“Zerei o meu joguinho. Eu estou muito feliz. Foi uma honra estar competindo com as meninas ali, meninas de peso, tenho todo o respeito por elas, mas está aqui, eu ganhei”. Foi assim que Beatriz Ferreira explicou a sensação de ter sido coroada no Prêmio Brasil Olímpico não só como a melhor do boxe, título ganho por ela também em 2017 e 2018, mas principalmente por ter sido escolhida a melhor atleta olímpica feminina de 2019, superando as também campeãs mundiais Ana Marcela Cunha, da maratona aquática, vencedora de 2018, e Nathalie Moellhausen, da esgrima.
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O jeito simples e carismático esconde uma guerreira, que, quando sobe no ringue se dedica ao máximo para ser o melhor possível. Tamanho esforço lhe rendeu em 2019 a mair conquista da carreira. Em outubro, a boxeadora sagrou-se campeã mundial. A baiana nascida em Salvador há 27 anos e que aprendeu o esporte com o pai se transformou na melhor pugilista do planeta. Beatriz Ferreira pôde sentir o sabor da vitória, da glória e agora não quer mais parar de ter sensação, custe o que custar. “Peguei para mim e agora não solto mais. Sangue nos olhos o tempo todo”, garante.
APRENDIZADO NA DOR
O crescimento esportivo de Beatriz Ferreira tem sido espetacular desde que se tornou titular da seleção brasileira de boxe, no começo de 2017. De lá para cá, foram 26 competições internacionais e ela subiu ao pódio em 25. A única que faltou foi o Mundial de 2018, quando foi derrotada na segunda rodada pela sul-coreana Oh Yeon-Ji.
“Eu aprendi muito. Com a dor a gente aprende melhor. Eu fui muito mais madura (para o Mundial deste ano) e muito mais centrada no que eu queria. Nada me tirou do foco. Eu mantive o foco o tempo todo e acho que isso fez a diferença”, acredita a lutadora.
Beatriz Ferreira tem como uma de suas caracterísitcas principais aprender com as derrotas. Antes dos Jogos Pan-Americanos, competição em que ela também levou a medalha de ouro, ela já havia vencido todas as concorrentes que estariam em Lima. Mas uma estava, como ela diz “engasgada”: a americana Rashida Ellis. Em duas lutas até então, a brasileira tinha uma vitória e uma derrota contra a lutadora dos Estados Unidos. Mas Beatriz Ferreira acabou com esse equilíbrio nas duas lutas seguintes.
“Você viu que eu bailei ela no Pan e bailei ela no Mundial? É isso. Essa é a melhor vitória que tem. Essa é uma satisfação que a gente tem sabendo que a gente errou, mas que a gente consertou aquele erro e pôde mostrar que a gente é o melhor, que a gente estava bem e que a gente tem capacidade para isso”, afirma empolgada.
Mas, pensando em 2020, depois de tudo o que ela ganhou em 2019, não tem mais nada engasgado. Como então chegar ao ouro olímpico? A resposta ela tem na ponta da língua: “Eu quero ganhar aquela medalha. Então, quem entrar no meu caminho, vai estar engasgada”, finaliza.