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Surfe

Ítalo Ferreira bate Medina e conquista o Mundial no Havaí

Em Pipeline, Ítalo Ferreira destrona o bicampeão Gabriel Medina e fatura o troféu de campeão do Circuito Mundial de surfe.

PHOTO: © WSL / Heff SOCIAL : @wsl @Tony_heff

A World Surf League tem um novo campeão mundial. E, pela quarta vez na história, ele é brasileiro. O potiguar Ítalo Ferreira, de 25 anos, avançou à final da etapa de Pipeline, Havaí e conquistou o título após derrotar o compatriota e bicampeão mundial Gabriel Medina nas ondas do Pipe Masters.

Ítalo se torna o terceiro brasileiro a ser campeão do Circuito Mundial. Antes dele, Gabriel Medina já havia sido campeão em 2018 e em 2014 e Adriano de Souza, o Mineirinho, conquistou o título em 2015. Ele é o primeiro nordestino a conquistar o circuito mundial.

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O CAMINHO DO TÍTULO NO HAVAÍ

OITAVAS: ÍTALO GARANTE O QUARTO TÍTULO MUNDIAL AO BRASIL

As oitavas-de-final demoraram muito para ocorrer. Após 4 adiamentos consecutivos e uma semana de espera, finalmente os surfistas voltaram a cair na água nesta quinta-feira (19), por volta das 16:30hs do horário de Brasília.

Ítalo Ferreira, líder do ranking mundial, foi o primeiro a entrar na água. Contra o compatriota Peterson Crisanto e encarando um mar não muito bom, foi bem, venceu por 11.84 a 4.23, avançou às quartas-de-final e seguiu dependendo apenas de si mesmo para conquistar o título mundial.

“Foi uma boa bateria. Eu acho que vai ser um bom dia, com certeza. Estou muito feliz por estar nas quartas”, declarou Ítalo.

Ítalo Ferreira, campeão da WSL
(WSL/Cestari SOCIAL)

A vitória de Ítalo garantiu o título mundial ao Brasil. O americano Kolohe Andino precisava vencer a etapa e contar com uma desclassificação do potiguar para seguir sonhando em ser campeão. Com o californiano fora da parada, apenas Gabriel Medina poderia tirar o título de Ítalo Ferreira. Vale lembrar que Ítalo e Medina serão os representantes do Brasil em Tóquio.

O surfista potiguar passou suas atenções a quinta bateria do dia envolvendo os brasileiros Gabriel Medina e Caio Ibelli. Medina precisava avançar para seguir com chances de ser tricampeão mundial. Se perdesse, daria o título ao líder do ranking.

POLÊMICA DE MEDINA

No final da bateria, uma polêmica causada pelo bicampeão mundial.

Quando faltava apenas um minuto para o fim, Caio Ibelli precisava de 5.67 para vencer Medina. Ele tinha prioridade na escolha da onda. No momento em que Ibelli foi pegar uma onda aparentemente boa, Gabriel Medina foi junto, interferindo a ação do adversário. Como punição, Medina não conseguiu somar sua segunda melhor nota. Como as notas de Ibelli eram baixas, a nota descartada de Medina não fez falta, fazendo com que Medina avançasse às quartas com o placar de 4.23 a 1.13.

A atitude de Medina não foi ilegal, mas não agradou a alguns. A transmissão em inglês da WSL, por exemplo, criticou a atitude do brasileiro, classificando-a como inacreditável. Após sair da água, Gabriel Medina se defendeu:

“As ondas estão difíceis. Eu sabia que uma interferência iria me dar a vitória. Eu apenas tenho que jogar o jogo. Na minha cabeça, eu sabia o que fazer. É como eu falei, está na regra”, declarou.

Caio Ibelli não gostou da atitude do compatriota. Irritado, declarou que Medina ‘jogou sujo’.

” Eu não entendi quando ele veio na mesma onda. Eu perguntei o que ele estava fazendo e ele pediu desculpa. Eu perguntei, desculpa o que? Mas ele venceu com um jogo sujo, e eu espero dar o troco no nosso próximo encontro”, disse o irritado Ibelli.

Não envolvido na polêmica, Ítalo Ferreira seguiu concentrado, aguardando a conclusão de mais três baterias para voltar a água. Por volta das 18:30 do horário de Brasília, o potiguar voltou ao mar para enfrentar o compatriota Yago Dora pelas quartas-de-final, dependendo de si mesmo para ser campeão.

QUARTAS: NÍVEL MELHORA COM O MAR MELHOR

Com o mar de Pipeline melhor, os dois brasileiros deram show. Ítalo abriu vantagem, mas com 22 minutos restantes, Yago Dora pegou um grande tubo e assumiu a liderança. Logo na sequência, Ítalo respondeu. Em uma bela onda, anotou 8.33, obrigando o adversário a conseguir no mínimo 8.83 para avançar. Yago não conseguiu tal feito, e o líder do circuito venceu por 15.66 a 13.50.

Ítalo então aguardou mais de três horas para conquistar o título.

Primeiro, conheceu o seu adversário da semifinal. Ninguém mais, ninguém menos do que o 11 vezes campeão e lenda do surfe Kelly Slater, que virou o seu confronto sobre Jack Freestone faltando apenas um minuto para o fim.

Depois, passou a secar Gabriel Medina contra John John Florence. Medina começou melhor e conseguiu um 9.97. John John Florence respondeu com duas boas ondas e assumiu a ponta temporariamente. Medina não deixou barato e na sequência pegou a melhor onda do dia (9.23). Faltando 18 minutos, John John Florence precisaria de duas ondas que somassem 17.63. Florence não conseguiu buscar e Medina avançou, abrindo caminho para uma final brasileira.

SEMIS:

Restando apenas 4 surfistas, a situação era simples: Se Ítalo vencesse e Medina perdesse, Ítalo seria campeão. Se perdesse, teria que torcer para Medina não chegar a final para levar o caneco. Se Medina perdesse, o título seria do potiguar. Se ambos avançassem a final, o vencedor da etapa seria o campeão mundial.

O caminho não seria fácil. Vencer Kelly Slater, dono de 11 títulos mundiais e 7 vezes campeão em Pipeline, exigiria bastante do surfista brasileiro. O americano ainda precisava ganhar a etapa para se classificar para as olimpíadas de Tóquio.

Ítalo começou bem com um tubo que lhe rendeu uma nota de 8.60, colocando pressão no americano 22 anos mais velho. Com outro bom tudo, aumentou a diferença e tirou a última chance de Slater ir para Tóquio 2020.

Na segunda semifinal, Gabriel Medina alcançou a soma final de 13, contra Griffin Colapinto, dos Estados Unidos, que terminou com 7.10 e em terceiro lugar.

FINAL BRASILEIRA

Valendo o título do Circuito Mundial e a glória de vencer e Etapa de Pipe Masters, Ítalo Ferreira e Gabriel Medina caíram na água. Ítalo, de cara, pegou um tubo e já botou 7.73 na somatória.

Sem Medina pegar nenhuma onda, Ítalo pegou mais uma onda com tamanho, sumiu no tubo e conseguiu um 7.83, deixando a somatória de 15.56 para Medina bater.

O bicampeão caiu para dentro, achou um tubo profundo e fez 7.77. Só que ele ainda precisava trocar uma nota. A pressão aumentava e o tempo diminuía. Medina perdeu a prioridade, fez só 5.17 e não conseguiu virar a bateria.

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