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Após recomeço, Verônica Hipólito se aproxima de vaga para Lima 2019

Aos 23 anos, Verônica Hipólito anota o tempo de 14s44, sobe no ranking e fica perto da classificação para os Jogos Parapan-Americanos

Reprodução/Instagram

A primeira etapa do Circuito Brasil de atletismo começou na manhã deste sábado (08), no Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo. As provas percorrerão a tarde e serão definidas por completo apenas no domingo. A competição é uma das últimas oportunidades para que os atletas busquem a classificação para os Jogos Parapan-Americanos de Lima, no Peru.

Com 23 anos completados há menos de uma semana, Verônica Hipólito participou da disputa dos 100m da categoria T37. Apesar da curta carreira, ela já enfrentou incontáveis problemas e complicações físicas, como tumores e cirurgias no cérebro, AVC e perda quase completa do intestino grosso. Em abril, voltou às pistas após cerca de um ano e meio de ausência. Verônica esteve na prova apenas para buscar os índices necessários para o Pan, não entrando diretamente na briga por medalhas. Com o tempo de 14s44, pulou para a terceira colocação no compilado de 2018-2019 do ranking das Américas e ficou perto da classificação para o torneio na capital peruana.

Para alcançar a vaga direta independentemente dos outros resultados, Verônica Hipólito precisa correr abaixo dos 14s10 nos 100m e saltar acima de 4m no salto em distância no Desafio CPB/CBAt do próximo final de semana (15 e 16), último campeonato qualificatório. O que esperar da delegação brasileira para Lima 2019? “Um resultado recorde, assim como no Mundial e Tóquio. O Brasil é muito competitivo. A gente não aceita ser chamado de deficiente ou coitadinho. Nós somos atletas. E para mostrar isso, a cada grande competição, estamos batendo o último recorde. Mais medalhas, mais recordes das Américas, mais recordes mundiais. O esporte paralímpico é uma potência”, respondeu.

“Foi um início, foi um bom início. Claro que sempre queremos melhorar, mas independentemente disso, eu voltei. Falaram que eu não ia voltar, falaram que eu deveria me aposentar, falaram que eu voltei para a faculdade por saber que eu não teria futuro no atletismo. Eu sempre soube que quem trabalha duro, alcança. Talvez não seja de primeira, de segunda, de terceira ou de décima, mas um dia alcança. E eu estou indo”, complementou Verônica Hipólito.

A força para prosseguir está sempre por perto. Do lado de fora da pista, atrás da grade de proteção, os pais e demais familiares torcem eufóricos. Ao término da bateria, o abraço emocionado demonstra a união. “Há um ano, eu estava indo para o hospital. Não podia andar, não podia nem levantar o prato de comida. A minha mãe e o meu pai eram os únicos que podiam chegar perto de mim… Os únicos! Hoje eu estou no meio de tanta gente. A menina que estava na cama, no sofá, hoje está correndo”, agradeceu.

“O esporte paralímpico salva vidas, ensina e educa, mas também cria heróis. Eu vou correndo na minha vida, eu vou correndo nessa pista que eu gosto tanto. Eu sempre quis e estou indo atrás para ser uma das melhores atletas do mundo. Muitos dos principais atletas do mundo são brasileiros, quero ser uma delas e inspirar mais e mais pessoas. Durante a prova, as meninas disseram que ‘ainda bem que você voltou, sou sua fã’. Foi um dos meus maiores orgulhos de hoje”, finalizou Verônica.

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