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Vôlei

Douglas Souza quer ser espelho para pessoas fora do padrão

Ponteiro do Taubaté falou sobre homossexualidade, defendeu o fim da Superliga Masculina e revelou o desejo de jogar vôlei no exterior

Douglas Souza, do Taubaté, falou sobre ser homossexual, Superliga Masculina de vôlei e vontade jogar no exterior

Aos 24 anos, Douglas Souza já conquistou títulos importantes dentro do vôlei, entre eles os Jogos Olímpicos dos Rio de Janeiro, em 2016, e a Superliga Masculina com o Taubaté, na última temporada. Ciente do que já conquistou e pode conquistar, o ponteiro, assumido homossexual, falou sobre pessoas fora do padrão, defendeu o cancelamento desta edição do campeonato nacional e revelou o sonho de jogar no exterior.

Espelho para pessoas fora do padrão

Durante uma live nas redes sociais do Taubaté, Douglas foi questionado sobre como quer ser lembrado quando se aposentar e respondeu da seguinte forma: “Como o Douglas que fez história como o primeiro homossexual que conseguiu jogar vôlei no Brasil em alto nível. Quero ser um espelho de pessoas e jovens fora do padrão. Eu sou fora do padrão. Sou também extremamente margo e isso assusta no nosso meio. É muito legal ser diferente e quero que as pessoas entendam isso”, disse.

“Se eu, um garotinho magrinho, pequeninho do interior de São Paulo conseguiu, então todo mundo também pode conseguir. É assim que eu quero ser lembrado daqui alguns anos quando eu parar”, completou.

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Além do desejo de ser inspiração para outras pessoas, Douglas abordou outros temas durante aos mais de 45 minutos de conversa, entre eles metas para vida, tanto pessoas quanto profissionais.

“Sem sombra de dúvidas eu quero muito ser bicampeão olímpico e depois disso sinceramente, não sei, só quero viver um dia após do outro. Quero de repente seguir em Taubaté, construir a minha família”, disse.

Quarentena

Assim como a maiorias das pessoas no Brasil, Douglas está confinado dentro de casa como forma de prevenção para o combate ao coronavírus. Ele comentou um pouco da rotina e revelou que está sentindo falta do contato humano.

“Nessa quarentena, fico mais jogando videogame, assisto a séries, filmes, durmo de tarde e amo reality shows. Também tento me exercitar como do jeito que dá, claro que não é a mesma coisa, porque não tenho os equipamentos de malhar pesado, mas me mantenho ativo. Mas estou sentindo falta da interação com as outras pessoas, do convívio com o grupo”, disse.

Cancelamento da Superliga

Em meio às mudanças nos elencos dos clubes, Douglas defendeu o cancelamento da temporada 2019/2020 da Superliga Masculina. Na primeira reunião, o Taubaté e o Pacaembu/Ribeirão Preto foram os únicos clubes que votaram a favor do fim da competição, que está apenas paralisada.

“Acho que a Superliga já deveria ter sido encerrada desde a primeira reunião, assim como aconteceu com a Superliga Feminina. Não tem mais condição de retomar. Todos os clubes dispensaram os seus atletas. Não tem a menor condição de voltar. Tem muito tempo que a gente não toca na bola, nossa condição física não é a mesma. É inviável. Não existe, na minha cabeça, a possibilidade de o campeonato continuar”, afirmou.

Temporada abaixo

Apesar do Taubaté liderar a Superliga Masculina faltando apenas uma rodada para o fim da primeira fase, Douglas não analisou com bons olhos sua temporada. Para o ponteiro, seu desempenho caiu em relação ao ano passado.

“Eu não fiquei contente com a minha temporada. Sou uma pessoa rígida comigo mesmo. Nessa Superliga, eu fui bem abaixo do que na anterior. Mas, no turno, principalmente, eu estava extremamente focado em passar, em ajudar o time no passe, tanto, que o Renan (Dal Zotto) chegou a falar que no primeiro momento eu era o melhor passador do time, com aproveitamento até melhor que o Thales. E esqueci um pouco no ataque. No segundo turno, eu sofri um abalo, me senti um pouco pesado. Mas o grupo estava num crescimento e eu acredito que a gente iria para a final”, analisou.

Mercado do Taubaté e sonho em jogar fora

Douglas, por fim, projetou com otimismo a próxima temporada do Taubaté, apesar da reestruturação da equipe. Lucarelli e Mohammed Al Hachdadi ir para a Europa, enquanto Renan Dal Zotto não deve ficar no comando técnico. Em compensação, chegam Bruninho, Felipe Roque e Gabriel Cândido.

“Espero pódio. O time ainda está se estruturando. É uma questão de treinar, de entrosar e ver como funcionará a nossa sinergia. Até então estou bem confiante, a gente vê aí pelas notícias que as peças que estão chegando vão deixar o time muito bem encaminhado”, disse.

Douglas ainda revelou o desejo de jogar vôlei fora do Brasil. “Tenho vontade de jogar no exterior. Sempre falo que gostaria de encerrar a minha carreira no Japão. Sempre gostei muito da cultura japonesa. Já fui lá, já vi como funcionam as coisas e sonho em ter uma passagem lá”, finalizou.

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