Dez anos atrás, em 22 de julho de 2007, começava a competição do atletismo nos Jogos Pan-Americanos do Rio, no Engenhão. Fabiana Murer, Franck Caldeira e o casal Marílson e Juliana Paula Gomes dos Santos, todos medalhistas no Pan realizado no Brasil há uma década, relembram suas conquistas e falam da importância de terem participado de um grande evento em casa.
Fabiana Murer
Fabiana Murer, que se aposentou das pistas em 2016 e passou a ocupar o cargo de manager institucional da B3 Atletismo, conquistou no Pan de 2007 seu primeiro grande título na carreira. “Além de ter sido minha primeira grande vitória, também foi a primeira medalha de ouro conquistada no Engenhão”, lembra Fabiana, que ganhou a prova com a marca de 4,60 m, recorde pan-americano na época.
“Foi uma competição difícil, mas que foi muito legal por causa da torcida. As pessoas não sabiam muito bem o que era o salto com vara, não conheciam as regras, mas sempre que um brasileiro estava na pista, a torcida gritava. Gritaram muito para mim e a vitória foi bem emocionante”, conta Fabiana, que também esteve nos Pans de Guadalajara/2011 e Toronto/2015, conquistando a medalha de prata em ambos. “Foi no Pan do Rio que o salto com vara passou a ser conhecido. E, a partir daquela vitória, tive a oportunidade de começar a participar das competições internacionais. Foi um resultado muito importante para a minha carreira, para conquistar todos os títulos e recordes que vieram depois.”
Marílson e Juliana Gomes dos Santos
Marílson e Juliana Gomes dos Santos lembram do Pan do Rio de uma forma muito especial. O casal tem um “pódio completo” de conquistas: Juliana foi campeã dos 1.500 m, enquanto Marílson ganhou duas medalhas, a prata nos 10.000 m e o bronze nos 5.000 m.
Marílson, que havia disputado o Pan de Santo Domingo em 2003, repetiu no Rio os resultados de quatro anos antes. “Mas o Pan do Rio foi muito importante, muito significativo, porque foi a primeira grande competição que eu e a Juliana fizemos em casa – o que conseguimos repetir depois na Olimpíada de 2016. A torcida participou muito, incentivou bastante… eu fiz o que pude para ganhar o ouro, especialmente nos 10.000 m, que briguei até o finalzinho”, disse o ex-fundista, que também parou de competir em 2016 e faz parte do quadro diretivo da B3. Mas fiquei muito feliz porque a Juliana ganhou os 1.500 m, então temos as três medalhas em casa.” E o sonhado ouro de Marílson nos 10.000 m foi conquistado no Pan de Guadalajara, em 2011.
Juliana viveu extremos no Rio. Em sua estreia em Pans, classificou-se para as provas dos 800 m e 1.500 m. Mas, logo no início da competição, enfrentou uma inesperada falha. “Eu tive que me superar durante a competição. Eu estava bem, mas não consegui ir para a final dos 800 m. Meu mundo desabou, mas a experiência do Marílson e do Adauto (Domingues, técnico de Juliana), foram essenciais para mim. Eles conseguiram fazer com que eu me animasse de novo e me focasse nos 1.500 m, porque eu tinha chance de pódio”, lembra a atleta. “No dia da prova, já estava muito motivada e consegui ser campeã. Foi uma prova muito tática, e lembro que o Adauto falou que eu deveria ir até o final com as meninas e, só aí, fazer a minha chegada. Foi exatamente o que aconteceu.”
“Eu fico muito emocionada quando lembro de estar no Engenhão cheio, todo mundo torcendo. Foi um momento muito especial da minha carreira, e sou muito feliz de ter conquistado essa medalha para o Brasil”. A história de Juliana, aliás, também tem outro capítulo feliz em Pans: em 2015, nos Jogos de Toronto, ela voltou à competição após a gravidez de Miguel (que nasceu em 2011) para conquistar o ouro nos 5.000 m.
Franck Caldeira
Franck Caldeira é outro integrante da B3 Atletismo que foi campeão no Rio/2007, em uma vitória emocionante na reta final da maratona, prova de 42.195 m que foi disputada no Parque do Flamengo. “Foi muito emocionante. Eu sabia que seria uma prova que iria ficar para a história da minha vida atlética. A vontade era mesmo a de vencer, mas sabia que teria grandes obstáculos, como os adversários e o clima. Eu era novo, com pouca experiência na maratona, mas acreditei até o final”, recorda o fundista, que venceu o percurso em 2h14min03. “Não foi uma prova fácil. Eu me comportei bem até o km 25, mas um atleta da Guatemala desgarrou do grupo. Na altura do km 40, no Aterro do Flamengo, eu tirei forças de onde não tinha mais, ultrapassei ele e venci. Esse título me deixou um legado muito positivo. Até hoje eu distribuo pedaços da medalha em cada palestra, em cada evento que eu participo.”