João Carlos de Oliveira, o João do Pulo, encerrou a carreira ainda como recordista mundial do salto triplo – com 17, 89 m, um feito histórico no Pan-Americano da Cidade do México 1975. Ganhou duas medalhas olímpicas em Montreal 1976 e Moscou 1980, é o brasileiro com mais títulos do atletismo no Pan, foi bom também no salto em distância e nos 100 m. Nasceu em 28 de maio de 1954, há 65 anos. E morreu em 29 de maio de 1999, há 20 anos.
João Carlos de Oliveira sofreu um acidente de carro, na Via Anhanguera, três dias antes do Natal de 1981 – com traumatismo craniano, esmagamento da perna direita e compressão abdominal. Após nove meses de internação e 22 cirurgias teve sua perna direita amputada, passou a usar prótese e nunca mais saltou.
O seu treinador, Pedro Henrique Camargo de Toledo, o Pedrão, tinha certeza de que João do Pulo teria condições de ter muito sucesso. “Estava credenciado a competir em várias provas, com eficiência”.
Mas João do Pulo fez história. Chegou perto do ouro olímpico e do salto de 18,00 m na final do triplo nos Jogos de Moscou 1980. Um salto de João, que poderia ser mais um recorde e o título, foi invalidado. O soviético Jaak Udmae, da Letônia (17,35 m), levou o ouro, Viktor Saneyev, soviético da Geórgia, a prata (17,24 m), e o brasileiro João do Pulo o bronze (17,22 m).
Na disputa, João teve três dos seus seis saltos anulados. Muito tempo depois, Saneyev colocou em dúvida o resultado – achava que o brasileiro havia saltado mais longe, pelos seus cálculos, perto dos 18,00 m, num dos saltos anulados.
João Carlos de Oliveira também foi medalhista de bronze nos Jogos Olímpicos de Montreal 1976, com 16,90 m.
O recorde mundial de João Carlos de Oliveira (17,89 m) durou até junho de 1985 (superado pelo norte-americano xWillie Banks, com 17,97 m, e depois pelo britânico Jonathan Edwards, com 18,29 m, em 1995). João foi recordista brasileiro até 2007 (batido por Jadel Gregório, com 17,90 m).
João do Pulo é o brasileiro com mais títulos no Pan no atletismo. Foi bicampeão nos saltos triplo e em distância, nos Jogos da Cidade do México 1975 e San Juan 1979. Com 21 anos, saltou os 17,89 m na segunda tentativa, o sexto recorde mundial da prova obtido no México. Antes de João, Adhemar Ferreira da Silva saltou 16,56 m em 1955, na segunda edição do Pan e Nelson Prudêncio, 17,27 m em 1968, nos Jogos Olímpicos.
No último ano da carreira, em 1981, João do Pulo conquistou o tricampeonato na Copa do Mundo (17,37 m). Já havia vencido em Dusseldorf (GER), em 1977, e em Montreal (CAN), em 1979. Seu último título foi no Sul-Americano de La Paz (BOL), com 17,05 m (5/11/1981).
João Carlos foi muito bom também no salto em distância e nos 100 m. Na distância, foi finalista olímpico nos Jogos de Montreal 1976, e recordista sul-americano com 8,36 m, em Rieti (ITA), em 1979.
Foi eleito um dos 10 melhores triplistas do século 20 – 4º lugar da lista, com Adhemar Ferreira da Silva em 3º e Nelson Prudêncio em 8º. Sua performance no México, em 1975, foi eleita uma das 100 mais bonitas do mundo na festa do Jubileu de Diamante da IAAF, em 1987.
João Carlos de Oliveira nasceu em Pindamonhangaba (SP), em 28 de maio de 1954. Gostava de futebol, jogou vôlei e basquete e iniciou no atletismo aos 17 anos, em 1971, a conselho do professor de educação física José Roberto Vasconcelos, em Cruzeiro, depois em São Paulo. Nelson Pereira e Pedro Henrique Camargo de Toledo, o Pedrão, foram seus técnicos. Competiu pelo São Paulo, Pinheiros e AA Guaru. Era sargento reformado do Exército.
Depois do acidente, João Carlos de Oliveira formou-se em educação física, foi deputado estadual por São Paulo em 1986 e reeleito em 1990. Nos últimos anos de vida, teve problemas pessoais. Morreu em 29 de maio de 1999, um dia após fazer 45 anos. Foi velado na Assembleia Legislativa de São Paulo e sepultado em Pindamonhangaba com honras de herói.
Depoimento – Exemplo de vontade, valentia, sensibilidade, gratidão…
“É com alguma tristeza, mas com muita alegria que falo do João, por ver perpetuado o nome do meu querido atleta. Por muitos motivos, posso dizer que ele foi o grande amor da minha vida, um amor de pai para filho. Durante cinco anos ele morou na minha casa, é padrinho de casamento da minha filha… Fico contente e grato por ser lembrado pela CBAt para falar desse grande atleta e amigo. O João foi exemplo de vontade, valentia, sensibilidade, gratidão… Sou grato por ter contribuído e ter desfrutado dos resultados maravilhosos que ele teve na carreira. Costumo dizer que minha vida foi dividida em duas partes: antes do João e durante o João.”
Pedro Henrique Camargo de Toledo, Pedrão, treinador de João do Pulo