O clima tenso da política brasileira nas últimas semanas, culminando com intensas manifestações de rua e debates acalorados por todo o lado, acabou trazendo consigo também um belo ponto de interrogação: como será que lidaremos com tudo isso daqui a menos de cinco meses, com a abertura dos Jogos Olímpicos Rio 2016, no próximo dia 5 de agosto? Existem riscos desta alta tensão política acabar afetando a Olimpíada?
Impossível ter agora qualquer certeza a respeito disso, até por conta da indefinição política que paira dobre o Brasil, mas pode-se descobrir algumas pistas na história dos Jogos, mais precisamente 48 anos, na edição de 1968, realizada na Cidade do México, quando a falta de bom senso e uma violência absurda causaram uma tragédia que ficou ligada para sempre à história olímpica.
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Em 1968, pouco antes do início das Olimpíadas da Cidade do México, centenas de pessoas (a maioria estudantes) morreram após confronto com policiais, naquele que ficou conhecido como o “Massacre de Thlatelolco”. Na época, os estudantes, inspirados por protestos semelhantes que ocorriam em outras partes do mundo, ocupavam as ruas. Os mexicanos reclamavam a respeito de denúncias de corrupção não apuradas, inclusive na organização dos Jogos, e pretendiam atrair a atenção do mundo por causa do megaevento.
No dia 2 de outubro, dez dias antes da cerimônia de abertura das Olimpíadas, mais de 15 mil pessoas estavam reunidas na “Plaza de las Tres Culturas”, em Tlatelolco, na Cidade do México, para uma manifestação pacífica. Mas no final daquela tarde, policiais decidiram acabar com o protesto, abrindo fogo contra a multidão. ATé mesmo pessoas que nada tinham a ver com a manifestação foram atingidas.
Oficialmente, o governo mexicano divulgou a morte de 40 pessoas e 20 feridos, mas estima-se que os mortos tenham ficado entre 200 e 300. Milhares de prisões foram efetuadas. Até hoje, ninguém foi punido pela desastrada ação autorizada pelo presidente mexicano na época, Gustavo Diaz Ordaz.
A história, como se percebe acima, pode trazer importantes ensinamentos. O principal deles é que o bom senso deve prevalecer sempre. Que as autoridades e os próprios manifestantes saibam lidar com maturidade, caso protestos apareçam em 2016.