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Coronavirus já entra na pauta oficial da Olimpíada de Tóquio

A epidemia que vem causando medo e preocupação no mundo já é tema de questionamentos na sede olímpica

revezamento da tocha
Ensaio para o revezamento da tocha olímpica em Tóquio. Evento é uma das preocupações para o coronavirus (Divulgação)

Em janeiro de 2016, o comitê organizador dos Jogos do Rio organizou um evento em São Paulo, para divulgar uma ação qualquer. O restaurante elegante no Jardim Paulista que abrigou a entrevista coletiva ficou com suas dependências lotadas de jornalistas, brasileiros e vários estrangeiros. Lembro perfeitamente que naquele dia, o tema do tal evento era o que menos importava. Todos só queriam mesmo era saber do zikavirus.

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Naquele início de ano olímpico, o Brasil vivia um surto da doença, cujo vírus é transmitido pelo mosquito Aedes aegypti e é responsável por casos de microcefalia. Em 2016, diversos bebês nasceram com este problema pelo país, especialmente no Nordeste.

Não é preciso dizer que o tema se tornou pauta recorrente em toda mídia nacional e internacional. Mas especialmente no exterior, o tema foi tratado com doses quase apocalípticas.

Serviu inclusive de desculpa para muita gente abrir mão de vir ao Rio de Janeiro. Por exemplo, mais de uma dezena de atletas do golfe, entre eles um dos melhores do mundo na época, o norte-irlandês Rory Mcllory, desistiu da Olimpíada por “medo do zikavirus”.

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Bom, como se sabe, nenhum atleta ou torcedor estrangeiro foi infectado pelo mosquito durante a Rio-2016. E por que resolvi contar esta história de quatro anos atrás? Simplesmente porque os japoneses estão passando por algo muito parecido. Mas o “vilão” da vez é o coronavirus.

Coronavirus já afeta o esporte

Obviamente, os números mostram que o impacto causado pelo vírus mutante da gripe, que teria aparecido pela primeira vez na China, é muito maior do que o zikavirus. Basta ver o número de mortes causadas na própria China e o nível de preocupação demonstrado pela OMS (Organização Mundial da Saúde).

Os efeitos da epidemia já chegaram ao esporte, inclusive. Por exemplo, diversas competições, inclusive importantes pré-olímpicos e o Mundial indoor de atletismo, que estavam previstos para acontecer na China, foram cancelados.

Era inevitável que Tóquio começasse a colocar o coronavirus em seu radar. Até pelo fato de existirem casos da doença no país. Nesta semana, a comissão de avaliação do COI (Comitê Olímpico Internacional), que faz mais uma de suas visitas regulares, sentiu na pele a preocupação pela epidemia.

Na coletiva, os repórteres basicamente queriam saber se os Jogos Olímpicos estavam ameaçados de cancelamento. John Coates, o dirigente australiano que comanda a comissão, negou veemente a possibilidade. No entanto, ele admitiu que as autoridades japonesas estão tomando precauções para evitar problemas.

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Entre as preocupações, está com o risco de maior infecção pelo coronavirus durante o revezamento da tocha olímpica, que começa dia 26 de março, em Fukushima. Mas existe também um problema mais sério.

O governo japonês não está permitindo a entrada de pessoas que tenham passado por regiões de risco de contaminação pelo vírus. Contudo, entre março e maio, estão programados 19 eventos que testarão as arenas olímpicas. Portanto, dá para imaginar que eles não contarão com a presença de atletas da China, por exemplo, o marco zero da epidemia.

Acima de tudo, é preciso dizer que a Olimpíada de Tóquio não está ameaçada pelo coranavirus. Nem acho que ficará. No entanto, é inegável que o vírus vem causando dor de cabeça para muita gente nestes 160 dias que faltam para a abertura dos Jogos.

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