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Tóquio 2020

Relatório aponta que crianças atletas no Japão sofrem abuso

A conclusão da Human Rights Watch foi divulgada na semana que os Jogos Olímpicos de Tóquio começaria se não houvesse a pandemia de coronavírus

As crianças e adolescentes que são atletas no Japão sofrem com abusos físico e verbal e, ocasionalmente, sexual durante os treinos. Essa foi a conclusão do relatório Human Rights Watch, que entrevistou mais de 800 atletas, incluindo olímpicos e paralímpicos, de 50 modalidades. O documento expõe o esporte japonês na semana que os Jogos Olímpicos de Tóquio começariam se não houvesse a pandemia de coronavírus
Foram entrevistados mais de 800 atletas japoneses, incluindo olímpicos e paralímpicos, de 50 modalidades (Handout Human Rights Watch)

As crianças e adolescentes que são atletas no Japão sofrem com abusos físico e verbal e, ocasionalmente, sexual durante os treinos. Essa foi a conclusão do relatório Human Rights Watch, que entrevistou mais de 800 atletas, incluindo olímpicos e paralímpicos, de 50 modalidades. O documento expõe o esporte japonês na semana que os Jogos Olímpicos de Tóquio começariam se não houvesse a pandemia de coronavírus.

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A informação foi veiculada pela “Reuters” e o material, apresentado nesta segunda-feira (20), foi denominado “I Was Hit So Many Times I Can’t Count” ou “Fui atingido tantas vezes que não posso contar”. “Os abusos específicos que documentamos incluem socos, tapas, chutes ou golpes com objetos (e) comida e água em excesso ou insuficiente”, declarou Minky Worden, diretora de iniciativas globais da HRW (Human Rights Watch).

O relatório examina e mostra as punições físicas no esporte japonês e, inclusive, contém narrativas dos próprios atletas. De acordo com os dados expostos, os abusos citados explicam o suicídio de muitas vítimas A HRW solicitou que o Conselho de Esportes do Japão e o Comitê Olímpico Nacional aproveitem os Jogos de Tóquio como um estímulo para que aconteçam modificações na estrutura esportiva do país.  

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O resultado da pesquisa revela abusos em colégios, federações e desportos de elite do Japão. Entre os excessos, os atletas sofrem com espancamentos com morcegos ou canas de bambu, privação de água e assédio sexual. Em diversos casos, essas agressões acabam resultando em depressão, deficiências físicas e traumas ao longo da vida. O relatório foi construído no período entre março e junho deste ano.

Sugestões às autoridades japonesas

As crianças e adolescentes que são atletas no Japão sofrem com abusos físico e verbal e, ocasionalmente, sexual durante os treinos. Essa foi a conclusão do relatório Human Rights Watch, que entrevistou mais de 800 atletas, incluindo olímpicos e paralímpicos, de 50 modalidades. O documento expõe o esporte japonês na semana que os Jogos Olímpicos de Tóquio começariam se não houvesse a pandemia de coronavírus
Relatório indica sugestões para as autoridades japonesas em relação ao abuso infantil (Facebook/tokyo2020)

De acordo com o relatório, o Japão precisa de uma abordagem unificada e orientada por normas e padrões para colocar fim ao abuso dos jovens atletas do país. Os pesquisadores acreditam que o governo precisa reprovar abertamente toda forma de abuso como ferramenta técnica de treinamento e instituir uma entidade independente designada exclusivamente para enfrentar as agressões infantis físicas e emocionais no esporte.

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“A participação no esporte deve proporcionar às crianças a alegria de brincar e uma oportunidade de desenvolvimento e crescimento físico e mental. No Japão, no entanto, a violência e o abuso costumam fazer parte da experiência do atleta infantil. Como resultado, o esporte tem sido causa de dor, medo e angústia para muitas crianças japonesas”, destacou o relatório, em trecho apresentado pelo jornal “Guardian”.

“Esse órgão deve ter a responsabilidade de criar e manter padrões para a proteção de crianças atletas e servir como autoridade administrativa central para investigar relatos de abuso e emitir sanções proporcionais contra treinadores abusivos. Os casos de abuso que envolvem comportamentos criminosos também devem ser encaminhados para as autoridades para investigação criminal”, apontou outro trecho da pesquisa.

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Desde 2018, o esporte japonês apresentou dois casos de suicídio. Tsubasa Araya, de 17 anos, deixou uma mensagem no qual dizia “o voleibol é o mais difícil”, após ter sido, supostamente, abusado verbal e fisicamente pelo técnico. Algo semelhante ocorreu com uma tenista de 15 anos, que se suicidou e deixou um recado dizendo que seu treinador a ameaçava. É por esses casos e outros que a HRW cobra as autoridades japonesas.

Posição do COI

Tóquio - Olimpíada de Tóquio - Coronavírus
Jogos de Tóquio 2020 foi adiado para o 2021 por causa do coronavírus (Divulgação/Tóquio 2020)

A divulgação do relatório da Human Rights Watch expôs o esporte japonês e também impactou nos demais países dos continentes. Com a proximidade dos Jogos de Tóquio, que mudou de 2020 para 2021 devido à pandemia de coronavírus, a notícia chegou ao conhecimento do COI (Comitê Olímpico Internacional). Segundo o “Guardian”, a entidade se posicionou sobre o tema.

“Reconhecemos o relatório da Human Rights Watch intitulado ‘Fui atingido tantas vezes que não consigo contar’ – abuso de crianças atletas no Japão. Infelizmente, o assédio e o abuso fazem parte da sociedade e também ocorrem no esporte. O COI está junto com os atletas, em todos os lugares, para afirmar que qualquer tipo de abuso é contrário aos valores do olimpismo, que exige respeito por todos”, disse.

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“Todos os membros da sociedade são iguais no seu direito ao respeito e dignidade, assim como todos os atletas têm direito a um ambiente esportivo seguro – que seja justo, equitativo e livre de todas as formas de assédio e abuso”, concluiu o documento do COI.

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