Nesta quarta-feira (12), o basquete brasileiro comemora um feito histórico. Há exatos 25 anos, contrariando todas as expectativas, a seleção brasileira conquistou o Campeonato Mundial feminino de 1994, realizado na Austrália. Naquele frio domingo de junho, Dia dos Namorados, o torcedor brasileiro pôde redescobrir sua paixão pelo basquete.
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Aquela foi a última grande conquista de uma modalidade que já foi o segundo esporte nacional. A geração espetacular comandada por Hortência, Paula e Janeth adquiriu o mesmo status do basquete masculino, que foi bicampeão do mundo em 1959 e 1963.
Abaixo, cinco curiosidades ou fatos que você não sabia, ou não se lembrava, sobre aquela conquista:
A glória que veio três anos antes
Não é errado dizer que a vitória em Sydney nasceu um pouco antes. Mais precisamente em 1991, nos Jogos Pan-Americanos realizados em Havana. Claro que não estou comparando o peso de um Pan a de um Mundial, mas aquela conquista serviu como um rito de passagem. A vitória na final sobre Cuba, com direito à reverência de Fidel Castro à Paula e Hortência no pódio, entrou para a história.
O técnico desconhecido
Não foram poucas as pessoas que se assustaram quando Renato Brito Cunha, então presidente da CBB (Confederação Brasileira de Basquete) resolveu inovar e colocou um técnico que poucos conheciam para comandar o time feminino.
Miguel Ângelo da Luz vinha tendo algum sucesso nas categorias de base , mas jamais tinha dirigido um clube feminino antes. Muitos previam que ele não seria aceito pelo grupo. Mas acabou acontecendo justamente o contrário. Segundo Magic Paula, o grande mérito foi a humildade da comissão técnica (o auxiliar Sérgio Maronezzi também nunca havia atuado no feminino) pedir ajuda por suas limitações. E foram acolhidos pelo grupo.
O time desacreditado
Pouca gente acreditava nas chances da seleção no Mundial. Dois anos antes, a equipe havia ficado em 7º (e penúltimo) lugar no torneio feminino de basquete da Olimpíada de Barcelona. No Mundial anterior, havia terminado em 10º.
Até mesmo a imprensa parecia que não colocava muita fé. Apesar de transmitir as partidas do Mundial feminino, a Bandeirantes não estava com equipe no local, já com as atenções voltadas para a cobertura da Copa do Mundo de futebol, nos Estados Unidos. Nos jogos finais, contou com a ajuda do repórter Juarez Araújo, que fazia a cobertura pelo jornal “Gazeta Esportiva”, para colocar entrevistas de jogadoras no ar, por telefone celular (uma novidade na época).
Aliás, só dois jornalistas brasileiros viram o título “in loco”. Além de Araújo, estava também Marcelo Barreto, então repórter do “Globo” e que hoje é apresentador do SporTV.
O fantasma americano
A seleção dos Estados Unidos era o time a ser batido no Mundial feminino de 1994. Teresa Edwards, Ruth Bolton, Sheryl Swoopes, Dawn Staley….era um timaço!
Nos seis primeiros jogos, foram seis vitórias. A que teve menor diferença foi de 18 pontos, sobre as australianas. Até que veio a semifinal diante do Brasil. Com uma atuação magistral de Hortência, que marcou 32 pontos, além de outros 29 de Paula e 22 de Janeth, a seleção venceu por 110 a 107. A frustração das americanas (que ficaram com o bronze naquele Mundial) foi compensada dando o troco no Brasil na final olímpica em Atlanta-1996.
A chegada em clima de Copa
Se na ida para a Austrália nenhum torcedor foi até o Aeroporto de Guarulhos se despedir da equipe, na volta foi completamente diferente. Mesmo chegando à noite, o time foi recepcionado por uma multidão de fãs e dezenas de jornalistas. Foi preciso fazer um esquema especial para que a festa não atrapalhasse a rotina normal do aeroporto.
Apesar da justa homenagem, logo a conquista da seleção feminina ficou em segundo plano. Afinal, poucos dias depois, começava a Copa do Mundo dos Estados Unidos. No país do futebol, isso era mais importante até mesmo do que um feito memorável como daquela seleção.
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