Incrível o trabalho que o presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman, teve para tentar explicar a participação brasileira nos Jogos Olímpicos de Pequim, encerrados domingo e que tiveram uma modesta coleta de medalhas por parte do Brasil: 15 no total (igualando Atlanta-96), sendo três de ouro, quatro de prata e oito de bronze. Segundo o dirigente, numa coletiva em que fez um balanço do Brasil nos Jogos, houve uma inquestionável evolução.
“O crescimento esportivo de um país não deve ser medido apenas por medalhas. A presença de um maior número de atletas e de modalidades em finais olímpicas indicam a evolução qualitativa do esporte brasileiro nas últimas quatro edições dos Jogos Olímpicos”, enalteceu Nuzman, lembrando que o país chegou a 38 finais (contra 30 de Atenas-04), além deter conquistado três medalhas de ouro inéditas (César Cielo/natação, Maurren Maggi/atletismo e vôlei feminino).
O problema é que todo este exercício matemático cai por terra quando confrontamos o desempenho olímpico brasileiro ao investimento federal na delegação. Nunca antes na história deste país (como diria o presidente Lula) se colocou tanto dinheiro em uma delegação esportiva. Neste ciclo olímpico (2005-08), o esporte de alto rendimento recebeu cerca de R$ 1,2 bilhão, incluídos aí verba da Lei Piva, lei de incentivo fiscal, patrocínios estatais e programa Bolsa Atleta, segundo reportagem desta segunda-feira, na Folha de S. Paulo.
Com tanto dinheiro assim, seria natural esperar uma participação melhor e em uma quantidade maior de modalidades. Mas o que se viu foram os mesmos esportes sendo premiados (vôlei, vôlei de praia, natação, iatismo, judô, atletismo, futebol), com o taekwondo sendo a exceção.
Para Londres-2012, que se faça um controle mais rígido do destino das verbas públicas no investimento olímpico, com a instalção de um programa de metas. Ou do contrário, daqui a quatro anos estaremos festejando os poucos heróis olímpicos de sempre e chorando as medalhas perdidas.