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Pedrinho: o lapidador de diamantes do para atletismo

Dono de quatro medalhas e dois recordes no Mundial de Atletismo Paralímpico, o treinador paraibano Pedrinho é expert em descobrir pedras brutas e transformá-las em diamantes

Como treinador, Pedrinho tem três medalhas de ouro e uma de prata no Mundial de Atletismo Paralímpico, que acabou no última semana, em Dubai. Além disso, o paraibano que comanda Petrúcio Ferreira, Joeferson Marinho e Cícero Valdiran conquistou, também, dois recordes mundiais.

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Petrúcio Ferreira se tornou o paralímpico mais rápido do mundo ao correr os 100m da classe T47 para 10s42, com direito a recorde e a medalha de ouro. O atleta, ainda, faturou o primeiro lugar do pódio na prova dos 400m com 47s87.

Joeferson Marinho fez 10s74 e ficou com a prata nos 100m classe T12. E, por último, Cícero Valdiran ganhou o ouro com recorde mundial no lançamento de dardo classe F57 para 49m26.

O que os três atletas tem em comum além das conquistas e a terra de origem? O treinador. Pedrinho tem na bagagem muito além de medalhas e recordes mundiais. São 40 anos de amor ao esporte. Assista ao vídeo e leia a entrevista!

Conheça Pedrinho

“Eu estou completando 40 anos que trabalho na Universidade Federal da Paraíba. Eu passei por tudo. Eu fui roupeiro no atletismo. Eu fui assistente técnico. Eu fui atleta, quase era um atleta mais ou menos, mas acabei não sendo porque não tinha esse talento, potencial todo. Enquanto atleta eu pude usufruir do melhor que eu podia tirar.”

“A minha vida é como uma partida de futebol. Teve o primeiro tempo e o segundo tempo. O primeiro tempo foi quando eu migrei do sertão, no arrego, com aquela história que a maleta era um saco e o cadeado era um nó. Foi mais ou menos como eu vim do sertão para João Pessoa. E pela minha felicidade eu vim morar numa barraca do lado do prédio que hoje é a reitoria da Universidade, porque meu pai era o vigia da obra. E o meu primo sendo engenheiro, permitiu que eu ficasse morando um tempo com meu pai até que arrumasse um canto pra morar. Com isso, eu descobri a prática de esporte. Coincidiu com a criação do curso de educação física.”

“Eu me considero um treinador meio ‘fuleira’. Fuleira no sentido de que eu sou muito lúdico.”

Missão

“A gente trabalha com crianças, com esse pessoal do paralímpico, com deficientes, que vem com uma série de ‘problemas’. Vem outras carências. Pra você envolver uma pessoa dessa, pra você criar uma relação em que a gente possa quebrar as arrestas de professor, porque fica aquela que o aluno já sente uma barreira. Eu não. Eu não gosto dessa barreira. Minha relação com os meus atletas tem muito afeto.”

“Uma das coisas que eu gosto de trabalhar é a alma das pessoas.”

O maior acervo bibliográfico

“Aqui no curso eu já tinha a biblioteca da Universidade. Tinha a casa dos professores, que eu via os livros. Tinha uma revista do MEC uma época, que era da educação física. Eu tenho muito delas guardadas ainda. E eu fazia o segundo grau, o ensino médio, e as coisas que eu mais lia era sobre treinamento. Esse acervo eu tenho comigo guardado. Só que minha referência bibliográfica, meu acervo hoje, é um acervo que modéstia a parte eu acho que poucos treinadores do Brasil tem o acervo que eu tenho. Do ponto de vista quantitativo e qualitativo. Porque o que eu tinha de bom no Brasil, que eu podia tirar o proveito dele, eu busquei. Está lá em casa. Mas aí eu comecei a descobrir o espanhol. E é nesse espanhol aí que eles deram um outro impulso a minha qualificação profissional.”

“Se nenhum filho meu quiser seguir a profissão de educação física eu vou me enterrar muito feliz doando todo o meu acervo para a biblioteca da Universidade Federal da Paraíba. Para que todos os profissionais de educação física que quiserem usufruir. Poderem usufruir.”

Muito além do esporte

“O talento é aquele que apresenta uma qualidade que ela por si só já se diferencia da média.”

“Eu olhava pra trena mais distante que o atleta fazia. E para os tempos. Hoje, isso virou uma coisa quase secundária para mim. Porque tem outras coisas que você precisa ver na pessoa, que não vem a tona naquele momento. E eu quero torná-lo cada vez melhor. Principalmente, aqueles que eu posso abraçar, que eu posso comandar. É assim que eu quero.”

Jornalista formada pela Cásper Líbero. Apaixonada por esportes e boas histórias.

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