Poucos irmãos têm uma relação tão próxima quanto Carolina e Felipe Meligeni. Com apenas dois anos de diferença, eles cresceram juntos, brincaram juntos, e, principalmente, jogaram tênis juntos. Hoje com 23 e 21 anos, Carol e Felipe despontam no esporte brasileiro. Sempre, claro, torcendo um pelo outro.
“Nos apoiamos muito. A Carol tem tudo para ser uma ótima tenista, confiamos muito um no outro.”, afirma Felipe. “Eu e o Fê somos muito, muito amigos, somos muito próximos”, completa Carol. “O Felipe tem um potencial incrível, e sou muito fã, sou até suspeita para falar dele. Eu torço demais por ele, e ele por mim”.
Atualmente, a boa relação tem que superar distâncias, já que Felipe mora em Barcelona, na Espanha. “Não conseguimos passar tanto tempo juntos, porque eu estou morando na Europa, mas as vezes nos encontramos num torneio ou outro”, conta Felipe. “Agora moramos longe, mas houve momentos em que estivemos bem perto. Ele foi morar comigo no Uruguai; ele esteve um ano lá, dos quatro que eu estive. Em São José dos Campos a gente treinou junto também.”, lembra Carol.
Futuro do tênis
Carol e Felipe Meligeni são apontados como promessas no tênis brasileiro. Com 21 anos, Felipe está em 178º no ranking ATP de duplas e 393º no de simples. Em 2016, conquistou o título de duplas juvenil do US Open, ao lado de Juan Carlos Aguilar. No ano passado, no Cairo, no Egito, veio o primeiro troféu de simples como profissional. Em 2019, Felipe Alves, como também é conhecido, conseguiu seis das sete vitórias em nível challenger de sua carreira. No final do ano, o jogador ainda venceu Thiago Wild no torneio Maria Esther Bueno e se garantiu na disputa do Rio Open 2020.
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“Eu acho que foi um ano bem positivo para mim. Estou jogando muito bem, ganhei torneios, entrei nos Challengers, então acho que isso é essencial para eu poder crescer como tenista, como profissional. Estou contente e ansioso para o ano que vem.”, afirma Felipe.
Sobre ser considerado uma promessa do esporte, Felipe se mostra tranquilo. “É bom saber que as pessoas acreditam no meu potencial, que estão apostando em mim. Eu não levo para o lado da pressão, eu tento levar pelo lado positivo, de saber que o pessoal está me apoiando.”
O ano de Carol foi melhor em termos de resultado. Ao lado de Luisa Stefani, Carol conquistou a medalha de bronze nas duplas nos Jogos Pan-Americanos de Lima, no Peru. Na disputa de simples, alcançou o quarto lugar. Em setembro, venceu o torneio de duplas de Bagnatica , na Itália, ao lado de Gabriel Cé. Em outubro, depois de ficar fora da disputa de simples, encerrou sua participação no ITF W25 de Cucuta, na Colômbia, com o título de duplas. Foi seu 13º título profissional de duplas no circuito. Carol tem 23 anos, é a atual 395 no ranking de simples e 230ª no ranking de duplas.
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“Foi um ano de muitas conquistas. Consegui alcançar alguns objetivos que eu tinha estabelecido para este ano, que foi jogar a Fedcup, conseguimos ganhar; ter participado do Pan e medalhado foi incrível também Então eu alcancei vários objetivos importantes que eu tinha.”, comemora a garota, que também é considerada um pontencial no tênis.
“Eu gosto que as pessoas olhem pra mim dessa forma e me vejam com potencial para fazer coisas grandes no tênis. Sempre recebo mensagem de menininhas mais novas pedindo para ver treino.E para mim é muito gratificante ver a alegria das criancinhas quando me vêem, é muito legal ser espelho para as outras gerações que estão vindo.”, completa.
Inspiração familiar
Ser espelho. Os irmãos conhecem bem a expressão, já que tiveram – e têm – um importante exemplo dentro da família. Como denuncia o sobrenome, Carol e Felipe são sobrinhos de Fernando Meligeni, campeão dos Jogos Pan-Americanos de 2003 e grande nome da história do tênis brasileiro. Mesmo com a força do nome, eles afirmam que não sofrem pressão com isso.
“Hoje em dia não tem pressão nenhuma, sempre levo pelo lado bom ter meu tio como exemplo, alguém que jogou e esteve no circuito, que é muito experiente e entende muito taticamente, entende muito mentalmente. Ele era mais forte, corria em todas as bolas, se entregava, então acho que eu sempre tento puxar esse lado dele. Mas pressão eu não sinto. O pessoal fala ‘o sobrinho do Meligeni’, mas por mim é muito tranquilo. O pessoal pode falar, mas ele teve a vida dele, a trajetória dele foi incrível e eu quero fazer a minha.”, explica Felipe.
“Engraçado, porque na verdade é totalmente o oposto”, comenta Carol. “Nós nos sentimos muito privilegiados em ter um tio que foi super bem sucedido dentro da profissão que levamos hoje. Nós trocamos muita informação, ele se faz muito presente. Ele olha as adversárias na chave, dá uma analisada, a troca de informação é muito constante. E é ótimo para nós, ele encurta caminhos, fala muito das experiências dele, então eu vejo apenas pelo lado positivo.”, complementa Carol.
Jogo de duplas
Carol e Felipe ainda têm muito o que crescer no tênis, especialmente na disputa de simples. O ranking de duplas está melhor, mas não é o objetivo de nenhum dos dois.
“Agora eu estou jogando simples, a dupla vai acompanhando. Porque se eu não entrar na dupla, eu fico só na simples. Eu nunca vou num torneio para jogar apenas duplas, eu sempre tento encaixar. Meu ranking de dupla está melhor, mas como eu estou entrando nos challengers, estou entrando nas chaves de simples, então estou conseguindo mesclar bem os dois. Jogar simples é meu objetivo, sempre foi meu objetivo, mas dupla eu gosto bastante também.”, explica Felipe.
“Hoje meu ranking de dupla é superior ao meu ranking simples, eu atingi meu melhor ranking da carreira de duplas esse ano, ganhei vários torneios, me sinto jogando bem também, mas minha prioridade é a simples.”, afirma Carol.
Mas se o assunto for uma dupla entre eles, aí é diferente. Que o futuro possa dar essa alegria ao Brasil e, especialmente, a toda família Meligeni.
“Sempre fazemos essa brincadeira, sempre. Brincadeira, não, espero que seja verdade. Estamos fazendo nossas carreiras e se os dois conseguirem se meter ali, jogamos mista, com certeza.”, projeta Felipe.
“Claro, se ele me der a oportunidade de jogar com ele, eu super quero. Nós falávamos quando éramos pequenos ‘nossa, tomara que algum dia aconteça de a gente jogar um grand slam’. Imagina, acho que meus pais morrem do coração de tanta emoção.”, brinca Carol, a “sobrinha do Meligeni”.