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Atletismo

A incrível volta por cima de Maurren Maggi em Pequim-2008

Há 12 anos, o Estádio Ninho do Pássaro viu a consagração da primeira brasileira campeã olímpica no atletismo, após sofrer com a punição por doping

Maurren Maggi - Pequim-2008 - Primeira mulher brasileira campeã olímpica individual
Maurren Maggi comemora a medalha de ouro no salto em distância em Pequim-2008 (Wander Roberto/COB)

As Olimpíadas são pródigas em construir histórias de superação, que caberiam perfeitamente em um roteiro de cinema. Os Jogos Olímpicos de Pequim-2008 deram ao esporte brasileiro um destes enredos perfeitos em um 22 de agosto, como neste sábado. Após amargar dois anos de suspensão por doping, a paulista Maurren Maggi dava a volta por cima na China, ao tornar-se a primeira mulher brasileira campeã olímpica no atletismo, com o ouro no salto em distância.

Para quem só se recorda do momento da festa, do choro de Maurren enrolada com a bandeira brasileira após a confirmação da vitória, com direito a um salto perfeito de 7,04 m, é importante relembrar o desafio que foi para conseguir chegar até ali.

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Menos de uma década antes do ouro em Pequim, o atletismo brasileiro viu despontar um novo talento. Natural de São Carlos, interior de São Paulo, Maurren Maggi explodiu de vez para o grande público nos Jogos Pan-Americanos de Winnipeg-1999 (CAN). Foram duas medalhas de ouro na ocasião, uma no salto em distância e outra nos 100 m com barreiras, prova que costumava competir.

Mas já antes do Pan, o fã mais atento do atletismo já sabia bem quem ela era. Inclusive, um mês antes ela conquistou aquele que foi o melhor resultado de sua carreira: um salto de 7,26 m no Sul-Americano de Bogotá (COL), marca que até hoje é o recorde do continente no salto em distância.

Uma participação opaca na nos Jogos de Sydney-2000, quando não conseguiu passar pela qualificação ao sofrer uma lesão em plena prova, chegou a criar uma dúvida sobre seu real potencial. Mas em 2002 e 2003, estava saltando bem, tendo seus melhores resultados acima de 7 metros (7,02 m e 7,06 m respectivamente). Em março de 2003, ela havia conquistado a medalha de bronze no Mundial indoor (pista coberta) em Birmingham (ING).

Até que veio o polêmico episódio da pomada.

Poucas semanas antes do Pan de Santo Domingo, em 2003, Maurren Maggi teve revelado o resultado positivo de um exame antidoping feito durante o Troféu Brasil de atletismo. A substância encontrada foi clostebol, um esteroide que aumenta força muscular. A justificativa apresentada pela atleta é que uma pomada usada como cicatrizante após uma sessão de depilação definitiva continha cloestebol.

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Maurren Maggi
Na primeira competição na volta da suspensão, Maurren Maggi foi ouro no Pan do Rio-2007

A alegação de falta de intenção não foi o bastante para impedir sua condenação no caso. Pegou uma pena de dois anos. Não foram poucos que apostavam no fim da carreira. Em 2006, já liberada para competir, procurou o técnico Nélio Moura e retomou os treinos. No ano seguinte, o primeiro sinal de que estava retomando a antiga forma, com o ouro no Pan do Rio-2007, com um salto de 6,84 m.

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Maureen Maggi chegou à Olimpíada de Pequim animada com uma série de vitórias em provas internacionais disputadas no Brasil, mas sem criar uma expectativa excessiva. Mas logo no primeiro salto da final veio aquele 7,04 m. Foi justamente a distância que lhe garantiu o ouro, pois a russa Tatyana Lebedeva, que anos depois foi eliminada da prova por doping, marcou 7,03 m no último salto.

Final dramático para um roteiro com final feliz. Nem em seus sonhos mais otimistas Maurren Maggi imaginaria uma volta por cima daquela maneira, naquele 22 de agosto de 2008.

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