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Laguna Olímpico

Japão em emergência diz muito sobre adiamento da Olimpíada

Teria faltado transparência ou foi descuido dos organizadores em relação ao coronavírus? Torço pela segunda opção

Dia do Jornalista o Primeiro-ministro japonês Shinzo Abe coronavírus pandemia
Shinzo Abe negou que Tóquio corria risco de ter que adiar a Olimpíada por causa do coronavírus. Teve que mudar de ideia (Instagram/shinzoabe)

Nesta terça-feira, 7 de abril, comemorou-se o Dia do Jornalista. Jocosamente, costumam brincar que tem mais dia em homenagem à imprensa do que datas no calendário. Óbvio exagero, embora um colega já tenha contabilizado oito “Dias do Jornalista” ou assemelhados. Mas o que uma data festiva de uma categoria tem a ver com um blog de esportes olímpicos?

Tudo, ora bolas.

Em um conceito mais primário, é graças ao jornalista que você, leitor(a) é informado a respeito dos resultados das competições de seus ídolos (saudades disso, por sinal), fica sabendo dele a opinião a respeito de sua performance, sobre o que acha do rival, do técnico que o substituiu antes de um ponto importante… Sim, você sabe da informação apurada e trabalhada de forma isenta pelo jornalista. Não pelo grupo do Zap ou apenas pelo canal oficial de um determinado clube ou confederação.

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Foi o jornalismo bem feito e sem amarras que cobriu com rigor toda a preparação do Rio de Janeiro para receber a Olimpíada Rio-2016. Alguns mais, outros menos, mas na média, todos fiscalizaram com rigor e criticaram onde tinha que ser criticado, elogiando onde tinha que ser elogiado.

Esse mesmo jornalismo mostrou, sem recortes, todos os caminhos da corrupção que fizeram o Brasil levar a melhor na eleição do COI, em 2009. Atos ilícitos estes que culminaram com a renúncia e o banimento de Carlos Arthur Nuzman, ex-presidente do COB (Comitê Olímpico do Brasil), onde reinou por quase 25 anos.

Esqueça os adeptos da “gripezinha” e do “resfriadinho”. O mundo sem um jornalismo sério e livre, seria muito pior.

Menosprezaram a pandemia?

Por isso, fico aqui pensando o que os meus colegas japoneses que cobrem o noticiário da Olimpíada de Tóquio estão passando neste momento, diante da implantação do estado de emergência em Tóquio e outras cinco prefeituras. Nesta terça, o primeiro-ministro Shinzo Abe declarou estado de emergência em razão do aumento de casos do coronavírus para a cidade-sede dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos e outras localidades.

Entre elas, a cidade de Fukushima, onde a chama olímpica está guardada e seria aberta à visitação pública.

No último dia 24 de março, o COI (Comitê Olímpico Internacional) e o governo do Japão informaram que a Olimpíada de Tóquio seria adiada para 2021 em razão dos desdobramentos da pandemia, que praticamente parou o mundo e já tem mais de um milhão de infectados em todo o planeta.

Coincidência?

Por uma incrível “coincidência”, foi só ficar definido o adiamento dos Jogos para o ano que vem que o número de casos positivos no Japão passou a aumentar de forma assustadora.

Para não correr o risco de fazer uma acusação sem provas, foi no mínimo uma triste “coincidência”. E esta situação mostra bem que no episódio que culminou no primeiro adiamento da história de uma Olimpíada na Era Moderna, passando por cima da própria Carta Olímpica, os responsáveis pela organização dos Jogos mostraram um irresponsável descuido ao demorarem tanto para decidirem por aquilo que todos já sabiam que aconteceria.

Tanto o COI quanto o Comitê Organizador Local flertaram com o perigo, transmitiram falsas esperanças, a troco que ganhar tempo.

O estado de emergência em Tóquio mostra, aos que ainda lamentam o adiamento, que foi a decisão correta. E para ficar no pé das autoridades, cobrá-las pelos erros e soluções e sobretudo informar a verdade para o público, o trabalho do jornalista é fundamental.

Feliz Dia do Jornalista a todos os colegas.

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