O maior dilema do esporte olímpico em tempos de pandemia de coronavírus não existe mais. Com a definição da data da remarcação da Olimpíada de Tóquio-2020 para um ano da data original (23 de julho a 8 de agosto de 2021), agora o problema passa ser outro, não menos complexo. O que fazer para conciliar o calendário de 33 modalidades, com diversas competições classificatórias olímpicas, em meio à pandemia da Covid-19?
Como nesta quarentena interminável fica a impressão de o tempo ter sido congelado, na teoria pode parecer lógico simplesmente “empurrar” o calendário de onde parou. Assim, a partir do momento em que os médicos e cientistas considerarem seguro, possamos voltar à vida normal. Por “normalidade”, entenda-se permitir que os atletas retomem os treinamentos em ginásios, pistas e piscinas para então, com a forma física recuperada, reiniciarem as competições.
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A questão chave nesta equação é que não se tem a MENOR IDEIA de quando isso será possível, justamente porque ninguém tem ainda noção da dimensão do poder de infecção deste vírus.
Assim que anunciou o adiamento da Olimpíada de Tóquio, o presidente do COI (Comitê Olímpico Internacional, Thomas Bach, deixou claro que a pior tarefa viria a seguir, diante do enorme quebra-cabeça que as federações internacionais teriam pela frente. E o alemão não estava exagerando.
Já são diversos eventos que já passaram da fase de adiamento e foram para cancelamentos diretos. O último foi o do tradicional Torneio de Wimbledon, um dos mais importantes do calendário do tênis, cancelado nesta quarta-feira (1º). E não tem como tirar o peso da pandemia em toda esta situação.
Cenário de caos ainda existe
O desconhecimento do caminho que o coronavírus irá tomar vai influenciar diretamente na montagem deste calendário. Uma ajuda para esclarecer este cenário foi dada pela ótima edição do programa “Roda Viva”, da TV Cultura, exibido na última segunda-feira (30).
O microbiologista Átila Iamarino, doutor em microbiologia na USP, deu uma verdadeira (e assustadora) aula sobre o impacto do vírus, que já causou mais de 45 mil mortes em todo o mundo.
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Um ponto que Iamarino ressaltou no programa é que as coisas voltarão ao normal de forma bem mais lenta do que se imagina. A própria situação dos Estados Unidos pode exemplificar bem o drama que será colocar o esporte adiante novamente.
Com mais de 191 mil casos positivos e mais de 4.100 mortos, os americanos vivem a expectativa, já admitida pelo governo, de um pico no número de casos chegar nas próximas semanas. É um cenário de guerra.
Por isso, não se enganem: enquanto as coisas não chegarem a um estágio mais controlado nos Estados Unidos, dificilmente veremos o esporte mundial retomar sua rotina.
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Teremos que viver uma fase de reconstrução geral, em todos os setores da sociedade mundial, e o esporte não está imune a isso. Chegará o momento dos dirigentes de todas as modalidades serem obrigados a terem um choque de realidade e montarem o calendário que FOR POSSÍVEL cumprir.
Vivemos uma guerra, é bom que ninguém se esqueça disso.
Abaixo, um trecho do Roda Viva, com Átila Imarino, no qual ele dá um quadro bem realista do que teremos pela frente (a partir de 1h23min):