Em 1914, 1940 e 1944. Essas foram as três vezes que, mesmo programados, os Jogos Olímpicos não foram realizados. Apesar da distância entre eles, o motivo foi o mesmo: as duas grandes guerras. Em 2020, a pandemia do coronavírus faz com que algumas pessoas pensem: é possível a Olimpíada ser cancelada?
Apesar do COI deixar claro nas últimas semanas que não existe possibilidade dos Jogos Olímpicos acontecerem em outra data que não seja a programada, com início em 24 de julho, a pressão por um adiamento ou até cancelamento, por conta da pandemia do coronavírus, já existem.
De acordo com as regras da Carta Olímpica, um adiamento para uma outra data dentro de 2020 é possível, apesar de todos os problemas de logística, organizacionais e financeiros que isso poderia trazer. Realizar os Jogos Olímpicos de Tóquio em outro ano, que não seja 2020, violaria o documento.
Só as duas Grandes Guerras pararam as Olimpíadas
Nas três oportunidades em que não foram realizados os Jogos Olímpicos o motivo foi um guerra. Na primeira, que aconteceu entre os anos de de 1914 e 1918, o mundo viveu um conflito entre diversos países como Alemanha, Áustria-Hungria, Império Otomano (hoje Turquia), Itália, Rússia, Grã-Bretanha e França.
Durante os mais de quatro anos de guerra, muitos atletas que poderiam defender seus países nos Jogos Olímpicos foram chamados para fazer parte dos exércitos e optaram por ir para as trincheiras. Uma parte acabou morrendo junto com os cerca de 25 milhões que, estima-se, perderam a vida durante o período. O número representa algo entre 1 ou 2% da população mundial da época.
Na II Grande Guerra que o mundo enfrentou, entre 1939 e 1945, o impacto no mundo esportivo foi maior. Além das Olimpíadas de 1940 e 1944 terem sido canceladas, a de 1936, que aconteceu em Berlim, esteve muito ameaçada por conta da presença de Hitler e o nazismo na Alemanha. A história é do que aconteceu no mundo esportivo olímpico naquele ano é retratada no filme Raça.
Novamente dividido em dois blocos, os países participantes eram dezenas, com os principais sendo Reino Unido, França, União Soviética, Estados Unidos, Alemanha, Itália e Japão. Durante os quase seis anos exatos de confronto, mais uma vez, atletas trocaram os campos, ginásios, piscinas pelas trincheiras, como é mostrado no filme “Invencível”. Ao fim do período de confrontos, estima-se que 85 milhões de pessoas morreram, o que era cerca de 3% da população do planeta.
Pandemias não pararam Olimpíada
Assim como acontece atualmente com o coronavírus, o mundo já passou por outros momentos de pandemia e não pararam o cenário olímpico. A Gripe Espanhola (1918-1919), maior de todas até o momento, não aconteceu em um ano de Olimpíada, contudo, ocorreu após a I Guerra Mundial e matou entre 40 e 50 milhões de pessoas.
A Gripe Asiática (1957-1958) começou na China, em seis meses se espalhou por todos os continentes e causou o óbito de cerca de 1 milhão de pessoas.
A Gripe de Hong Kong (1968-1969) teve início em julho, infectou pessoas de diversos lugares do planeta, como EUA, Europa, Sudeste Asiático, Japão, América do Sul e África, matou entre um e três milhões de pessoas e não cancelou os Jogos Olímpicos daquele ano, que aconteceram na Cidade do México.
Situação atual do Coronavírus
O momento atual das tecnologias não se compara aos momentos já citados neste texto. Hoje, tudo é mais rápido, dinâmico e acontece como em um estalar de dedos. Por conta disso, é possível dizer que o coronavírus, em pouco mais de três meses, saiu da China, foi para a Europa e chegou nas Américas. A disseminação preocupa.
Com cerca de quatro meses para que a data programada para a realização dos Jogos Olímpicos aconteçam, é provável que o COI, Comitê Olímpico Internacional, aguarde para se posicionar. E, assim que decidir qual alternativa tomar, opte por uma adiamento ainda em 2020, para só depois levar em consideração uma troca de ano ou um cancelamento.
