Depois de tentar a sorte no vôlei de quadra, Ágatha começou a jogar na praia com 19 anos, mas a paranaense demorou a despontar. Foi só quando ela chegou aos 30 que os melhores resultados começaram a aparecer. Aos 32, em 2015, ela foi campeã mundial e, no ano seguinte, faturou a medalha de prata na Olimpíada do Rio de Janeiro. Em 2018, aos 35, foi campeã do Circuito Mundial e do World Tour Finals ao lado da jovem Duda. Mas, muito antes de todo esse sucesso, a jogadora montou um projeto social em sua cidade natal, Paranaguá, no interior do Paraná, que completou uma década de vida no ano passado.
“A época que eu criei ele foi 2008. Naquele momento, eu tinha uma necessidade muito grande de fazer alguma coisa para a sociedade e eu não sabia o que. E aí acabou que foi uma coisa óbvia. O que eu mais sei fazer? Sei jogar vôlei. Então, eu posso abrir uma escolinha de vôlei e abri na minha cidade, de onde eu saí para o mundo e de onde eu sempre tive muito apoio. Paranaguá sempre me abraçou, sempre torceu muito por mim”, relembra a jogadora, que batizou o local de Projeto Ágatha – centro de treinamento de esportes de areia, já que além do vôlei de praia, as crianças podem ter aulas de handebol de areia e de beach soccer.
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Por conta das viagens por todo o mundo para disputar torneios, Ágatha não consegue estar presente o tempo todo no projeto, que é tocado por amigos e familiares. “Eu sou uma espécie de madrinha dessa galerinha. O projeto funciona sem eu estar presente. Eu amo isso porque ele roda, ele tem vida própria. Vamos dizer que eu venho para ser a cereja do bolo”.
Sempre que pode, no entanto, Ágatha faz questão de estar presente e de ter contato com as dezenas de crianças que frequentam o projeto todos os dias em Paranaguá. “Só que eu sei que quando eu venho, é uma delícia. Para mim, nem se fala. E para eles também porque a oportunidade que eles têm de estar ao lado da madrinha deles, do ídolo deles porque muitos ali começaram a olhar o vôlei de praia porque eu comecei a aparecer na televisão”, conta.
Mas o fato de Ágatha ter montado o projeto social muito antes de conquistar seus principais resultados fez dela uma referência muito maior para as crianças. “Muitos estão no projeto do tempo em que eu ainda não tinha conquistado todos esses títulos. Eles viram a minha caminhada. Então, eu acho que quando eles olham para mim, eles pensam assim: ‘Poxa, a Ágatha saiu daqui de Paranaguá. Poxa, a Ágatha também começou num projeto. Ela não tinha resultado, mas depois foi tendo com o passar do tempo. Pô, então eu também posso se ela pode’. Eu me torno um ídolo muito próximao deles e uma referência de que pode dar certo sim”, acredita a jogadora, que ainda deixa um recado para todos que sonham em brilhar no esporte:
“Independente se você nasceu numa cidade pequena ou não, você tem que correr atrás. E como vai ser o final? Não sei! Eu, por exemplo, achava que ia ser jogadora de vôlei de quadra e, no final, representei meu país jogando na areia. Então, a gente não sabe como vai ser o final da nossa história. A gente só sabe que tem que olhar para a frente e correr atrás. Tem uma frase que eu amo e que eu sempre falo para os meus pequenos: Mire sempre na lua porque, se por acaso, você não conseguir chegar até a lua, com certeza você terá conhecido muitas estrelas”, finaliza Ágatha.