“Que amadurece antes do tempo normal ou antes dos demais; temporão. Que acontece muito cedo para os padrões normais; prematuro, antecipado, extemporâneo”. Essa é definição encontrada nos dicionários para precoce. Fernando Cachopa é isso. Titular da seleção brasileira de vôlei masculino aos 23 anos, o levantador entende que tudo foi rápido na sua carreira. “Realmente as coisas foram acontecendo de maneira precoce”.
O ano é 2013. Cachopa tem 17 anos e faz parte da seleção sub-23 que disputa o Mundial da categoria, realizado em Uberlândia. Ao lado de Lucarelli, Lucas Lóh, Thiaguinho, Rafael Araújo, Alan e outros, o levantador conquista o ouro para o Brasil e entra para a história da competição.
A diferença de idade para os demais é algo costumeiro na carreira de Cachopa. “Sempre gostei de disputar com atletas mais velhos e estar em contato com pessoas mais experientes e melhores. Essa busca por objetivos maiores sempre me encantou e acho que foi um ponto essencial na minha evolução no esporte”.
23 anos e titular do Brasil
Da mesma forma como o amadurecimento na base teve que ser precoce na base, Cachopa teve um processo acelerado na seleção adulta. Após o Mundial de 2018, a comissão técnica renovou parte da equipe e a chance do levantador do Cruzeiro aconteceu.
Depois de sua primeira temporada como titular do Cruzeiro, Cachopa foi chamado pelo técnico Renan Dal Zotto. Mesmo em sua primeira convocação, o levantador teve suas oportunidades e aos 23 anos atuou nas campanhas da Liga das Nações e da Copa dos Campeões de 2019. Sobre essa temporada e esse ano, o atleta é direito.
“Foi um ano muito especial e tudo ocorreu de maneira bem rápida também. Dei meu melhor no clube e na seleção, em todos os momentos e tentei aproveitar todas as oportunidades. Joguei contra vários atletas de nível altíssimo e vi diferentes maneiras de jogo. Isso tudo aumentou o meu crescimento”.
Precocidade fora das quadras
Ainda vivendo em sua cidade natal, Caxias do Sul, Cachopa passou por uma situação inusitada. Ainda no segundo ano do ensino médio, o levantador prestou o vestibular para administração e passou….em primeiro lugar.
Contudo, o vôlei já tinha deixado de ser um hobby para Cachopa e a dúvida de por qual caminho seguir existia. A decisão aconteceu depois que uma convocação para um Sul-Americano de base aconteceu e seu nome estava entre os selecionados.
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“Aquela convocação fez eu ver que o vôlei poderia ser um caminho. Depois que eu disputei o Sul-Americano infanto eu vi que gostaria de seguir na carreira de atleta. Eu curso administração a distância hoje de qualquer forma”.
O volante levantador
Cachopa começou cedo no esporte. Apesar do irmão mais velho já jogar vôlei, o levantador demorou um pouco mais para entrar numa quadra e usar as mãos para atuar. Em Caxias do Sul, Cachopa preferia outros esportes, mas foi tudo questão de tempo. “Eu já joguei futebol, futsal e um pouquinho de basquete. Depois comecei com o voleibol e larguei os outros”.
A troca foi tranquila. Cachopa deixou de ser o volante dos campos da cidade para jogar vôlei. Apesar de no começo tentar ser ponteiro, a altura não ajudou muito e o técnico do time da Universidade Caxias do Sul colocou o jovem de 12 anos como levantador.
Sobre esse período, em que jogava vôlei na sua cidade e buscava aprender tudo que podia com o técnico, Cachopa recorda com alegria e não pensa que faria diferente, se pudesse voltar no tempo.
“A caminhada seria exatamente igual. Com a mesma dedicação e amor ao esporte. Sem o vôlei eu não teria conhecido tantos valores, não teria me conhecido tão internamente. Eu também aconselharia a não tentar virar ponteiro”, afirmou o levantador.