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Tóquio 2020

Ítalo Ferreira coloca ouro olímpico como ‘cereja do bolo’

Ítalo Ferreira exaltou o momento do surfe brasileiro, mirou o ouro nos Jogos Olímpicos de Tóquio e criticou o playoff final imposto pela WSL para 2021

Ítalo Ferreira é o atual campeão mundial de surfe (Kelly Cestari/WSL)

Dono de quatro dos últimos seis títulos do Circuito Mundial de surfe, o Brasil deve chegar aos Jogos Olímpicos de Tóquio como favorito à medalha de ouro. Atual campeão, Ítalo Ferreira terá a companhia de Gabriel Medina entre os homens e valoriza o momento brasileiro na modalidade, mas quer sair das águas japonesas direto para o lugar mais alto do pódio.

Quando questionado se a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Tóquio pode representar a ‘cereja do bolo’ construído pela ‘Brazilian Storm’ (Tempestade Brasileira, em português) na última década, Ítalo Ferreira respondeu de maneira positiva.

“Eu acho que sim (seria a cereja do bolo). Iria coroar o bom momento que o surfe do Brasil vive. Eu espero que consiga sair de Tóquio com a medalha de ouro”, disse em entrevista exclusiva ao Olimpíada Todo Dia.

“Banho de água fria”

Ítalo Ferreira terminou o Circuito Mundial de 2019 voando e coroou uma reação surpreendente. Após a oitava etapa, vencida por Gabriel Medina, o paulista e Filipe Toledo lideravam a competição com mais de 10 mil pontos de diferença sobre Ítalo e tinham larga vantagem para garantir presença nos Jogos Olímpicos de Tóquio – os dois melhores surfistas do Brasil na temporada ficariam com a vaga.

Sem se abater, Ítalo Ferreira terminou a etapa da França em segundo e foi campeão em Portugal, chegando em Pipeline, no Havaí, com chances de título e classificação olímpica. Após Filipe Toledo cair nas primeiras fases, Ítalo garantiu presença nos Jogos Olímpicos de Tóquio e focou na briga pelo inédito título mundial.

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Quis o destino que Gabriel Medina e Ítalo Ferreira decidissem a conquista na final de Pipe Masters. Surfando pelo sonho, o potiguar levou a melhor, conquistou o título e se tornou o terceiro brasileiro campeão mundial. No auge como atleta, Ítalo tinha a expectativa de mais um ano sensacional, mas a pandemia do coronavírus mudou tudo.

“A rotina mudou devido a atual situação que o mundo vive. É para um bem melhor da humanidade, mas para nós competidores é um banho de água fria. Por outro lado, estou a me preparar mais ainda para quando tudo voltar ao normal. Quero voltar melhor”, disse Ítalo Ferreira, que prefere não estipular metas para a carreira.

“A meta sempre é melhorar os resultados. Quero ganhar o quanto Deus me permitir ganhar, vou me esforçar para que consiga os melhores resultados”, acrescentou.

Temporada sem um vencedor?

Ítalo Ferreira, campeão mundial de surfe, mirou o ouro para o Brasil nos Jogos Olímpicos de Tóquio, criticou o playoff final imposto pela WSL para a temporada de 2021
Ítalo Ferreira levou o oruo nos Jogos Mundiais de Surfe em 2019 (Divulgação/COI)

Além do adiamento dos Jogos Olímpicos de Tóquio para 2021, a pandemia do novo coronavírus atingiu diretamente a temporada do Circuito Mundial de surfe. A WSL, organização que rege a elite da modalidade no mundo, adiou todas as etapas até o final de junho e não descarta realizar a competição sem consagrar um campeão. Ítalo Ferreira torce para que a temporada não seja adiada por completo.

“Tudo pode acontecer, espero que não seja adiado e que podemos voltar a competir. Vamos aguardar as próximas notícias da WSL”, disse, completando ao ser questionado sobre uma possível temporada sem campeão. “Quando não temos competições não temos vencedores. Existe a pessoa que ganhou por último até as competições voltarem a acontecer”.

+ Com liberação gradual de praias, como está o surfe pelo mundo

Apesar da pandemia do novo coronavírus, Ítalo Ferreira não perdeu o contato com o mar. O surfista mora em Baía Formosa, cidade no Rio Grande do Norte onde nasceu e que não contabilizou casos de Covid-19. Deste modo, as praias seguiram abertas, possibilitando os treinos do surfista, que não acredita ter uma vantagem sobre os rivais por conta disso.

“No cenário atual, a grande maioria voltou a surfar. A minha rotina de treinos agora é treino em casa na academia e surfe no quintal com as devidas precauções de segurança”, afirmou.

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Playoff final

Após a final eletrizante entre Gabriel Medina e Ítalo Ferreira no Circuito Mundial de 2019, a WSL decidiu mudar as regras e estipulou um playoff final para a temporada de 2021. Os dois melhores colocados através dos pontos conquistados após as etapas vão disputar um mata-mata derradeiro valendo o título. A opção da entidade não agradou Ítalo Ferreira.

“Acho essa decisão um pouco injusta. O esforço durante o ano pode não ser compensado na última etapa. Um exemplo simples: se você estiver liderando o ranking mundial e chegar na última etapa com uma grande diferença do segundo colocado, você seria campeão mundial, porque o segundo colocado não conseguiria alcançar você. Com a nova proposta, você estaria somente classificado para tentar ser campeão mundial em uma etapa única com mais atletas”, analisou.

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Com o Brasil fazendo papel de protagonista nas competições internacionais e o surfe prestes a estrear nas Olimpíadas, Ítalo Ferreira espera que a Brazilian Storm permaneça brigando pelo alto do pódio da modalidade nos próximos anos.

“O surfe só tem a ganhar nas Olimpíadas. Vamos estar expostos no maior evento esportivo do mundo. Espero que fortaleça a modalidade no Brasil e aumente a visibilidade para todos”, finalizou.

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