Depois de trazer para o Brasil uma medalha de ouro que não era conquistada pelo país desde 1951 nos Jogos Pan Americanos e bater três novos recordes sul-americanos (nos 400m, 800m e 1500m) no US Open, Guilherme Costa, o Cachorrão, dá início à temporada de preparação para a seletiva olímpica que acontece em abril no Maria Lenk (RJ).
Os recordes sul-americanos foram conquistados em dezembro, em Atlanta (EUA). Nos 400m, Guilherme fez 3min46s57, superando a marca continental de Fernando Scheffer (3min47s99). Nos 800m, o nadador fez 7min47s37, três segundos abaixo de sua antiga marca.
E nos 1500m, conseguiu 14min55s49, passando sua própria marca sul-americana de 2017 (14min59s01).
Em plena terça-feira de carnaval, Guilherme Costa embarca para a Itália para participar do Troféu Cidade de Milão, sua primeira competição do ano. As provas servirão de treino, já que contarão com a presença de fortes nomes como Nicolo Martinenghi, já classificado para Tóquio.
Correção de rota
Guilherme entrou 2020 focado em melhorar suas falhas. “Iniciei bem o ano, fiz uma análise ano passado – que acho que fez muita diferença em Atlanta – e quando cheguei fiz de novo. Na primeira, foquei na braçada e, na segunda, na virada. Já senti uma diferença bem grande”, explica.
O jovem de 21 anos contou com uma importante ajuda nos recordes de 2019: o coach Lincoln Nunes que, junto com o treinador Rogério Karfunkelstein, criou estratégias que tornassem o atleta mais forte física e psicologicamente.
Karfunkelstein explica a necessidade desse tipo de acompanhamento. “O Lincoln, como coach, atua debloqueando os caminhos. Eu exijo muito mentalmente dos meus atletas. Não adianta ele estar muito bem psicologicamente, ele precisa saber tirar o máximo do corpo dele, da capacidade dele em momentos extremos”, explica Rogério.
Guilherme Costa afirma que essa foi uma das dificuldades na temporada e apenas em dezembro de 2019, no US Open, conseguiu aproveitar todo seu potencial. “Eu queria que 2019 fosse o ano de me aproximar dos melhores do mundo e aí até o final do ano eu sabia que estava pronto, me sentia pronto, mas não estava conseguindo realizar na competição”.
“Passei duas semanas com ele [Lincoln] aqui em casa e acho que lá [no US Open] eu consegui tirar tudo que treinei o ano inteiro”, completa.
Cachorrão tem uma rotina puxada: são 100km em 10 treinos na semana. Agora, o volume de treinos vai subir e, ao voltar da Itália, dará lugar a intensidade. E assim as formas de treinar vão se alternando até a reta final.
“Quero nadar abaixo do que eu fiz lá [no US Open] para chegar na Olimpíada ainda mais próximo dos melhores. Eu sei que é difícil porque tem uma seletiva antes e os índices são bem fortes, principalmente nos 400m, mas eu estou treinando para abaixar meus tempos nas 3 provas e assim fazer os índices”.
+ CACHORRÃO RELEMBRA MELHOR MARCA DO ANO
Quando perguntado sobre quais provas preferia competir, alguns segundos de silêncio. “Se pudesse escolher, nadaria todas. Acho que 400m ou 800m. Nos 400m, eu fico meio ‘assim’ porque é novo para mim, mas me surpreendeu muito nos EUA e agora comecei a treinar um pouco mais para ela. Vejo que eu posso evoluir muito ainda”.
Com 100% de foco em Tóquio, o atleta tem aproveitado o trabalho com o coach para se preparar com a pressão nos Jogos. “Sempre tem uma parte do meu dia que eu penso nisso. Aprendi com meu coach a fazer mentalização para na hora que eu chegar lá estar pronto, não ter nenhum desvio, não estar desfocado. Todo dia eu penso um pouco sobre o que eu quero fazer em Tóquio e o que eu preciso para isso”.
Na volta ao Brasil, Guilherme Costa passará pelo Training Camp do COB e pelo Sul-Americano de Natação, que acontece em Buenos Aires de 23 a 30 de março. Essa será a primeira vez que o nadador participará como absoluto.
Após os compromissos, caso confirme o índice no Maria Lenk, a ideia é passar um período em altitude na Turquia em maio, seguir para a Itália, onde continuará sua rotina de treinos, e entre 15 e 20 dias antes dos Jogos, desembarcar em Tóquio e fazer a preparação final.