Dos 40 nadadores convocados para os Jogos Parapan-Americanos de Lima 2019, Carol Santiago, classe S12, é a que conhece a modalidade paralímpica há menos tempo. Neste ano, a pernambucana de 34 anos já bateu dois recordes mundiais no 100m peito em sua classe e obteve índices para as principais competições da temporada. A competição na capital peruana começam no dia 23 de agosto e o Brasil será representado por 337 atletas.
Carol começou na natação ainda criança. Ela acompanhava o irmão nadador nos treinos e logo também iniciou na modalidade. A nadadora competia nas categorias mirins, no convencional. “Eu competia nos campeonatos do nordeste, mas não era tão boa. Ainda estava aprendendo a nadar, então não conseguia fazer as viradas. Mas isso também porque eu não conseguia enxergar”, explica a atleta, que tem síndrome de Morning Glory, doença congênita que causa perda da visão e que pode provocar descolamento de retina.
Quando mais velha, Carol venceu algumas vezes campeonatos norte-nordeste e nordeste e até conquistou o terceiro lugar no Campeonato Brasileiro. Mas aos 18 anos, ela teve uma piora na visão após ficar com água na retina em ambos os olhos. A condição não tem relação com a síndrome que a acomete e nem uma causa específica. “Foi difícil manter a natação e tudo mais. Eu tinha que aprender a ler de novo, aprender braile e outras coisas. Ficou muito difícil, então eu acabei abandonando a natação”.
O hiato na natação durou 9 anos. Ela só voltou a praticar o esporte aos 27 anos, e apenas por questão de saúde. Mas a nadadora não resistiu e voltou para competições, no convencional. No ano passado, em outubro, seu técnico procurou o Grêmio Náutico União, de Porto Alegre, para analisar uma transição de Carol para o paradesporto. No mesmo ano, a atleta se destacou no Campeonato Brasileiro de natação.
Agora, ela se prepara para competir fora do Brasil pela primeira vez. “Eu estou muito empolgada, animada demais. Quando caiu a ficha de que eu não ia conseguir no convencional, não me imaginei mais nadando numa competição tão importante. Aquele sonho que eu tinha de ser uma atleta profissional já não existia mais. Quando conheci o paralímpico, custei a acreditar que isso realmente ia acontecer”, comenta, emocionada.
“Comecei a treinar e realmente, foi muito ligeiro. Eles mudaram meu jeito de nadar e minha resistência de aguentar prova. O trabalho feito aqui [no Centro de Treinamento Paralímpico] é muito sério. Eu não falto um treino sequer. Mesmo sendo muito difícil, até por conta da idade”, disse a atleta que treina no Centro de Referência de natação do CT Paralímpico, em São Paulo, desde o início do ano.
As expectativas para a competição são altas: dar o seu máximo e conseguir vaga em Tóquio 2020. “O que eu quero é chegar lá e realmente dar o meu melhor. Tentar melhorar ainda mais, usar a competição como experiência para poder, se Deus quiser, participar de Tóquio no ano que vem. Eu vou realmente aproveitar ao máximo. Tem também a adrenalina de competir com os melhores do mundo. Eu vou ter que me superar”.
Além dos Jogos Parapan-Americanos, Carol Santiago também competirá no Mundial de Natação, em Londres, que acontecerá de 9 e 15 de setembro.