Em exatos 365 dias, começa a final de um dos aparelhos da ginástica artística masculina nos Jogos Olímpicos de Tóquio que mais dão esperanças de medalha ao Brasil na modalidade. Na barra fixa, o atual campeão mundial Arthur Nory tentará repetir o grande ano de 2019 que teve e ser coroado com sua segunda medalha olímpica.
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Para saber como foi o ciclo olímpico de Arthur Nory e como ela chegará no Japão, quais são as suas principais chances e quem são seus rivais, o Olimpíada Todo Dia preparou um mini guia sobre a barra fixa em Tóquio-2020. Confira!
O ciclo: evolução, apesar das lesões
Arthur Nory chegará aos Jogos Olímpicos do Japão sem o peso da estreia olímpica. Há quatro anos, o ginasta encantou a torcida com suas apresentações e, de quebra, levou a medalha de bronze no solo. Nory terminou a fase de classificação do aparelho em nono, mas herdou uma das vagas entre os oito melhores porque a regra não permite que mais de dois ginastas do mesmo país disputem a final (três japoneses figuraram entre os oito). Com uma apresentação sólida, ficou com a medalha de bronze.
Após conquistar a inesperada medalha de bronze na Rio-2016, Nory seguiu evoluindo, mesmo com as constantes lesões que tanto o incomodaram – e incomodam até hoje – durante o ciclo. O ginasta competiu nos Mundiais de 2017 e 2018 longe de sua melhor forma física, muitas vezes entrando no sacrifício para ajudar a equipe.
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Nory é um colecionador de cirurgias. O ginasta já operou o tornozelo direito, o dedo indicador da mão esquerda e o olho direito, e ainda tem três cirurgias no ombro direito, todas realizadas durante o atual ciclo olímpico de Tóquio.
Redenção em 2019
Uma das lesões, no entanto, acabou sendo de certa forma benéfica a Nory. Após ser diagnosticado com um desgaste crônico no joelho esquerdo, o ginasta passou a focar muito na barra fixa, que exige menos esforço na região e que sempre foi o seu aparelho favorito.
Com o foco total na barra fixa, Nory cresceu ainda mais. Nos Jogos Pan-Americanos, ajudou a equipe de ginástica artística masculina a conquistar a medalha de ouro e ainda levou a prata no individual geral e na barra fixa.
Mas o melhor ainda estava por vir. No dia 13 de outubro, sagrou-se campeão do mundo na barra fixa, título inédito para o país. E, para completar, foi eleito o atleta masculino do ano no Prêmio Brasil Olímpico.
“Focar bastante nos meus dois melhores aparelhos, que é solo e barra. Solo onde eu tenho a medalha olímpica, e barra agora o Mundial, mas é focar bastante nestes dois aparelhos e também focar nos outros se eu for competir por equipes. Então, é sempre bom estar preparado. Vou me preparar da melhor forma possível para ajudar a equipe e para ter o melhor resultado na Olimpíada”, disse Arthur Nory ao OTD no final do ano passado.
Ginasta brasileiro Arthur Nory
Nova cirurgia
Arthur Nory aproveitou o adiamento dos Jogos Olímpicos para 2021 para se livrar de vez das dores que ainda o incomodam. Desde o título mundial de 2019, o ginasta convivia com dores no ombro esquerdo e dosava os treinos e os aparelhos para seguir competindo. O ginasta passou por uma artroscopia no ombro esquerdo e explicou em seu canal no YouTube o porque da decisão.
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“Eu tinha uma lesão no ombro esquerdo, desde de antes do Mundial. Faltando exatamente um mês para a competição eu estava fazendo a avaliação para definição da equipe e tive que parar por conta da dor. Fui com o médico até o hospital para avaliar o que daria para fazer, até porque tinha a questão da vaga olímpica e precisávamos da melhor equipe. Com base nos exames, a decisão foi que daria para seguir, dosando alguns movimentos e aparelhos,” explicou.
Recuperação em casa
A um ano da final da barra fixa nos Jogos Olímpico de Tóquio, Nory segue se recuperando. Pelas manhã, o ginasta faz fisioterapia em uma clínica, acompanhado de um profissional. E na parte da tarde, ele segue com os exercícios em casa.
Nory, no entanto, vai precisar esperar um pouco mais para retornar aos treinos completos da ginástica, porque há recorrentes impactos que o ombro precisa absorver na modalidade. Assim, ele poderá fazer os treinamentos específicos da modalidades em um período que varia entre quatro a seis meses.
Os rivais em Tóquio
Se tudo correr bem, Nory chegará aos Jogos Olímpicos de Tóquio como um dos grandes favoritos a medalha. A competição, como praticamente todas da ginástica artística masculina, promete ser bastante acirrada, entretanto.
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Um dos principais rivais de Nory na barra fixa deve ser o croata Tin Srbc, campeão mundial em 2017 e vice em 2019. O atleta é bastante regular no aparelho e tem tudo para ocupar um dos três lugares do pódio.
O holandês Epke Zonderland, prata no mundial de 2017 e campeão em 2018 com uma nota muito boa e com uma série de nível de dificuldade altíssimo, ainda não está classificado para Tóquio, mas deve se garantir através da Copa do Mundo por aparelhos.
Lesões também atrapalham os donos da casa
O Japão ainda não sabe se irá contar com a presença de seu grande astro e multi-campeão Kohei Uchimura. Com o apoio da torcida, o multi-medalhista na Rio-2016 e vice-campeão mundial da barra fixa em 2018 é candidato sério ao pódio. Os donos da casa tem ainda Daiki Hashimoto, que pode surpreender.
Arthur Nory terá de ficar de olho também no americano Sammuel Mikulak. Geralmente, o ginasta faz boas apresentações nas fases qualificatórias, mas não consegue repetir o desempenho nas finais. O americano levou um bronze no mundial de 2018, entretanto.
Os russos também devem dar trabalho. Qualquer um dos dois atletas do país que conseguirem chegar entre os oito melhores devem brigar pelo pódio. Medalhista de bronze na barra fixa no último mundial e atual bicampeão do individual geral, Arthur Dalaloyan é um nome forte para a medalha nos Jogos Olímpicos de Tóquio.