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Sem se abater, Alana Maldonado mira Tóquio 2020

A pandemia adiou a Paralimpíada de Tóquio 2020 e mexeu com Alana Maldonado. Mas não será um vírus que irá abalar a campeã mundial

Alana Maldonado, atleta do judô paralímpico (Facebook/alanamaldonadojudo)

Um baque grande. Quase quatro anos de treinos, competições e muita dedicação, mas a pandemia varreu o esporte mundial e, pela primeira vez na história, adiou a Paralimpíada de Tóquio 2020. “Me pegou, fiquei bem chateada, foram três dias bem tensos”, confessa Alana Maldonado, do judô paralímpico.

Mas como o próprio judô ensina: você cai, você levanta. Em live do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), Alana Maldonado, 24 anos, não escondeu sua frustração com o adiamento. Contudo, sua vontade de vencer e seguir é maior que qualquer pandemia.

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“Parei para pensar: o que nosso pais está passando, o mundo está passando. É hora de pensar na saúde do próximo e de se cuidar. Torço para que as coisas voltem logo. Porém, nunca deixamos de sonhar e de buscar a tão sonhada medalha de ouro em Tóquio 2020.”

Quase lá

Não fosse a pandemia, a Paralimpíada de Tóquio 2020 estaria muito próxima de ser realizada. Agora, restam mais de 400 dias. Mas apesar da distância temporal, Alana Maldonado segue muito perto de confirmar sua vaga.

Por causa da pandemia, Alana Maldonado sofreu com o adiamento da Paralimpíada de Tóquio 2020
Alana Maldonado em ação no Parapan de Lima 2019 (Facebook/alanamaldonadojudo)

“Sou a melhor do ranking na minha categoria. Estou muito perto de conseguir uma vaga. As sete primeiras do ranking estarão garantidas. Agora tem muito mais tempo, mas sigo confiante.”

Alana luta na categoria até 70 kg e, atualmente, está classificada como B2, que reúne atletas que consegue enxergar vultos. B1 é para cego total, e B3 para atletas que conseguem definir imagens.

Trajetória

Alana Maldonado começou no judô aos 4 anos, por influência da avó. Contudo, aos 14 ela descobriu a doença de Stargardt, que afeta a retina e provoca baixa visão. “Depois do diagnóstico, eu tinha desistido do sonho e ser atleta e resolvi estudar.”

A doença de Stargardt é progressiva, mas raramente leva a cegueira total.

Mas com quase 18 anos, o judô paralímpico apareceu em sua vida e a transformou. “Fui para a minha primeira competição sem nem saber as regras e saí de lá campeã.”

Há cinco anos, Alana é da seleção brasileira paralímpica de judô, já tem diversas conquistas na carreira e uma fome de vencer que ultrapassa todas as barreiras.

Alana Maldonado, prata no judô paralímpico da Rio 2016
Alana Maldonado, prata no judô paralímpico da Rio 2016 (Facebook/alanamaldonadojudo)

“Depois da prata na Rio 2016, os meus objetivos eram o Mundial, que eu fui campeã em 2018, e ser campeã em Tóquio 2020. Este último não mudou.”

Quarentena

A pandemia aprisionou os atletas e os forçou a se adaptarem. E com Alana Maldonado não foi diferente. “Assim que tudo começou eu vim para Tupã-SP. É um momento difícil dada a proporção de tudo. Decidi vim para cá para ter mais espaço dentro de casa.”

Só que a quarentena está mudando alguns hábitos da judoca. “Eu nunca gostei de correr. Mas estou me acostumando a sair bem cedinho, seis horas da manhã, quando não tem ninguém na rua.”

Tanto que o treino ‘forçado’ pode vir a fazer parte no futuro. “Eu não gostava de correr, mas eu vi uma necessidade muito grande, isso foi algo que a quarentena me trouxe. Ainda não chega a ser um hobby, mas começar a correr foi bem legal. Eu pretendo me organizar para seguir correndo quando tudo voltar normal. Trazer isso para minha rotina.”

Mas só manter o físico não é a solução. O judô exige treinamento técnico, o que fica comprometido com o isolamento social. “Treino com as borrachinhas presa na janela ou no pilar, faço entrada de golpes, tudo no elástico. Mas com parceiro tem a pegada no kimono e a movimentação é diferente. Está sendo uma grande transformação, mas conseguir realizar um pouco do treino técnico é importante para não ficar parada.”

Distrações

A rotina de treinos, viagens e competições, fazia com que Alana Maldonado não visse a hora de poder ficar em casa. Só que a pandemia está deixando a judoca de saco cheio. “Eu nunca pensei que ia enjoar de ficar em casa, de assistir série, de ficar deitada e dormir”, diz gargalhando.

“Confesso que é o que mais faço agora e acaba enjoando.” Para tentar se distrair, Alana está buscando ler mais livros. “Ouvir livros não é uma coisa que funciona comigo. Prefiro tentar ler alguma coisa, ampliando no celular.”

Mas no fim das contas, a série espanhola ‘La casa de papel’ é a distração preferida. “Eu já tinha assistido, mas usei essa quarentena para rever tudo de novo.”.

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