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Tiro com Arco

Após quase desistir, Marcus D’Almeida se consolida no topo

Entre os 20 melhores do mundo e garantido no tiro com arco de Tóquio 2020, Marcus D’Almeida superou a frustração e quer se manter na elite do tiro com arco

Uma ascensão meteórica. Com apenas 16 anos, Marcus D’Almeida conquistou a prata na Copa do Mundo de tiro com arco de 2014 e foi até chamado de ‘Neymar arqueiro’.

Só que aos 18 anos, logo depois da Rio-2016, em que não passou da primeira rodada, o arqueiro pensou em desistir. “Comecei a pensar se era isso que eu queria, ou se era uma faculdade. Eu quase abandonei.”

Para sorte do tiro com arco brasileiro, Marcus D’Almeida, hoje com 22 anos, seguiu no esporte e está entre os 20 melhores do ranking mundial. “Logo depois de pensar em desistir, fiz uma viagem e fiquei treinando em vários lugares na Europa por 40 dias. Reencontrei pessoas importantes na minha trajetória, técnicos, daí eu vi que era isso que queria. Botei para quebrar! É isso que eu quero!”

Vaga olímpica

Marcus D’Almeida é um dos brasileiros que já garantiu vaga pra Tóquio 2020. “Eu coloquei metas claras para mim no Pan-Americano de Lima. Falei para minha equipe, eu vou bater o recorde brasileiro e pegar uma vaga olímpica.”

Dito e feito. O arqueiro cumpriu seus objetivos, saiu com a prata e estará na próxima olimpíada. “Para chegar para alguém e falar, ‘vou fazer isso e aquilo’, você tem que estar muito bem. E é um esporte que é 90% psicológico e 10% físico”.

Primeiras flechadas

“Não fosse o projeto, eu também não conheceria o tiro com arco, que mudou a minha vida”. Obviamente, o Brasil não tem tradição no esporte. E foi por acaso que o principal arqueiro do país conheceu o tiro com arco.

“Eu sempre estudei em colégio público. Daí falaram que a confederação (CBTARCO) iria fazer um teste na cidade (Maricá-RJ). Eu sempre gostei de ficar na rua, não era de ficar no vídeo-game. Então, minha mãe me levou e foi amor a primeira vista.”

Aos 16 anos, Marcus D'Almeida foi prata na Copa do Mundo 2014 de tiro com arco
Aos 16 anos, Marcus D’Almeida foi prata na Copa do Mundo 2014 (Reprodução/disparadalmeida)

Em 2010, aos 12 anos, Marcus D’Almeida iniciou, sem saber, sua caminhada rumo ao topo do tiro com arco. Só que o início não foi fácil. “É um esporte que te conquista aos poucos. Pode perguntar para quem já começou. Você fica meses sem atirar. Puramente só fazendo o movimento.”

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Com dedicação e muito treino, a sintonia entre arqueiro e arco foi crescendo, e o atleta olímpico foi surgindo. “Quando você começar a ir bem, aprende que o foco é você, e não o alvo”.

Evolução

“Eu tinha minha ambição. A gente é brasileiro e quer ganhar sempre, jogar com sangue no olho, mas não tinha maturidade.” Mesmo sendo campeão Mundial Júnior e tendo uma prata na Copa do Mundo, Marcus D’Almeida sentia necessidade de evoluir dentro do tiro com arco.

“Depois de 2016, foi aí que eu quis construir esse caminho de forma consciente.” E o arqueiro sabia que para isso, teria que passar pelo país do tiro com arco, a Coreia do Sul.

“Foi então que recebi o convite para ir à Coreia. Eu sempre quis muito ir pra lá. Pedi ajuda para o COB (Comitê Olímpico Brasileiro) e eles me bancaram. Foi lá que eu peguei o passo a passo do tiro com arco, comecei a prender o que é realmente o tiro com arco. Por causa disso, hoje eu sei que nível eu estou no mundo.”

Nível altíssimo

E está no topo, sem dúvida. Para se ter uma ideia, o recorde mundial do arco recurvo é 702 pontos na fase classificatória. Marquinhos, como é carinhosamente chamado pela mãe, tem o recorde brasileiro: 693, a nove pontos do recorde.

“Em treino eu já fiz 698, ficando a quatro do recorde. E, atualmente, existem 12, 13 arqueiros que conseguem fazer a pontuação acima de 690. Eu sou um deles”.

Marcus D'Almeida, do tiro com arco, em ação na Rio-2016
Marcus D’Almeida em ação na Rio-2016 (Reprodução/archery.org)

E por que é importante estar próximos dos melhores? “É um esporte muito doido, pode acontecer de tudo. O recordista mundial caiu nas quartas do pan-americano”, comenta gargalhando.

Sendo assim, Marcus D’Almeida pode brigar de igual para igual com os melhores. “Em 2019, eu fui o nono no Mundial, quero me manter no top 10. Quero sempre estar nas quartas de final. Ali a galera é muito boa, é muito difícil decidir quem vai avançar. Não dá para apostar. É onde eu quero estar, porque daí eu posso chegar em semi e final.”

Em tempos de coronavírus

“O esporte é feito de competição, ficar só treinando não dá”, brinca Marcus. A pandemia de coronavírus cancelou e adiou eventos do tiro com arco e fechou centros de treinamentos ao redor do mundo. Em Maricá não foi diferente, mas o arqueiro está dando seu jeito.

“Eu consigo treinar na casa da minha namorada. Lá eu consigo disparar da distância de 70 m e sigo me mantendo ativo.” Só que não é a mesma coisa.

A quarentena mudou a rotina dos atletas e só de treino, como o próprio Marcus D’Almeida disse, não dá. Fora que tem um relaxamento normal durante a quarentena. “Está complicado para todo mundo. Horário de treino está menor, a alimentação não tá 100%, você acaba comendo umas besteiras.”

Só que Marquinhos tenta tirar o melhor da situação. “Eu treinei 2017 sozinho, basicamente, era eu que fazia os meus horário e montava o treino. Não tá sendo tão diferente assim.”

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