Álvaro Filho, do vôlei de praia, tem 29 anos e vai disputar sua primeira Olimpíada no ano que vem. E a estreia será com um parceiro de peso: Alison Cerutti, o Mamute, campeão da Rio-2016. E o ciclo olímpico de Alvinho, como é chamado, não teve só um campeão olímpico, mas dois. Antes de formar a parceria com Alison, Álvaro Filho jogou ao lado de ninguém menos que Ricardo, ouro em Pequim-2008 com Emanuel.
Em live do Olimpíada Todo Dia, Álvaro falou sobre a parceria com Ricardo e exaltou a humildade do campeão em incentivá-lo a trocar de dupla, quando ele recebeu a proposta de Alison, de olho em Tóquio-2020.
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“Nós éramos os atuais campeões brasileiros e apesar de estar em momento bem legal com o Ricardo, ele me ligou e falou que acha que eu tinha que ir (jogar com o Alison), que era uma boa oportunidade. E disse que não tem mais essa ambição de tentar uma vaga olímpica. Ele foi fantástico, abriu as portas para mim, isso não é comum no vôlei de praia. Mas você vê a generosidade dele e agradeço muito a todos. E eu estou aproveitando muito essa experiencia com o Alison e estou muito feliz de ter classificado”.
Correndo atrás do prejuízo
Mas se engana quem pensa que a trajetória para conquistar a vaga na Olimpíada de Tóquio foi fácil. Antes de Ricardo, Álvaro Filho teve mais um parceiro, no início deste ciclo olímpico: Saymon. Isso significa que, no momento em que ele aceitou a proposta de Alison, eles estão bem atrás na corrida olímpica. Eram a sexta dupla no Brasil. Mas em menos de um ano, eles garantiram a classificação.
“Foi um ciclo atípico. O ideal é fazer duplas de quatro, cinco anos. E a gente largou atras, teve que correr bastante atrás do prejuízo e não podia errar. Tivemos que passar por varias qualificatórias… E quando eu olho para trás, eu nem acredito o que a gente fez”, relembrou.
“Representar o Brasil no vôlei de praia não é fácil, até pelo nível dos times. Você chegar nessas duas vagas classificatórias é um processo longo. Tem que ter paciência, resiliência, determinação, força de vontade e muito amor pelo que faz, porque se não, você desiste no meio do caminho”, completou.
Parceria dentro da quadra
A sintonia entre Álvaro Filho e Alison para conseguir a vaga em tão pouco tempo é fruto de uma parceria que deu certo. Ou melhor, um casamento que deu certo. E que pode dar ainda mais certo dentro de quadra.
“A parceria no vôlei de praia é tensa. É quase um casamento. Você dorme, treina, faz academia com a pessoa. Às vezes essa convivência é um pouco estressante. Por isso é muito importante quando você se da bem com o parceiro, isso ajuda dentro de quadra. Estou tentando aprender com a experiência que o Alison tem”.
E Alvinho teve em quem se espelhar. “Eu me vejo um felizardo. Um dos motivos que eu eu escolhi o vôlei de praia foi a dupla do Ricardo e do Emanuel, que treinavam aqui em João Pessoa. Eles são exemplos”.
Pois imagina você, crescer vendo seus ídolos, e de repente estar em quadra com eles. Foi o aconteceu com Álvaro Filho, na semifinal do Mundial de 2013. De um lado, ele e Ricardo. Do outro, Alison e Emanuel. Uma dupla campeã olímpica, agora em lados opostos. E quem sabe, outra dupla que será medalhista de ouro…
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“O Alison e o Emanuel, naquele momento, eram os atuais campeões mundiais e eu no meio daqueles titãs! Mas o Ricardo me ajudou muito, teve muita paciência, até porque eu era muito jovem. E eu sabia que tinha que dar tudo de mim”, disse Álvaro, que acabou conquistando o vice-campeonato mundial.
Orgulho nordestino
Alvinho também falou sobre a tradição da Paraíba no vôlei de praia e como estado revela tantos nomes de talento da modalidade, como ele mesmo.
“Se você for pegar o histórico do vôlei de praia, desde o início, a Paraíba té um celeiro de atletas. Pessoal não para de fazer atletas e a Paraíba ama o vôlei de praia. É o esporte do estado. Por exemplo, você anda na orla da praia e vê várias escolas… Desconheço outro lugar que tenha tanta criança praticando vôlei de praia. Acho que isso explica um pouco”.
E para honrar essa história e tradição, Álvaro Filho tem, assim, uma marca registrada. É o chapéu de couro, típico da Paraíba, que ele usa quando sobe ao pódio. E para ele, o hábito é mais do que especial.
“O pessoal do Nordeste é muito orgulhoso. A Paraíba carece de ídolos, de bons exemplos, e eu me vejo nessa responsabilidade. A ideia de colocar o chapéu foi do meu pai, que sempre me apoiou. E toda vez que que coloco o chapéu, é como se eu estivesse levantando a bandeira da Paraíba”.