Campeão mineiro de tênis, campeão mineiro e brasileiro de peteca e campeão brasileiro de squash. Gustavo Carneiro sempre foi vencedor e seguiu assim mesmo depois de amputar sua perna esquerda na altura do joelho. A cirurgia foi realizada no dia 23/10/17 e antes disso, Gustavo Carneiro já tinha experimentado como seria sua vida esportiva em uma cadeira de rodas.
“Dois dias antes de amputar minha perna, antes da cirurgia, eu peguei uma cadeira de rodas emprestada, com a minhas duas pernas. Eu já queria jogar tênis em cadeira de rodas. Porque eu falei assim. Bom, é inevitável, minha vida vai ser assim daqui para frente e eu tenho um sonho muito grande de ir para Tóquio, jogar a paralimpíada, então eu preciso treinar antes de amputar”.
Desistir nunca foi uma opção para Gustavo Carneiro. Tanto que ele chegou aos Jogos Parapan-Americanos de Lima 2019, no Peru, evento que reuniu 33 países e cerca de 1.890. O atleta está entre os 50 melhores do mundo no ranking do tênis de cadeira de rodas, mas precisa estar entre os 45 primeiros até junho de 2020 para alcançar o sonho. Alguma dúvida que ele pode conseguir?
Mas para chegar até este ponto e seguir vencendo, Gustavo Carneiro teve que partir da aceitação de sua condição. “E é o que eu sempre falo. Tem que aceitar. Seu eu não tivesse aceitado a amputação da perna, eu estaria reclamando da vida, de cabeça baixa. A maneira como a gente encara os problemas é o que faz a diferença”.
E como faz. Tanto que Gustavo Carneiro encarou a grande aventura da Ultra Fiord, na patagônia. A maratona disputada no sul do Chile e que cruza terrenos muito difíceis, cheio de pedras, pântanos, muita neve, córregos e lagos. E tudo isso com temperaturas que variam entre –5°C e 5°C. “Foram 30km, e eu achei que faria em 15h, mas acabei fazendo em 27h. Madrugada sem dormir, frio e fome. Lama toda hora, eu tive que rastejar para sair. Foi louco e tenso.”
Essa loucura gostosa foi inesquecível e serviu de muito aprendizado para Gustavo Carneiro. “E tem uma coisa que eu aprendi nesse processo meu. Nós somos capazes de fazer coisas que a gente nem imagina. Se a gente acha que o máximo é aqui, o máximo é acima. A gente pode ir além do que a gente acha é o nosso máximo”.
Mas agora ele precisa focar para Tóquio, se dedicar única e exclusivamente ao tênis em cadeira de rodas. “Tenho um objetivo muito claro. Sou novo na modalidade, consegui chegar muito rápido e em um determinado patamar, mas para chegar aonde eu quero, e eu vou chegar, eu preciso estar só no tênis de cadeira de rodas. Hoje eu não tenho nenhuma pretensão de fazer outra coisa. É tênis, tênis e tênis”, finaliza.