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Só uma? Atletas criticam ausência feminina na Missão Europa

Dos 15 nadadores que vão à Portugal, apenas uma é mulher, escancarando a histórica falta de apoio à natação feminina

Natação Feminina - Missão Europa - Poliana Okimoto
Revezamento feminino em Lima-2019 (Pedro Ramos/ rededoesporte.gov.br)
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Quatorze homens e apenas uma mulher. Esta é a realidade da lista de convocados da natação para a Missão Europa, que levará atletas para treinar em Portugal. Que a natação feminina tem, historicamente, menos apoio que a masculina não é novidade para ninguém. E esta situação só escancara ainda mais o problema e volta a colocar o assunto em pauta. 

A responsável por trazer à tona a discussão sobre a Missão Europa foi a medalhista olímpica, Poliana Okimoto. A ex-atleta da maratona aquática, medalhista de bronze na Olimpíada Rio-2016, fez uma publicação em seu Instagram criticando justamente a ausência feminina na seleção que viajou a Portugal na última sexta-feira (17). 

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“Fico me perguntando, tentando ver o que poderia estar errado, já que temos grandes atletas, grandes técnicos e clubes incríveis no Brasil. Só sei que o que não vejo mesmo é incentivo. Incentivo para as mulheres praticarem a natação com grandes objetivos, incentivo a essas mulheres irem disputar mais torneios internacionais, treinar com as melhores do mundo, mais intercâmbios…”, escreveu Poliana.

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“Pelo contrário, o que vejo cada dia mais é que as meninas desde novinhas percebem a dificuldade que é em estar e permanecer na seleção brasileira. Pela falta de apoio, por acharem que não estão fazendo diferença, por serem sempre renegadas, pela falta de fé no trabalho delas, por acharem que estão sempre ‘lutando’ sozinhas”, completou.

Ecoando o discurso

Não demorou muito para várias atletas saírem em apoio à Poliana. “Você não tem noção do quanto me alegra que vocês estejam tomando conhecimento e se posicionando. Pode parecer pouco, mas acredite, não é! Ter essa consciência canaliza energia pra ações. Vocês têm potencial (e muita natação) pra isso. Vão ouvir muita m*****, vão ouvir discurso meritocrático, vão ouvir que estão histéricas. Sigam mesmo assim. As coisas mudam com vocês unidas”, escreveu Joanna Maranhão

Joanna Maranhão ficou em quinto lugar nos 400m medley em Atenas (Satiro Sodre/SSPress)

Outras atletas como Renata Sander, Pâmella Oliveira, Jhennifer Alves e Pâmela Alencar ecoaram o discurso. Pâmela, inclusive, levantou outro ponto interessante: “O fato de eu achar que temos alguma culpa só mostra o quanto enraízam isso na gente”. 

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No ano passado, após conquistar uma medalha no Pan de Lima, a nadadora Giovanna Diamante já tinha levantado essa bola também: “Isso só mostra o quanto nós mulheres somos poderosas e podemos ir além. A gente é pouco valorizada no esporte de maneira geral, a atenção que a gente tem é mínima. Que isso sirva para mostrar que a gente está aqui, brigando e com menos condições do que muitos homens”. 

Por que a preferência?

Como bem lembrou Poliana, a natação feminina cresceu consideravelmente nos últimos anos, com conquistas importantes para a modalidade, como a final olímpica de Flavia Delaroli em Atenas-2004, o resultado histórico de Joanna Maranhão, que igualou o feito de Piedade Coutinho com uma quinta colocação, o título mundial de Etiene Medeiros nos 50 m costas no Mundial de 2017, em Budapeste, e as oito medalhas femininas no Pan de Lima-2019.

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Fato é, portanto, que atletas para representar a seleção não faltam. E há de se lembrar também que o intuito da Missão Europa é levar atletas classificados ou com chances de conseguir a vaga em Tóquio-2020. Mas por enquanto, o Brasil assegurou somente as vagas nos revezamentos masculinos, uma vez que o Troféu Brasil, única seletiva para os Jogos, foi adiado pela pandemia. Ou seja, nenhum atleta homem ou mulher atingiu o índice para ir à Olimpíada. Mas parece que só eles merecem a chance de voltar a treinar o quanto antes. 

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“Não acho que faltam mulheres no nosso esporte, o que acho, é que falta um olhar mais atento para elas. Não vejo nada sendo feito para elas e tenho certeza que daqui a um ano, quando a convocação brasileira para os Jogos Olímpicos de Tóquio estiver fechada e a participação feminina estiver em número reduzido em relação a masculina, verei jornais e imprensa criticando as meninas. Enquanto os olhares não se voltarem para elas, entender que precisam apoiá-las e incentivá-las desde a base, nada mudará”, concluiu Poliana.

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