União dentro e fora das pistas. É assim que o velocista Paulo André de Oliveira define a nova geração do atletismo brasileiro. A equipe, ainda que jovem, é bastante promissora. No ano passado, a torcida brasileira pôde ver um pouco disso, quando a seleção masculina conquistou a medalha de ouro do 4×100 m no Mundial de Revezamentos, em Yokohama (JAP). E é justamente a união e conexão entre os atletas que fortalecem a equipe.
“É uma safra, um grupo muito unido, independente da prova. A resenha e muito legal. Eu, Gabriel (Constantino), Alison (dos Santos), quando estamos junto… Algumas gerações depois da do meu pai (e seu treinador) falam que a galera não era tão unida e que a gente não poderia ser unido assim… Dentro da pista, é claro, cada um faz sua parte, mas fora é uma resenha sem fim”, contou Paulo André em live do Olimpíada Todo Dia.
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“A gente vive mais tempo junto do que com a família. Não é puxando o saco não, mas a gente curte a mesma vibe. Não sei se foi coincidência, mas a gente se dá muito bem mesmo, personalidade bate muito, os mesmo gostos, videogame, galera tranquila… E se não tivesse essa união, essa conexão, acho que não daria certo. Isso pesa muito no revezamento. E a gente combinou entre nós que iríamos melhorar individualmente. Foi o que fizemos e deu no resultado de 2019. Somos uma família”, completou.
As aventuras dos “três mosqueteiros”
Paulo André, Gabriel Constantino e Alisom dos Santos, o Piu, são os reis da resenha. Fora das pistas, a vibe tranquila e descolada é a que predomina. É de se imaginar, assim, as aventuras e trapalhadas que esse trio da nova geração do atletismo já passou junto.
“A gente estava em um camping, nem sei se eu posso falar, mas a gente conheceu uma menina, que se tornou uma super amiga nossa, e ela deixou um Porsche na nossa mão. Ela falou: ‘ah, aqui é de boa, você só não pode vacilar. Pode voltar para o alojamento’. Eram uns 5 km até lá. Só que lá as rodovias são todas muito parecidas e agente esqueceu o endereço, entrou num lugar errado. O Gabriel já estava num desespero…. Aí a gente ligou para ela e deu tudo certo. Mas de primeira, a gente ficou meio desesperado, passamos num pedágio que não podia, nem sei se ela pagou multa depois…” contou Paulo André.
Isso sem contar as apostas que fazem no videogame, uma rotina quase tão frequente quanto os treinos. “Eu não preciso nem pegar meu prato, carregar minha mochila, porque eu sempre ganho dele (Alison). Ele sempre perde e eu tenho provas”, brincou Paulo André na resenha ao vivo com Alison Piu na live.
O começo e a importância dos Jogos Escolares
O caminho de Paulo André até se tornar um dos maiores potenciais do atletismo brasileiro foi relativamente rápido. Filho do ex-atleta e hoje seu treinador, Camilo, o atletismo está na genética.
“Foi bem diferente, tudo muito rápido para mim. Eu sempre fui muito veloz, jogava bola e meu apelido era foguete. E meu pai foi atleta, na mesma prova, é genético… Aí teve um dia que ele me chamou para correr e eu já mandei muito bem. Na primeira competição ganhei da galera que já competia, comecei a me destacar no Espírito Santo e fui para os Jogos Escolares”, contou.
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E falando em nova geração do atletismo, os Jogos Escolares, inclusive, tiveram uma grande importância na vida de Paulo André, que hoje é embaixador da competição.
“Foram um divisor de águas. Em 2014 foi quando eu vi que levava jeito para a coisa e comecei a me dedicar mais. Fui muito mal nos Jogos Escolares. Fui para a final, mas fiquei em oitavo. E lembro que meu pai foi comigo, eu sentei com ele na arquibancada e falei que ia voltar no ano seguinte e ganhar nos 100 m e nos 200 m. E não foi diferente. Voltei e ainda bati o recorde sul-americano nos 100 m e o da competição nos 200 m”, relembrou.
O ponto de virada
Os Jogos Escolares tiveram, assim, um grande papel na carreira de Paulo André. Mas se hoje ele é esperança de medalha do Brasil em Tóquio 2020, a torcida brasileira deve muito a uma conversa dele com sua mãe.
“Foi um momento com a minha mãe que eu decidi que queria seguir a carreira de atleta. Meus amigos indo para a praia, shopping, passear e eu querendo fazer isso também… Eu lembro bem que eu estava querendo brincar e ela sentou e falou: ‘se você quer isso pra sua vida, você tem que abdicar de muita coisa’, e foi quando eu enxerguei e amadureci. Se eu quero ser um campeão olímpco, eu tenho que me dedicar. Foi quando eu comecei a ter foco e evoluir. Sou muto grato a minha mãe por isso. Mo começo não é fácil de entender, mas minha família me ajudou. Eu tinha que tirar proveito desse talento que eu tenho”, concluiu.