Parecia mais alguma destas intermináveis reprises de competições, tão corriqueiras na televisão em meio à pandemia do coronavírus. Um torneio de tênis com arquibancada lotada, onde ninguém usava máscara, jogadores se cumprimentando com abraços ao final das partidas, boleiros, etc. Poderia ser uma reprise, mas não era.
Este final de semana marcou a realização da etapa de Belgrado do Adria Tour, torneio beneficente organizado pelo sérvio Novak Djokovic, que reuniu nomes importantes do circuito mundial. Entre eles, o austríaco Dominic Thiem, que levou o título, ou o alemão Alexander Zverev.
+ ‘Ele tem que dar o exemplo’, critica Meligeni sobre Djokovic
Com formato rápido (cada set terminava com quem vencesse quatro games), foi uma grande festa. Com direito a DJ na abertura, torcida fazendo “ola”, tudo para fazer as pessoas matarem a saudade do que era o mundo antes do coronavírus, ao menos no esporte.
Sim, o “velho normal” foi o grande destaque do que se viu em Belgrado neste sábado e domingo. É inegável que a competição criada pelo número um do mundo Novak Djokovic (que não vale pontos para o ranking mundial) foi um sucesso. Inevitável também que tenha causado em muitas pessoas aquela vontade de ver o planeta retomar sua rotina. A grande questão que ficou para mim é se era mesmo necessário tudo isso neste momento.
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Se formos levar em conta apenas aos números oficiais, a Sérvia é um mundo à parte em meio à pandemia. Segundo dados do site “Worldometer”, o país dos Balcãs foi um dos que melhor controlou o coronavírus. Até este domingo (14), foram pouco mais de 12 mil casos e 254 óbitos (tomando por base que não ocorreram subnotificações).
Perto do Brasil, cujo presidente classificou a Covid-19 como uma gripezinha e que já está esbarrando em 43 mil mortos, parece mesmo um paraíso.
Ainda assim, diante de uma situação em que o mundo inteiro tenta combater um vírus implacável, as imagens de pessoas aglomeradas em uma arquibancada lotada, sem máscaras e vivendo uma situação de uma suposta normalidade beiram o absurdo. Fora uma outra questão ainda mais séria, que é a falta de empatia com o que ocorre em outros países.
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Em outras palavras, qual é a necessidade de uma competição neste formato ser realizada AGORA? Se quisessem tanto jogar, porque não fazer sem público, como já ocorre em alguns campeonatos europeus de futebol?
Por isso, as palavras do ex-tenista Fernando Meligeni, em oportuna entrevista ao Olimpíada Todo Dia neste sábado (13), são necessárias e certeiras, em especial nas críticas à Novak Djokovic.
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“Ele tem que dar o exemplo, como o Nadal e o Federer estão dando. Não só o Djokovic, todos que estiveram no torneio. Se a pessoa precisa sair para trabalhar, se ela faz parte do serviço essencial, tudo bem. Mas tenista não precisa, em nenhum sentido, voltar a jogar agora”.
Um voleio certeiro do Fininho, aqui entre nós.