O Brasil está longe de ser um gigante no universo olímpico, quando se olha por uma perspectiva histórica. No quadro de medalhas geral, as 127 medalhas olímpicas brasileiras colocam o país em 29º lugar. Mas a inegável evolução esportiva nas últimas três décadas tornou o Brasil muito relevante e até mesmo dominante em muitas modalidades.
Além disso, organizou, com sucesso, a última Olimpíada e Paralimpíada, a despeito dos graves problemas de atrasos nas obras e na falta de cuidado com o legado olímpico. Por isso, tem um peso muito grande o posicionamento do COB (Comitê Olímpico do Brasil) e CPB (Comitê Paralímpico do Brasil) defendendo o adiamento da Olimpíada de Tóquio em razão da pandemia do coronavírus. Cada vez mais, me parece ser questão de dias para que o COI (Comitê Olímpico Internacional) admita o inevitável e empurre os Jogos para 2021.
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A fila foi puxada pelo CPB, através de seu presidente Mizael Conrado, em entrevista à “Folha de S. Paulo”, na sexta-feira (20). Eis que neste sábado (21), até com um relativo atraso, na minha opinião, o COB emitiu nota, com o presidente Paulo Wanderley defendendo o adiamento em razão dos cuidados pela pandemia do coronavírus.
Na sequência, começaram a pipocar comunicados de diversas confederações olímpicas brasileiras, apoiando a posição do COB. Pela sequência em que estas notas foram divulgadas, está mais do que claro que a posição das entidades esportivas do Brasil já estava definida desde a noite da sexta-feira.
Pressão internacional
O mais importante é que o Brasil se alinha de forma correta e consciente ao lado de outros países, entidades e atletas que enxergam ser absurda a possibilidade de cogitar-se realizar os Jogos de Tóquio na data original, com abertura em 24 de julho.
Oficialmente (até o momento em que este texto é escrito), o COB é o terceiro comitê olímpico nacional a apoiar o adiamento, ao lado de Noruega e Espanha. Além disso, as federações de atletismo e natação dos Estados Unidos, os dois mais relevantes esportes olímpicos do país, também enviaram ao comitê americano documento pedindo apoio para que os Jogos sejam disputados apenas no ano que vem.
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Parece evidente que a única coisa que segura o COI de anunciar o adiamento da Olimpíada para o final de 2020 ou para o ano que vem, que seria a atitude mais sensata, são interesses que estão acima da saúde pública.
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Thomas Bach, presidente da entidade, brinca com a inteligência alheia ao dizer, numa entrevista ao NY Times, que é “cedo demais para tomar uma decisão sobre os Jogos de Tóquio-2020”.
Não, Bach, já passou muito da hora.
Mais do que nunca, é hora de pensarmos apenas na preservação da saúde. Deixar os interesses econômicos e políticos de lado e trabalhar para que #Tokyo2021 seja a única coisa sensata a se fazer.
No futuro, a história irá cobrar duramente a postura que alguns tiveram neste pesadelo chamado coronavírus.