Sempre que alguém me pergunta sobre quem é o maior atleta olímpico da história do Brasil, a resposta sai quase de bate-pronto: Adhemar Ferreira da Silva. Sim, eu sei que Robert Scheidt e Torben Grael possuem mais medalhas do que ele (cinco). O nadador Gustavo Borges, com quatro pódios, também ganhou mais do que Adhemar. Ele também é superado por Emanuel e Ricardo (vôlei de praia), Rodrigo Pessoa (hipismo) e o incrível baiano Isaquias Queiroz (canoagem), todos com três medalhas, ganharam mais do que Adhemar.
É provável que ao longo dos anos, apareçam outros brasileiros com mais conquistas olímpicas do que ele. Não tenho dúvida quanto a isso. Assim como não tenho a menor dificuldade em insistir no meu ponto de vista. Jamais alguém irá superar a importância de Adhemar Ferreira da Silva no esporte brasileiro.
Hoje, 23 de julho, completam-se 65 anos do episódio que mudou o Brasil no patamar do esporte olímpico. E o grande responsável por isso foi justamente Adhemar. Neste mesmo dia, de forma espetacular ele conquistou a primeira medalha de ouro do atletismo brasileiro, no salto triplo dos Jogos de Helsinque-1952. Não foi uma conquista qualquer. Ele quebrou o recorde mundial quatro vezes, duas delas na final, sendo que 16,22 m, em sua penúltima tentativa, assegurou a vitória.
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Aquela era a primeira medalha de ouro olímpica do Brasil em 32 anos. A conquista de Guilherme Paraense no tiro esportivo, em Antuérpia-1920, não teve para o esporte brasileiro o mesmo impacto de Adhemar, até pelo excepcional atleta que ele foi. Depois de Helsinque, ele seguiu por quase uma década como o maior nome do salto triplo mundial, brilhando nos Jogos Pan-Americanos da Cidade do México-1955 e Chicago-1959 (já havia vencido em Buenos Aires-1951). No México, alcançou a maior marca de sua carreira, 16,56 m, novo recorde mundial.
Adhemar ainda marcou seu nome por ser o primeiro bicampeão olímpico do Brasil, graças à conquista nos Jogos de Melbourne-1956. Ele ainda procurou um novo pódio, em Roma-1960, mas uma tuberculose que só viria ser diagnosticada mais tarde, atrapalhou seu desempenho, ao terminar em 14º lugar. Nada que impedisse ter sua história reconhecida e aplaudido por todo o Estádio Olímpico, ao deixar a pista.
Era a despedida de um gênio do esporte. Isso tudo para alguém que iniciou sua carreira somente aos 17 anos, quase que por acaso. Depois, construiu uma vida como grande divulgador do atletismo e do esporte. Culto e muito acima da média, formou-se em direito, artes, relações públicas e educação física.
Adhemar Ferreira da Silva, há 65 anos, mostrou ao mundo que o Brasil também era capaz de produzir grandes lendas olímpicas. Um feito que não pode ser esquecido jamais.