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Presidente do CPB defende adiamento dos Jogos de Tóquio

Para Mizael Conrado, do Comitê Paralímpico Brasileiro, Jogos não podem mais ser realizados em 2020 e deveriam ser adiados para o próximo ano

Mizael Conrado do Comitê Paralímpico
Mizael Conrado no Prêmio Paralímpico 2019 (Foto: Daniel Zappe/Exemplus/CPB)

Depois do fechamento do Centro Paralímpico de São Paulo, na última terça-feira (17), como medida de prevenção à propagação do coronavírus, o presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro, Mizael Conrado, veio a público defender o adiamento dos Jogos de Tóquio.

“Não há qualquer condição de realizar os Jogos neste ano”, disse o dirigente em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo. “Entendo que não há condições primeiro pela incerteza, depois pela impossibilidade de os atletas treinarem e terceiro porque não é razoável a maior competição do ciclo acontecer em meio a uma pandemia e num momento de calamidade na saúde pública mundial.”

Assim como a Olimpíada, de responsabilidade do Comitê Olímpico Internacional (COI), a Paralimpíada de Tóquio segue com previsão de realização na data planejada, sem alterações. A Olimpíada terá sua cerimônia de abertura em 24 de julho, enquanto a Paralimpíada começa no dia 25 de agosto.

Para Mizael Conrado, ex-jogador de futebol de 5, a preparação dos atletas já está comprometida e a competição deveria acontecer apenas no próximo ano.

“Meu entendimento é de que as datas tinham que ser mantidas, mas em 2021. Não é fácil, quase oito anos de trabalho (dos japoneses) para realizar uma grande festa, mas vivemos uma crise sem precendentes. O mundo está em estado de guerra. Não há como imaginar que o problema estará resolvido em julho.”

Sem alterações nos Jogos, chama olímpica chegou a Tóquio (Foto: Divulgação/Tóquio 2020)

Depois de um 2019 de grandes resultados, a expectativa do Brasil para os Jogos Paralimpícos era grande.

“O ano pré-olímpico diz muito sobre o que vai ser a participação do país nos Jogos (…). Nossa expectativa, considerando um cenário normal, era de fazer uma grande participação nos Jogos. Hoje, com o cenário incerto e não acreditando que eles acontecerão na data precisa, é impossível fazer prognóstico, porque todos deixaram de vir ao CT, Em alguns lugares do mundo ainda se consegue treinar, mas em boa parte dos países isso não é mais possível.”

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Falta de treinos

O impacto no fechamento do centro de treinamento do CPB, segundo Mizael Conrado, é enorme para os atletas. O local é base de alguns dos principais esportistas paralímpicos brasileiros e se tornou referência nos últimos anos.

“Para se ter ideia, o recesso de fim de ano foi de 15 dias, e eles voltaram à condição pré-recesso agora. Você demora quase três meses para recuperar 15 dias. Obviamente, é muito difícil dimensionar a perda, mas é muito grande.”

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Mesmo com o CT fechado, e muitos atletas tentando manter a rotina de atividades dentro de casa, o Comitê Paralímpico oferece assistência para guiá-los e evitar que corram riscos ao tentarem manter o mesmo nível de preparação sozinhos.

“Os técnicos estão tentando criar protocolos para as estruturas dos atletas em casa, nosso departamento médico oferece orientações com bastante frequência. As bolsas pagas via comitê paralímpico não terão qualquer interferência ou interrupção”, tranquiliza o presidente.

Mas Mizael alerta também os atletas que não estão treinando no CT, mas saem de casa procurando outros locais de treinamento, às vezes menos seguros e com mais risco de contaminação. Em razão da deficiência, atletas com imunidade baixa ou alguma dificuldade respiratória podem sofrer riscos adicionais com o contágio pelo coronavírus.

“Se puder, fique em casa. Se puder ter isolamento, melhor. A gente estará ao lado dos atletas seja lá qual for a consequência disso tudo. Assim que tiver a possiblidade de treinar com segurança, vamos estar junto deles. O ser humano sempre vai estar antes do atleta, temos muita preocupação com isso, para que a gente possa superar essa grande crise.”

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