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Cansaço e realidade: O dia a dia da mulher no meio esportivo

No Dia Internacional da Mulher, o Olimpíada Todo Dia conversou com atletas olímpicas e paralímpicas sobre a realidade do dia a dia esportivo

Dia internacional da Mulher
(Santiago Regaira/ITTF Americas)/ CPB/ Crédito: Roberto Castro/rededoesporte.gov.br./ Washington Alves/COB

8 de março. Mais um Dia Internacional da Mulher chega e, para além dos presentes e homenagens para todas as mulheres, o Olimpíada Todo Dia traz um questionamento. Qual é a realidade que elas enfrentam no dia a dia como atletas de alto rendimento? Para tentar encontrar a resposta, o OTD conversou com Susana Schnardonf, da natação paralímpica, Dani Rauen e Bruna Takahashi, do tênis de mesa, e Milena Titoneli, do taekwondo.

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Susana Schnardonf

Susana Schnarndorf natação paralímpica brasileira tóquio jogos paralímpicos
Susana Schnarndorf treina no Centro Aquático de Tóquio (Foto: Alê Cabral)

“O que mais escuto desde meu início no esporte, e olha que isso faz tempo, é sobre a desigualdade do esporte feminino perante ao masculino. Na verdade, eu nunca vivenciei isso, apesar de saber que existe. Desde meus tempos de triatlo e, agora, no paralímpico, as premiações, patrocínios, condições de treinamento são iguais. Meus desafios constantes são outros hoje, como tenho uma doença degenerativa tenho que me reinventar de tempos em tempos, e ficar a mercê das classificações funcionais que estão cada vez mais injustas”.

Dani Rauen

Divulgação CPB

Já ouvi tanta coisa na real; Coisas do tipo ‘mas também só tem meninas na sua classe/ranking no mundo né, por isso começou a jogar ontem já pode ser top 10”
Ou do tipo “nossa bastante gente foi assistir nosso jogo né?”, porque o meu jogo era depois do masculino e por isso tinha público. Existe diferença salarial. Eu ganho mais que alguns meninos, mas já ouvi que o masculino é muito mais difícil e concorrido e não é/seria justo porque o feminino atrai muito menos interesse que o masculino. Não aceitam perder pra mulher nos treinos de jeito nenhum. Eu tento justamente mudar isso todos os dias para que não tenha essa diferença entre o masculino e o feminino. Luto para que possamos ocupar o nosso lugar e a nossa posição seja onde for, através do meu talento, força e coragem de enfrentar isso todos os dias.

Bruna Takahashi

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WTT

“Acho que as mulheres são tão competitivas no esporte quanto os homens e também capazes de realizarem grandes feitos. Talvez ainda não haja tanta visibilidade da mídia esportiva em relação a alguns esportes, e isso precisaria melhorar. Acho que não é só no esporte, a mulher vem ganhando seu espaço e é muito bom para todos nós, pois diminui esse sentimento de preconceito e acaba de uma vez por todas esse tabu que a mulher não é capaz de realizar uma coisa especial e alcançar seus objetivos, sejam eles profissionais ou pessoais. Acho que é normal, como de todas ou todos jogadores de Tênis de Mesa de alto nível, mas uma coisa que podemos notar é em relação de números de praticantes mulheres em clubes na Europa e até mesmo no Brasil, temos muito menos mulheres treinando em alto nível que homens ou vejo muito mais a concentração de atletas homens de alto nível, treinando juntos que as mulheres, é estranho mas é a nossa atual realidade”.

Milena Titoneli

(Abelardo Mendes Jr/rededoesporte.gov.br)

“Acredito que hoje em dia estão respeitando mais o espaço e a força feminina dentro do esporte, mas claro que ainda existem aquelas brincadeirinhas né?! Eu por exemplo sempre escuto algo do tipo “deve bater no namorado”, “nossa, é lutadora. Não vou nem brincar contigo, que ser seu amigo ta?”, e muitos outros comentários nesse sentido. Como se mulher não pudesse lutar porque fica agressiva.Todo dia é uma nova superação. Tem dia que não quero nem levantar da cama, mas sei que preciso se realmente quero alcançar minhas metas. São treinos técnicos, físicos, dieta, descanso, tudo isso diariamente, e ainda preciso conciliar com outras coisas na minha vida. Além de ter que me preocupar com a questão financeira também! É um cansaço físico e mental muito grande, mas é algo que se eu relaxo e paro me incomoda. Faz parte da minha vida e é o que me faz bem!”

A evolução e o futuro

Assim como acontece com os outros universos do dia a dia, as mulheres vem ganhando mais espaço, reconhecimento e conquistando feitos no esporte. Trazendo para o universo brasileiro, desde a ida de Aida dos Santos para os Jogos Olímpicos de Tóquio em 1964, a presença feminina vem ganhando maior relevância e isso fica mais claro quando trazemos para uma realidade mais próxima.

Nos Jogos Olímpicos de 2021, também realizados na capital japonesa, o Brasil quebrou diversos recordes e foi um marco para o esporte feminino do país. Além da maior participação feminina, as mulheres foram responsáveis por três medalhas de ouro, quatro de prata e duas de bronze.

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Muito mais que celebrar a data, é preciso refletir por mudanças e um cenário mais saudável para que as atletas possam se desenvolver no ambiente esportivo. O empoderamento feminino e o apoio entre as mulheres cresce, mas será que estamos avançando? As mulheres se sentem 100% respeitadas e ouvidas? Ainda temos muito a trabalhar em prol da tão sonhado igualdade.

Paulo Chacon e Giovana Pinheiro

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