Poucas hegemonias no mundo do esporte são tão fortes quanto a do Brasil em relação ao futebol de cinco. Adaptação do futebol para atletas com deficiências visuais, a modalidade integra a disputa dos Jogos Paralímpicos desde a edição de Atenas-2004. Nesse período, o país conquistou todas as quatro medalhas de ouro possíveis e chegará na disputa de Tóquio, daqui exato um ano, como fortíssimo candidato por mais uma medalha dourada.
Como se não bastasse o histórico vencedor em Jogos Paralímpicos, a seleção brasileira se destaca ainda com o pentacampeonato mundial da modalidade, com as conquistas em 1998, 2000, 2010, 2014 e 2018, e pelo fato de contar com Ricardinho, atleta eleito três vezes o melhor jogador do mundo da modalidade.
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Garantido nos Jogos de Tóquio desde 2018, por conta da conquista da última edição do Mundial do futebol de cinco, o país novamente chegará a uma disputa Paralímpica como o grande favorito pelo lugar mais alto do pódio, fato esse que não será uma novidade para o elenco.
Peso do favoritismo
“Com certeza a gente está sob uma pressão grande de vitórias. E para Tóquio isso não será diferente, até por conta do nosso histórico na competição e nosso currículo extenso de conquistas. Mas a gente sabe lidar bem com isso. A nossa equipe consegue deixar isso de fora das quadras e sabe que esse favoritismo não ganha jogo. O que ganha jogo é uma boa produção e é isso que a gente busca sempre”, avaliou Ricardinho, em entrevista ao Olimpíada Todo Dia.
Nascido em Osório, no Rio Grande do Sul, Ricardinho perdeu a visão aos 8 anos de idade após um deslocamento de retina. O problema na visão não fez com que o atleta desistisse do seu sonho de se transformar num jogador de futebol.
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Integrante da seleção brasileira desde os seus 15 anos, o atleta já conquistou tudo o que era possível com a camisa verde amarela e foi eleito três vezes o melhor jogador do planeta (2006, 2014 e 2018). Mesmo com todas as conquistas, Ricardinho se mantém motivado a continuar trabalhando, pois sabe que pode preencher ainda mais a sua prateleira de conquistas, que já conta com três medalhas paralímpicas, três títulos mundiais e quatro Para-Pan Americanos.
Em busca da motivação
“Manter a motivação não é uma tarefa fácil. É um desafio que poucos superam por muito tempo. É uma coisa que depende da pessoa ter uma espirito vencedor e eu me considero assim. Eu consegui conquistar tudo que era possível pela seleção e alguns desses títulos mais de uma vez. Mas eu me motivo muito em saber que tenho a chance de conquistar ainda mais coisa com essa camisa e por isso sego trabalhando firme pelos meus objetivos”, avaliou o atleta de 30 anos.
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Peça fundamental para a seleção, Ricardinho não treina com seus companheiros há muito tempo por conta da pandemia do coronavírus. Com o Centro de Treinamento Paralímpico de São Paulo fechado em razão da presença do novo vírus no planeta, o atleta tem realizado apenas treinamentos improvisados em sua casa como preparação.
Treinos adaptados
“Tenho treinado seis vezes por semana sendo orientado pelos profissionais da seleção e da Agafuc (equipe que defende). Com este trabalho, tento diminuir o prejuízo que acho que vai ser inevitável para todos. Quem conseguir sofrer menos acaba saindo na frente na briga por Tóquio”, explicou.
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O longo período sem treinos e competições faz com que surjam alguma dúvida em relação aos candidatos a atrapalhar o Brasil na sua luta pela quinta medalha de ouro em Jogos Paralímpicos. No entanto, um país com certeza faz parte da lista: a Argentina, que conquistou duas edições do campeonato mundial do futebol de cinco.
“Devido a pandemia é difícil apontar os concorrentes. Nós mesmos somos apontados como favoritos por conta do nosso currículo, porque se depender de rendimento nós somos uma incógnita hoje. Se for usar desde artifício para definir os concorrentes temos que apontar a Argentina, que é uma equipe com histórico na modalidade e que está sempre chegando com a gente”, completou Ricardinho.