Em meio à pandemia de coronavírus, alguns estados brasileiros começam a retomar aos poucos suas atividades. É o caso de Porto Alegre, onde a judoca Ketleyn Quadros mora e treina. Há cinco semanas, a medalhista em Pequim-2008 e seu clube, a Sogipa, voltaram aos treinos de forma gradual e atleta relatou como tem sido a experiência.
“Estou bem feliz, porque estamos tendo conquistas diárias. A gente começou em uma situação bem ruim e hoje estamos tendo um dia melhor que o outro. Claro que alguns lugares ainda estão críticos, mas aqui em Porto Alegre, a gente já voltou bem devagar (aos treinos). A gente já faz a parte física três vezes por semana, dividido em quatro pessoas, com todo o protocolo a seguir”, contou a judoca em live do Olimpíada Todo Dia.
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Ketleyn explicou, no entanto, que os treinos ainda têm uma intensidade baixa, uma vez que eles ficaram quase três meses com treinos adaptados em casa.
“O bom é que nosso grupo não é tão grande quanto os outros clubes, então a gente consegue dividir por horário. São 30, 40 minutos. Também não é uma volta de treino de super intensidade, é mais para manter o corpo pronto e preparado. A intensidade ainda está leve, preparando o músculo, porque foi uma parada muito brusca para o corpo. A gente está acostumado com a uma demanda de treinamentos em um volume muito intenso e ficar quase três meses nessa condição de quarentena… Não tem como voltar com tudo. Então estamos voltando bem aos pouquinhos”.
A medalhista olímpica, porém, teve um fator positivo nessa pandemia de coronavírus. Ketleyn mora com seu noivo Alex Pombo, que também é judoca. “Nesse sentido eu tive mais sorte, porque moro com meu noivo, que também é judoca. Isso facilitou muito a parte técnica”.
Início da pandemia
Hoje, Ketleyn Quadros começa a retomar as atividades aos poucos e considera cada dia como uma nova conquista. Mas o começo da pandemia de coronavírus não foi assim tão fácil.
“Agora está bem tranquilo. O primeiro impacto da pandemia de coronavírus foi bem chocante, a gente estava se preparando para as competições finais para estar dentro de uma Olimpíada. E do nada a gente ficou sem previsão nenhuma. Mas nós atletas vivemos de desafios o tempo inteiro. E esse foi mais um desafio, pensando no agora, no que a gente poderia fazer de melhor nesse momento”.
E em meio à quarentena, Ketleyn usou o tempo maior em casa para refletir e se dedicar à atividades que normalmente não tem tanto tempo por causa do calendário de competições.
“Essa pandemia vem carregada de muitas reflexões. Então a gente tem tempo de pensar, refletir sobre nossos planos, conquistas, o que precisa ser aperfeiçoado. Eu aproveitei para ficar em casa com meu cachorro, ver filme, ler bastante, fazer alguns cursos. Eu até tento ir na cozinha, mas não tem jeito, o Alex é bem melhor que eu. Então eu deixo para ele mesmo. A melhor parte da quarentena é você se superar diante de tanta adversidade, informação, situações novas e nada concreto. É viver o agora. E estou muito esperançosa por dias melhores”.
Rumo a Tóquio 2020
Quando a pandemia de coronavírus chegou, Ketleyn ainda estava na corrida olímpica para assegurar sua vaga em Tóquio 2020. Faltava pouco, mas o sonho precisou ser adiado.
“A gente estava na reta final, teria mais cinco competições para participar e ganhar pontos para definir a classificação. Eu estava em uma situação melhor em questão de ranking, já que a minha briga direta é com a Alexia Castilho, minha colega na Sogipa. Mas apesar de estar com essa vantagem, essas competições precisavam acontecer, porque tudo poderia mudar”.
“Imagina o quanto de treinamento, de processo de preparação a gente passou para poder estar extremamente pronto nessa fase final. Então as expectativas eram as melhores possíveis, foco total. Mas o sonho continua de pé, apesar de ter sido adiado”, completou.
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E apesar de precisar esperar mais um pouco para a conquista desse sonho, Ketleyn entende que o adiamento da Olimpíada de Tóquio para 2021 foi a melhor decisão a ser tomada.
“O motivo foi tão justo que a Olimpíada ficou pequena. Não teria sentido nenhum se não fosse um evento para celebrar o momento de união, alegria, saúde. Acho que quando caiu a ficha de todo mundo da gravidade desse adversário invisível que a gente esta tendo, a Olimpíada ficou pequena. A saúde em primeiro lugar. E como qualquer adversário, ele merece respeito, cautela e a gente não pode afrouxar nos últimos segundos”.
O ranking do judô segue congelado e ainda não há uma data definida para o retorno. Segundo Ketleyn, as previsões mais otimistas são que as competições possam retornar no final de outubro.