O nadador Gabriel Bandeira, da classe S14 (para deficientes intelectuais), estreou em competições paralímpicas na etapa Regional Centro-Leste do Circuito Loterias Caixa, em Brasília, neste fim de semana, e já conquistou seis medalhas de ouro com quatro quebra de recordes brasileiros. As disputas de atletismo, halterofilismo e natação se encerraram na manhã deste domingo, 2. Ao todo, participaram da etapa Centro-Leste 527 atletas, sendo 292 no atletismo, 137 no halterofilismo e 98 na natação.
Natural de Indaiatuba, São Paulo, Gabriel, de 20 anos, debutou nas disputas paralímpicas vencdendo os 100m e 200m livre, 100m costas, 100m peito, 100m borboleta e 200m medley. O jovem representa o Praia Clube de Uberlândia, Minas Gerais. O resultado mais expressivo foi no nado borboleta. A marca feita por Gabriel (57s27) está abaixo do índice estabelecido pelo Departamento Técnico do CPB para os Jogos Paralímpicos de Tóquio.
Em março, o jovem nadador participará do Open Internacional Loterias Caixa, no CT Paralímpico, em São Paulo, para obter a classificação internacional e poder brigar por uma vaga na Seleção que irá para o Japão. No sábado, 1º, ele nadou os 100m costas, e com o tempo de 1min03s34 estabeleceu o novo recorde brasileiro da prova com três segundos a menos da marca anterior, de 2019. O nadador do Praia Clube ainda estabeleceu uma nova marca nacional nos 100m livre (53s56).
Na manhã deste domingo, ele caiu na água para disputar os 100m peito e com 01min10s83 encerrou a competição com mais um recorde. A melhor marca nacional até então era de Felipe Caltran, medalhista mundial no México 2017 e parapan-americano de Lima 2019, com 1min14s33.
“Eu não esperava bater nenhum recorde brasileiro, especialmente o dos 100m peito, já que não é um estilo que treino muito. Estou muito feliz por participar do Circuito, é tudo novo para mim apesar de já ter experiência no convencional”, comentou. Gabriel, que foi diagnosticado com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), migrou para o paradesporto no início de 2020.
Desde os 11 anos ele compete no convencional e nas últimas quatro temporadas defendeu a equipe do Minas Tênis Clube. Em 2019 disputou o Troféu Maria Lenk pela equipe mineira junto com o medalhista mundial Bruno Fratus e do recordista mundial, o paraibano Kaio Márcio.
“Ele treina há pouco tempo conosco, mas é um atleta muito regrado com dieta, treinos e é muito consciente de seu nado. Como ele veio do convencional, agora precisamos focar os treinos nas provas que estão disponíveis para a classe dele”, explica o técnico do Praia Clube, Alexandre Vieira.
No atletismo, sete recordes brasileiros foram quebrados nesta fase Regional do Circuito Loterias Caixa. Destaque para Ricardo Serpa de Souza com dois recordes, nos 400m e 800m T34 (para atletas com paralisia cerebral que competem em cadeira de rodas).
Nesta temporada o halterofilismo contou com uma novidade. Semelhante ao atletismo e natação, agora o formato de competição é regionalizado. Atletas das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste competiram em Brasília em busca do índice mínimo para as fases nacionais do Circuito Brasil Loterias Caixa.
Nomes como Luciano Bezerra, o Montanha, e Márcia Menezes participaram deste evento. A Seleção Brasileira da modalidade está na Nigéria para a disputa da Copa Mundo de halterofilismo que acontecerá de 4 a 8 deste mês. O Brasil será representado por oito atletas.
Em março, Recife sediará a etapa Norte-Nordeste do Circuito Loterias Caixa com as três modalidades (14 e 15 de março). A quarta e última etapa regional acontece no CT Paralímpico, em São Paulo (4 e 5 de abril). Os atletas que alcançarem os índices estabelecidos pelo departamento técnico do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) nas regionais garantem participação nas etapas nacionais do Circuito Brasil Loterias Caixa, que serão realizadas em São Paulo.