O nado peito sempre foi considerado o estilo de qualidade inferior na natação brasileira em comparação com os outros. No entanto, de uns tempos para cá, três atletas começaram a conquistar resultados expressivos e estão modificando o cenário. Nesta quinta-feira (30), os nadadores medalhistas mundiais Felipe Lima, Felipe França e João Gomes Junior participaram de uma live na TV CBDA e comentaram sobre a evolução.
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“Comecei com o Felipe França em 2004, mas acho que o nado peito teve uma evolução a partir de 2008, com quatro nadadores brigando. Hoje temos atletas de grande capacidade e provas de alto nível, por isso, vejo que essa evolução está sendo bem construída no Brasil, com uma técnica bastante aperfeiçoada”, disse Felipe Lima.
“Acredito que essa medalha olímpica virá na hora certa, já que estamos no caminho certo porque temos qualidade, profissionais e estrutura para isso”, completou o nadador, que está com 35 anos e foi medalhista de prata em piscina longa nos 50 metros e de bronze nos 100 metros, prova olímpica, respectivamente, nos Mundiais de Gwangju, em 2019, e Barcelona, em 2013.
Felipe França: evolução, mentalidade e briga interna
Já Felipe França ganhou suas medalhas em mundiais de piscina longa na prova dos 50 metros, disputa que não faz parte das provas olímpicas. Ele foi ouro na edição de Xangai, em 2011, e prata em Roma, 2009.
“Era o nado mais fraco porque é um estilo lento e que exige muita técnica. A partir de 2003 isso veio se aprimorando e quando um atleta abre as portas os demais passam também. Essa parte técnica tem evoluído e o próximo paradigma a ser quebrado é a medalha olímpica”, comentou Felipe França.
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Natural de Suzano, em São Paulo, Felipe França considera que um dos motivos da evolução do nado peito foi a mudança de mentalidade dos atletas e destacou que a briga interna tem fortalecido o Brasil nas disputas internacionais.
“A emoção de estar em um Mundial é sempre grande, mas estando lá pensava sobre como poderia ganhar uma medalha. Acho que antes a mentalidade era de apenas ir para a competição e quebramos esse tabu até com recorde mundial. Em cada mundial, além de ser uma experiência nova, pude colocar em prática o treino que fiz meses antes”, disse.
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“Essa disputa interna deixa a gente com coração saindo pela boca. A briga é em alto nível, por isso, temos que nos preparar bem para conseguirmos competir contra atletas de países como Estados Unidos, Austrália, Japão e Grã-Bretanha. Essa competição interna faz com deixemos uma marca no nado peito do Brasil”, concluiu o atleta.
João Gomes: inspiração e como inspirar
Ao contrário dos dois Felipes, a história de João Gomes Junior, que está com 34 anos, é diferente, já que demorou para estourar na modalidade. Assim como seus dois principais rivais, João Gomes tem duas medalhas em mundiais de piscina longa. Ele foi prata em Budapeste, em 2017, e bronze em Gwangju, em 2019, ambas na prova dos 50 metros.
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“Com certeza os feitos desses caras me puxou para cima. Antes eu nadava costas, mas quando descobri o peito via Eduardo Fisher, Felipe Lima e Felipe França e me espelhava muito neles por estarem no topo naquele momento. Consegui despontar em 2008 e foi nesse momento que descobri que queria continuar brigando de igual para igual com eles”, afirmou.
João Gomes se inspirou bastante em seus adversários e hoje pode ser espelho para atletas da nova geração. “Acredito que posso inspirar dizendo para nunca desistirem. Se você tem um objetivo e sonho na vida nunca deixe de lutar por eles. O que mais me motivou a lutar pelo meu ideal foi quando algumas pessoas tentaram me desmotivar. Isso fez com que ficasse ainda mais forte”, garantiu o atleta.
Elogios ao britânico Adam Peaty
Por fim, João Gomes fez elogios ao britânico Adam Peaty, principal nome do nado peito no mundo. “O Adam Peaty mudou o estilo e a forma de se competir e treinar. Acredito que ele vinha testando algo por volta de 2015 quando apareceu no Mundial e tem passado os primeiros 50 metros o mais forte possível”, disse.
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“A mentalidade de todos que nadam peito está mudando porque ele está com uma diferença muito grande dos demais atletas. Isso é bom para abrirmos os olhos e acreditarmos que é possível quebrar barreiras. Temos que treinar bastante para correr atrás desse cara. É difícil, mas nada é impossível”, concluiu o nadador.