Coluna Diário Esportivo, publicada na edição de 29 de maio do Diário de S. Paulo
Memória nunca foi o forte do povo brasileiro. No esporte, então, a crueldade do esquecimento chega a ser ainda mais perversa. Por isso, não seria surpresa para mim se pouca gente notasse que nesta sexta-feira completam-se dez anos da morte de João Carlos de Oliveira, o João do Pulo, que assombrou o mundo em 1975, ao bater o recorde mundial do salto triplo, com a marca de 17,89m, durante os Jogos Pan-Americanos da Cidade do México. Para se ter uma ideia da importância de João do Pulo, ele foi o último brasileiro a se tornar recordista mundial no atletismo.
O grande azar de João do Pulo foi ter alcançado este feito notável numa época em que os atletas não contavam com um verdadeiro estafe de marketing, tão comum hoje em dia, para enaltecerem suas conquistas. João era um atleta excepcional, mas simples e humilde, sem afetações ou atitudes marrentas.
João do Pulo também ganhou duas medalhas de bronze olímpicas, em Montreal (76) e Moscou (80), quando muitos garantem que fez um salto acima dos 18m, mas que teria sido anulado pelos juízes russos. Sua carreira acabou precocemente em razão de um acidente de carro em 1981, que lhe causou a amputação da perna direita.
Esquecido pela mídia, falido e deprimido, João do Pulo acabou morrendo em 1999, no dia de seu aniversário. Mas seu legado permanece vivo no atletismo brasileiro. Uma exposição que será aberta hoje, no Sesc Pompéia, com medalhas, fotos e objetos pessoais, irá relembrar um pouco das glórias de João Carlos de Oliveira. Imperdível.
A coluna Diário Esportivo, assinada por este blogueiro, é publicada às sexta-feiras no Diário de S. Paulo