e busca manter a serenidade pela vaga no Japão. ” É preciso ter tranquilidade para esse momento”.

Atleta do Barcelona, Núbia Soares treina em Guadalajara e vem se preparando para o retorno das competições. Depois de passar cerca de três meses treinando em casa, a brasileira retornou para as pistas há aproximadamente 45 dias e os treinos vem sendo feitos de forma gradativa.

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“Tem que ser gradativo, não adianta voltar com tudo depois de tanto tempo parada. Estamos saltando na pista com metade das passadas e vem aumentando conforme o tempo. As coisas devem aumentar a intensidade agora”.

Assim como a grande maioria dos atletas, Núbia Soares concordou com o adiamento dos Jogos Olímpicos de Tóquio para 2021 por conta da pandemia da Covid-19. Para o salto triplo, modalidade da brasileira, o índice para a Olimpíada é 14,32 m e a atleta ainda não conseguiu alcançar. Contudo, Núbia mantém a serenidade quando comenta sobre o fato.

“No atletismo os índices voltam a valer somente em dezembro, então eu tenho tempo para me preparar e alcançar a marca. Ganhei mais um ano, me recuperei do problema que tive no tendão e é preciso ter tranquilidade para este momento”.

¿Habla español?

Na Espanha, Núbia Soares teve que enfrentar um desafio. Quando chegou no país, a saltadora não falava o idioma e teve que ir se virando como podia para aprender a falar espanhol, e o período da quarentena foi muito útil para ajudar neste quesito.

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“Na quarentena, eu aproveitei para estudar mais espanhol e música. Estou há dois anos e meio na Espanha e quando eu cheguei tinha muito tempo livre, porque não tinha as aulas da faculdade, e decidi estudar um instrumento. Na quarentena eu consegui focar mais e até me confundo entre os idiomas quando falo com alguém em português”.

Momento difícil

A decisão pela ida para a Espanha aconteceu em um momento difícil. O técnico de Núbia Soares, Aristides Junqueira Neto, o Tide, faleceu no começo de 2018 e, sem treinador, a saltadora passou por alguns dias sem saber muito o que faria, até que recebeu uma proposta.

Núbia Soares recebeu o convite para treinar na Europa com os melhores saltadores do mundo e seguindo as orientações de um campeão olímpico. Em cerca de um mês a brasileira já estava em Guadalajara treinando.

“Treinar aqui é muito bom. No começo foi muito complicado porque eu senti muita falta do Brasil. Mas a minha relação com Ivan Pedroso (cubano campeão olímpico do salto triplo em Sydney-2000) é muito boa. A gente é bem unido, brinca bastante com ele. É muito bom ter ele como técnico, é uma honra estar aprendendo com ele”.

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Apesar de estar fora do país e longe da família e amigos, Núbia Soares sabe que todos tentam fazer com que ela se sinta a vontade no dia a dia. “Sinto falta de falar português. Sei que todos da equipe fazem de tudo para que eu me sinta a vontade, ter essa proximidade com eles é muito bom e ajuda no desempenho”.

As diferenças

No velho continente Núbia Soares foi colocada em uma nova realidade. Depois de alguns anos treinando no Brasil, na maior parte do tempo usando estrutura de clubes com o apoio de patrocínios e bolsas do governo, a saltadora viu que na Europa é diferente.

Em Guadalajara, onde a brasileira treina com as melhores do mundo em sua modalidade, Núbia faz sua rotina de treinos em uma pista pública, que é aberta para a população em geral.

“A pista é pública e as coisas aqui tem muito menos burocracia. Vejo que o esporte em geral é bem mais divulgado do que no Brasil e com isso a população tem mais acesso e acaba praticando mais”.

Apesar do salto triplo ser um esporte individual, Núbia Soares não vê assim. Ela entende que é o saltador quem faz a ação na hora da prova, mas sabe que muitos fazem com que o salto seja possível. “É um esporte individual, mas é com apoio de muitos. Se eu tenho alguma dor, a fisioterapia já vem e ajuda, tem toda uma equipe para que as coisas aconteçam da melhor forma. No Brasil não é assim”.

Vida no esporte

Engana-se quem pensa que Núbia Soares sempre esteve ligada ao atletismo. Antes de saltar mais de 13 metros pelo mundo, a triplista passou por várias outras modalidades e quase seguiu por uma delas.

“Eu era do handebol, treinei dos 11 aos 15. Passei por todos os esportes menos o futebol e só não segui no handebol porque o time acabou. Aos 15 eu fui para o atletismo e em seis meses eu já fui para a minha primeira viagem internacional, foi incrível e tudo muito rápido”.

Em seis meses estava na primeira competição internacional e em quatro anos disputou a primeira Olimpíada. Núbia Soares disputou os Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro, quando tinha 20 anos e ficou na 23ª colocação.

“Foi muito rápido, em quatro anos eu estava na Olimpíada. Na última competição, no último salto eu fiz o índice e fui. Estrear em uma edição em casa foi incrível”, finalizou a atleta.

Confira a live de Núbia Soares com o OTD:

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