Daqui a exato um ano acontecerão as finais olímpicas dos revezamentos 4×200 m livre da natação, um dia depois das semifinais, tanto masculina quanto feminina. E o Brasil busca no Tokyo Olympic Aquatics Centre voltar a ficar entre os melhores do mundo entre os homens.
Aliás, até o momento, somente o revezamento masculino está garantido nos Jogos Olímpicos de Tóquio.
Parte dos 16 classificados da natação para a Olimpíada saíram do Mundial de Gwangju, na Coreia do Sul, em 2019. Foram os 12 primeiros no 4×100 m livre, 4×200 m livre, 4×100 m medley, masculino e feminino, e o 4×100 m medley misto. As quatro vagas restantes são distribuídas pelo ranking da Fina (Federação Internacional de Natação).
O Brasil conquistou a uma no 4×200 m livre entre os homens quando o quarteto formado por Luiz Altamir, Breno Correia, João de Lucca e Fernando Scheffer terminou na sétima colocação. Agora e equipe que for a Tóquio vai tentar ao menos chegar perto do pódio conquistado com o bronze em Moscou-1980.
Para tentar entender as chances e o cenário do Brasil neste revezamento, a reportagem do Olimpíada Todo Dia conversou com o “Coach” Alex Pussieldi, comentarista de natação e fundador/editor-chefe da “Best Swimming”.
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O que aconteceu desde 2016?
O revezamento 4×200 m livre masculino terminou na 14º colocação a prova nos Jogos da Rio-2016. O quartero foi formado com Luiz Altamir, João de Lucca, André Pereira e Nicolas Oliveira. Um ano depois, a equipe nem conseguiu se classificar para o Mundial realizado em Budapeste, em 2017
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Em 2018, com uma equipe mudada em relação aos Jogos Olímpicos, o resultado foi outro. Somente Altamir seguiu, ganhando companhia de Scheffer, Leonardo Santos e Breno. No mundial de piscina curta da China, o Brasil fez história. Com a marca de 6min46s81, o time baixou o recorde mundial da prova em mais de dois segundos e terminou em primeiro.
Vaga em Tóquio
Em 2019, com a volta de João de Lucca no lugar de Leonardo Santos, o revezamento 4×200 m livre conseguiu uma boa sequência de resultados, especialmente o sétimo lugar na Coreia do Sul, que valeu a vaga em Tóquio-2020, com a marca de 7min07s64.
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“O 4×200 livre tem potencial de final. Todos querem que seja um revezamento medalhista, eu também quero, mas falar em medalha é vencer um sonho irreal. Enquanto você não tiver dois ou três nadando para 1min45s e um nadando para 1min46s, você não está sendo correto em falar em medalha”, comentou Pussieldi.
Alguns dias depois, nos Jogos Pan-Americanos de Lima, Luiz Altamir, João de Lucca, Fernando Scheffer e Breno Correia fizeram história. Assim como havia ocorrido na edição anterior, em Toronto-2015, o Brasil conquistou a medalha de ouro. No Peru, o quarteto conseguiu a marca de 7min10s66 e quebrou o recorde continental da prova.
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“O 4×200 m é uma briga espetacular e está em aberto. Esse revezamento traz garotos mais novos para a briga. Ele pode surpreender muita gente com nomes”, disse o comentarista.
Otimismo por pódio
Um pouco mais otimista, Cesar Cielo vê o ano a mais que os atletas terão para a Olimpíada de Tóquio como positiva, principalmente para o revezamento 4×200 m masculino.
“É uma equipe jovem e talentosa. Eu tenho certeza que esse um ano pode representar coisas boas para nós. Não ficaria nem um pouco surpreso se eles estiverem brigando pela prova; quem sabe até pelo próprio ouro,” disse César Cielo em entrevista ao OTD.
Com a marca do Mundial de 2019, o quarteto brasileiro conseguiria ficar em sexto lugar na Olimpíada de 2016. Com um ano a mais de preparação e buscando baixar a marca a cada caída na água, Luiz Altamir, João de Lucca, Fernando Scheffer e Breno Correia esperam recolocar o país entre os melhores da prova em Jogos Olímpicos.
E as mulheres?
Diferente dos homens, o revezamento 4×200 m feminino não participou da Olimpíada de 2016. No ciclo para Tóquio, as mulheres tiveram algumas dificuldades. Assim, não conseguiu vaga nos três mundiais realizados, um de piscina curta e dois de piscina longa.
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Com isso, como 12 das 16 vagas olímpicas do 4×200 m livre foram conquistadas através do Mundial de 2019, o Brasil só poderá ir para os Jogos no Japão se ficar com uma das quatro vagas via ranking da Fina. Ficam com as vagas a seleções melhores classificadas, que ainda não estejam garantidos na competição.
Tempo de Lima daria vaga olímpica
A única grande competição de âmbito continental ou mundial que contou com a presença do revezamento 4×200 m livre feminino foi os Jogos Pan-Americanos de Lima. No torneio, o quarteto formado por Manuella Lyrio, Larissa Oliveira, Gabrielle Roncatto e Aline Rodrigues ficou com a medalha de bronze com a marca de 8min07s77.
“Acho que a nossa sociedade mesmo é machista. Nós temos que reconhecer mais as mulheres, dar um pouco mais de valor do que tem sido conquistado. É um pouco mais de consciência mesmo. Eu não acho que as mulheres precisam de condições iguais, porque as condições dadas são iguais, dentro do possível. Acho que é preciso criar condições especiais para o feminino para que seja possível reequilibrar o que temos hoje”.
Se estivesse no Campeonato Mundial de 2019 e fizesse o mesmo tempo que conseguiu no Peru, o quarteto brasileiro terminaria a competição com o 12º lugar e se classificaria para Tóquio.
Atualmente, com o tempo conquistado em Lima, o Brasil lidera a corrida por uma das quatro vagas para Tóquio pelo ranking, seguido por Singapura, Argentina e México. Contudo, de acordo com o site Best Swimming, a equipe brasileira terá um desafio grande. Isso porque países fortes na prova, como Suécia, Grã-Bretanha, França, Itália, Holanda, Espanha, Eslovênia ainda não tiveram tomadas de tempo.
Como parâmetro, levando em consideração os países que conquistaram a vaga pelo ranking da FINA no 4×200 m feminino em 2016, o pior tempo classificado foi da Eslovênia, com 8min00s40, mais de sete segundo mais rápido que o tempo brasileiro.