A vida de Felipe Gomes e Viviane Soares começou a se cruzar já dentro das pistas de atletismo. Enquanto ele começou no atletismo paralímpico em 2003, a também velocista paralímpica iniciou no atletismo três anos mais tarde.
O primeiro contato entre eles ocorreu apenas em 2009 e desde então a dupla vem se aproximando cada vez mais até os dias de hoje. Neste ano, os dois destaques da seleção brasileira de atletismo paralímpico completaram três anos de casados.
“Nós nos conhecemos no atletismo, no ano de 2009, ao longo dos anos fomos se aproximando e criando uma grande e forte amizade, e aos poucos fui conhecendo mais sobre a história e a carreira do Felipe. Ele se tornou o meu espelho dentro da modalidade e sempre fui grata por ter o privilégio de treinar ao lado dele que é um grande atleta”, declarou Vivi Soares.
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Bicampeão paralímpico e dono de outras três medalhas de prata e uma de bronze em Jogos, Felipe Gomes demonstrou ser mais que um grande atleta e amigo de Viviane Soares justamente num dos momentos mais complicados da carreira da velocista.
Por um problema em sua classificação oftalmológica, a para atleta precisou ficar afastada das pistas durante quase dois anos entre 2013 e 2015. Apesar de não saber exatamente quando poderia voltar a competir, Vivi encontrou na força e incentivo de seu treinador Fábio, e de Felipe motivos para continuar treinando.
“Naquela época eu e Felipe éramos só amigos e incentivador um do outro, em todos os treinos ele me incentivava, me passava forças para termina os treinos mesmo sem saber o que poderia acontecer, e ele me dizia sempre, que eu não podia parar de treinar porque eu era importante ali nos treinos, no apoio quando ele estivesse muito cansado com vontade de parar o treino. Sou muito grata por todo esse apoio e incentivo que ele me deu”, relembrou a atleta.
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Outro momento marcante que ficou preso na memória de Viviane foi quando viu o seu então amigo subir no lugar mais alto do pódio dos Jogos Paralímpicos de Londres de 2012, na prova dos 200m.
“Poucos acreditavam nele. Ele entrou com o pior tempo na final e correu sem medo, com muita vontade. Lembro que quando ele cruzou a linha de chegada o narrador ficou em dúvida de quem tinha ganho a prova, mas eu mesmo já estava gritando e sabia que tinha sido ele. Lembro que assisti no quarto na Vila Paralímpica, porém louca para estar no estádio. Naquele momento eu me senti muito orgulhosa dele é a minha admiração só aumentou”, citou.
Dificuldades que não se vê
Por conta de um glaucoma congênito, Felipe Gomes perdeu totalmente a sua visão ainda durante a sua infância. Vivi Soares também sofre com uma deficiência e possui apenas 20 % da visão.
“Passamos por várias dificuldades. Pelo fato de eu ser baixa-visão tem pessoas que não percebem que eu sou deficiente e aí quando pedimos informações as pessoas acham eu consigo enxergar de longe. Já pegamos ônibus errado pelo fato de eu não conseguir enxergar o número direito e não ter ninguém para nos ajudar, quando sentamos no acento preferencial as pessoas ficam pedindo para gente levantar por não identificar a nossa deficiente ou por achar que somos novos e não temos o direito”, relata a atleta.
Estas dificuldades não impediram que o casal brilhasse nos Jogos Parapan-Americanos de Lima, realizado no ano passado. Ao todo, o Felipe Gomes e Vivi Soares conquistaram cinco medalhas no Peru e protagonizaram um apaixonado beijo nas arquibancadas peruanas em comemoração ao resultado.
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A dupla foca agora os seus esforços para que cena possa se repetir nos Jogos Paralímpicos de Tóquio, que foram adiados para o ano que vem por conta da pandemia do coronavírus. A pandemia aliás tem dificultado um pouco os treinamentos do casal, que vive lado a lado 24h por dia.
“Não tem sido fácil, mas estamos conseguindo treinar de maneira improvisada e dinâmica juntos. Na quarentena continuamos muito próximos um do outro, assim como já é na rotina diária. Treinamos juntos, somos casados então também moramos juntos. A grande diferença é que na quarentena estamos com mais tempo atoa”, completou Vivi.