Pela primeira vez na história, o surfe estará presente na Olimpíada. A estreia acontecerá em 2020, em uma praia a 40 minutos de Tóquio e com uma janela de competição de 16 dias. O evento contará com 20 atletas homens e 20 mulheres e o sistema de qualificação dará abertura para que nomes poucos conhecidos de países sem tanta expressão no esporte consigam uma vaga. 2019 será fundamental para conhecermos os classificados, pois das 40 vagas no geral, 28 serão através de competições realizadas neste ano. Assista ao vídeo, em parceria com o Canal Parafina, para entender como vai funcionar o surfe nos Jogos Olímpicos.
Duas entidades para um só esporte
Antes de tudo, é preciso explicar. O surfe tem duas organizações a nível mundial. A WSL (World Surf League), fundada em 1976, e a ISA (International Surfing Association), fundada em 1964. A WSL é a que organiza os campeonatos mundiais mais famosos de surf masculino e feminino de pranchinha (CT), ondas gigantes e longboard. Já a ISA, além dessas categorias também promove campeonatos de SUP (Stand Up Paddle), bodyboard e para deficientes. As diferenças entre elas são basicamente três:
- Por ser a primeira, a ISA é reconhecida como a entidade oficial do surfe a nível mundial. Além de não possuir fins lucrativos.
- A ISA tem competições em conjunto e, na maioria de seus campeonatos, dá a vaga aos países ou continentes e não, diretamente, aos atletas.
- A WSL tem mais patrocínios, mais transmissões de televisão, mais fama e, por isso, paga bem mais aos atletas. Fato que faz os melhores competirem somente lá.
Quando foi decidido que o surfe de pranchinha ia entrar no programa olímpico, houve conflitos entre as duas entidades, mas depois elas, em conjunto com o COI, que é o Comitê Olímpico Organizador, chegaram a um acordo.
Níveis hierárquicos de qualificação do surfe para a Olimpíada
Serão 20 surfistas na competição masculina e 20 na competição feminina. Há um limite de dois competidores por país em cada gênero e também uma ordem hierárquica de qualificação, que possui 4 níveis:
- Os 10 primeiros homens e as 8 primeiras mulheres elegíveis do CT 2019.
- Os primeiros 4 homens e as primeiras 6 mulheres elegíveis do ISA Games 2020
- O melhor elegível do Pan-Americano 2019 + o melhor africano, o melhor asiático, o melhor europeu e o melhor da Oceania, todos elegíveis do ISA Games 2019.
- O campeão da Copa da Nação Anfitriã, que será realizada somente entre japoneses. Se algum japonês ou japonesa se classificar por algum outro método, não haverá a Copa da Nação Anfitriã e será aberta mais uma vaga para o nível hierárquico de número 2.
Se tomarmos o CT 2018 como exemplo fica mais claro. Vale lembrar que o Havaí não é uma nação perante o COI e, por isso, os atletas disputarão as vagas com os norte-americanos.
1º Gabriel Medina (BRA) – conseguiria a vaga de nº 1
2º Julian Wilson (AUS) – conseguiria a vaga de nº2
3º Filipe Toledo (BRA) – conseguiria a vaga de nº 3
4º Italo Ferreira (BRA) – não conseguiria a vaga, pois já há 2 brasileiros qualificados
5º Jordy Smith (AFS) – conseguiria a vaga de nº4
6º Owen Wright (AUS) – conseguiria a vaga de nº5
7º Conner Coffin (EUA) – conseguiria a vaga de nº6
8º Michel Bourez (PYF) – conseguiria a vaga de nº7
9º Kanoa Igarashi (JAP) – conseguiria a vaga de nº8
10º Kolohe Andino (EUA) – conseguiria a vaga de nº9
11º Wade Carmichael (AUS) – não conseguiria a vaga, pois já há 2 australianos qualificados
12º Mikey Wright (AUS) – não conseguiria a vaga, pois já há 2 australianos qualificados
13º Willian Cardoso (BRA) – não conseguiria a vaga, pois já há 2 brasileiros qualificados
14º Sebastian Zietz (HAV) – não conseguiria a vaga, pois já há 2 estado-unidenses qualificados
15º Michael Rodrigues (BRA) – não conseguiria a vaga, pois já há 2 brasileiros qualificados
16º Jeremy Flores (FRA) – conseguiria a vaga de nº10
Dessa forma, brasileiros, australianos e norte-americanos não teriam chance de se classificarem pelo ISA Games nem pelo Pan-Americano de Lima. Já franceses, sul-africanos, taitianos, japoneses e franceses só teriam mais uma vaga para os outros níveis hierárquicos.
Janela de competição, praia escolhida, formato e critério de julgamento
Muito se especulou sobre a construção de uma nova piscina de ondas no Japão, mas parece que o COI se preocupou em não criar elefantes brancos e, portanto, a disputa deve rolar em uma praia em Chiba, que fica a 40 minutos de Tóquio. O pico se chama Tsurigasaki. É um beach break, que tem boas ondas e, em dias maiores, oferece tubos.
Por ter menos atletas, o campeonato deve precisar de 3 ou 4 dias, somando masculino e feminino, para ser finalizado. É provável que a janela de espera seja de 16 dias, entre 24 de julho e 9 de agosto de 2020, para que as melhores condições sejam asseguradas.
O critério de julgamento utilizado será o da ISA, que é bem parecido com a da WSL. Para ver quais são eles, clique aqui. Em relação ao formato e à disposição de baterias, nada foi divulgado pelo COI, nem pelas entidades organizadoras do esporte, até o momento.