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Ouro de Barcelona completa 25 anos. Veja o vídeo e relembre!

Marcelo Negrão, Maurício e Talmo relembram a história da conquista na Olimpíada de Barcelona 1992, o primeiro ouro do vôlei brasileiro nos Jogos

O Brasil faturou no Rio de Janeiro em 2016 a terceira medalha de ouro olímpica de sua história no vôlei masculino. Orgulhoso, o levantador Bruninho a exibe sempre que pode. Mas, ele sabe que o tricampeonato só aconteceu porque existiu o primeiro. Foram os heróis do título de Barcelona em 1992 que inspiraram as gerações que subiram depois no lugar mais alto do pódio em Atenas e, depois, no Maracanãzinho.

“Lembro que eu estava no sítio da minha família em Casa Branca, interior de são Paulo. Eu era bem novo ainda, tinha seis anos. acordei de manhã, todo mundo assistindo na televisão e aquele ponto final do Marcelo Negrão ficou marcado nas nossas memórias. Aquilo ali me encantou. Aquela geração deu início a tudo. Teve a prata de 1984 que começou muita coisa, mas a de 1992 começou a vencer”, acredita Bruninho.

Como bem lembrou Bruninho, existiu uma geração antes, a de prata, responsável por inspirar a de 92. “Eu jogava futebol, eu nadava e jogavag basquete. Tudo no clube do Círculo Militar e aí em 1982 começou aquela febre do voleibol em 1982 quando o Brasil foi vice-campeão mundial e aí eu resolvi tentar jogar voleibol”, conta Maurício, levantador e uma das principais estrelas do time de 1992.”Eu via William, via Montanaro, Renan, Xandó… Olhava os caras na televisão e falava: poxa! que bacana”, lembra Talmo, que foi reserva de Maurício em Barcelona. “Eu comecei a jogar na praia em Recife com meu pai, mas quando vi o Bernard dando jornada, Montanaro, Renan e quando vi aquele alvoroço que era o voleibol, eu falei pro meu pai: quero ser jogador de voleibol”, revela Marcelo Negrão.

Aos poucos, de fãs eles se tornaram os protagonistas da Seleção Brasileira. “Foi uma coisa muito rápida porque eu comecei a jogar em 1982 e em 1988 eu já fui pra minha primeira Olimpíada junto com aquela geração que eu admirava”, se surpreende até hoje Maurício, que teve a honra de jogar com a geração que o inspirou em Seul, mas foi justamente a saída precoce dela de cena que abriu espaço para destemidos jovens que aproveitaram a chance que tiveram.

“Nesse ano de 89 teve uma briga da geração de prata com a CBV, tanto é que eles pediram dispensa da Seleção. William, Xandó, Montanaro, Amauri, todo mundo saiu da Seleção e sobrou só pra nós ali.  Daí entrou Marcelo Negrão, Paulão, Carlão, Tande, Giovane, Jorge Edson, Janelson”, relembra. “Aí entraram os juvenis. Eu já tava vindo na seleção juvenil treinando e acabamos assumindo a seleção principal. Eu tinha 17 anos na época, com 18 joguei o Mundial no Rio de Janeiro como titular e, com 19, fui titular absoluto da seleção campeã olímpica”, completa Marcelo Negrão.

Um título olímpico tão histórico quanto inesperado. “Ninguém pensava que para 92 aquela seleção fosse preparada para o ouro olímpico. O primeiro ouro em esportes coletivos. Ela não foi preparada para isso. Ela tava sendo preparada visando já 96”, conta Talmo. “Até hoje eu fico olhando e falo: como é que nós conseguimos? Tinha os Estados Unidos, que eram fortes, tinha a Itália, que era a melhor seleção do mundo e tinha cuba, com joel Despaigne, umt ime muito forte”, afirma Marcelo Negrão. “A gente foi a surpresa pro mundo, pro planeta e pra nós mesmos também”, completa Maurício.

Uma surpresa produzida por um grupo jovem dirigido por um técnico também muito novo. José Roberto Guimarães tinha na época apenas 38 anos e montou um time que revolucionou o mundo do vôlei. “Ele pulava, ele vibrava com os pontos e isso pra mim, como garoto novo, era muito legal. Meu chefe está vibrando com meus pontos. Aí eu ficava cada vez mais empolgado. Era uma facilidade muito grande, quando ele pedia tempo, todo mundo chegava junto e escutava o que ele tinha para falar”, diz Marcelo Negrão. “O esquema de jogo que foi feito era um esquema de jogo que quebrava todos os padrões. Foi um time com uma variação muito grande e que jogava muito diferente dos outros”, acrescenta Talmo. “O Zé Roberto me mudou de posição, ele me colocou para jogar no meio. Então começavam a me marcar e era tudo o que a gente percisava porque o Maurício, com a habilidade que tinha, levantava pra frente, pra trás, fazia as jogadas e sempre tinha um jogador livre para atacar. Com essa mudança da tática, a gente percebeu que os jogadores adversários se perdiam, não estavam acostumados de me ver atacando pelo meio, de ver duas jogadas rápidas ao mesmo tempo”, explica Negrão.

Com a nova forma de jogar, o Brasil foi deixando todos os adversários para trás até chegar à final. “Todo mundo sabia que uma equipe muito forte era a Itália e a Holanda desclassificou a Itália e nós tivemos uma semifinal muito dura, que na minha opinião foi a partida mais difícil da olimpíada, que foi contra os Estados Unidos. Pedemos o primeiro set e ganhamos de 3 a 1. Fomos ganhar lá em cima no quarto set e os Estados Unidos era o atual campeão olímpico. Foi o jogo mais difícil da Olimpíada com certeza”, acredita Maurício.

Na final contra a Holanda, o Brasil atropelou: 3 a 0. Uma vitória até fácil, tanto na hora do último ponto, Maurício estava mais preocupado com o irmão, que estava na arquibancada do que com o jogo. “Aí o Brasil ganhou o primeiro, ganhou o segundo e fomos descendo devagar porque o ginásio estava cheio, mas não estava lotado e fomos descendo, descendo, descendo. Quando chegou o último ponto eu estava na grade”, conta Murilo, irmão do levantador.

“Quando estava para acabar o jgo, eu lembro muito bem que o Zé Roberto ia me tirar porque eu entrei na rede e ele chamou o Jorge Edson. Eu fiz sinal de não e pedi pra terminar a Olimpíada na quadra e quando eu olho pro lado, meu irmão tinha burlado tudo e estava na grade. Quando vi ele, meu olho encheu de lágrima. E aí o marcelo vai pro saque e eu fiquei só olhando para o meu irmão, fico fixando o olho nele”, lembra.

O placar vencia por 14 a 5. Faltava um só ponto para o título olímpico. Marcelo Negrão encheu a mão e conseguiu um ace. Maurício correu direto para a arquibancada para abraçar o irmão. “Ao invés dele me carregar, fui eu que carreguei ele”, brinca o levantador. “Foi a imagem da Olimpíada porque foi a imagem que rodou o mundo todo”.

“Quando chegou naquele momento de estar 14, eu peguei a bola no saque e pensei vaio que esses caras tem aquela reação, vou dar uma porrada aqui e vamos ver o que vai acontecer. Então eu joguei a bola para cima e enchi a mão. Quando eu vi que o saque entrou e aquela galera vindo para cima, um pulando por cima do outro, eu falei: acabou, graças a deus acabou”, emociona-se Marcelo Negrão, que na época era um garoto de apenas 19 anos.

Um ponto que ficou para a história. Uma vitória inesquecível, lembrada nesta quarta-feira, quando completa 25 anos.”A sensação de ser campeão olímpico, sensação de ter sido medalha de ouro, eu sinto todo dia. Todo dia é uma emoção diferente. Todo dia alguém me para na rua e conversa comigo. Muitos momentos marcantes, muita gente fala que colocou o nome no filho por minha causa. Eu já vi pessoas que fizeram tatuagem daquele último ponto. É uma emoção atrás da outra”, revela Marcelo Negrão. “É emocionante até hoje, é uma das maiores emoções que eu tive. Profissional, foi com certeza a maior”, encerra Maurício.

Fundador e diretor de conteúdo do Olimpíada Todo Dia

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