Em 2020, o dia das mães da família de Daniel Cargnin, do judô, será diferente. Mãe e filhos foram separados por um adversário impiedoso, o coronavírus. E no caso deles, o isolamento social é ainda mais importante: Ana Rita, a mãe do judoca, é nutricionista e trabalha no Hospital de Clínicas de Porto Alegre, atuando na linha de frente no combate ao Covide-19.
“A gente não está tendo contato, porque ela tem medo de passar alguma coisa e a gente também tem medo de passar algo para ela”, contou Daniel Cargnin ao Olimpíada Todo Dia.
A Dra. Ana Rita está sozinha em sua casa, mas a união com os três filhos continua firme, mesmo que virtualmente. Nesse sentido, a tecnologia tem sido uma das aliadas mais importantes para Daniel, a mãe e os irmãos. “A gente manda áudio, vídeo sempre e também tenho assistido às lives que o Daniel vem fazendo”, explicou a nutricionista.
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Mas no dia das mães, não há rede social que segure a saudade. “Pensei em fazer um almoço domingo e chamá-los somente quando ficar pronto. E, claro, seguir o protocolo: todos de máscara, sem abraços, beijos e mantendo distância. Terminou o almoço, sozinha de novo, até porque domingo à noite estou de plantão no hospital”, disse Ana Rita ao OTD. “Trinta minutos que eu passe com eles já vai valer uma eternidade”.
Apesar da distância, da falta dos filhos e do dia das mães no mínimo diferente, um dos fatores que vem confortando Ana Rita é carinho dos pacientes em meio à pandemia de coronavírus. E mesmo com um clima de “insegurança e incerteza”, a mãe de Daniel não tem dúvidas sobre seu trabalho.
“Não penso em medo nesse momento, porque penso que trabalhar no hospital é minha opção e eu não me imagino em outra profissão, nem trabalhando em outro lugar. E também receber o carinho dos pacientes nesse momento nos dá mais força ainda. No Rio Grande do Sul, o respeito pelo isolamento social desde o começo fez toda a diferença e o hospital tem recebido e conseguido prestar atendimento a todos os pacientes e tem dado atenção para os funcionários também”, relatou Ana Rita.
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Amor e parceria
A distância entre Daniel Cargnin e a mãe Ana Rita, no entanto, não é exatamente uma novidade. Mas mesmo morando sozinho desde cedo e tendo que lidar com um calendário cheio de competições, o judoca sempre fez questão de reservar um tempo para a família, inclusive no dia das mães.
“É muita correria, mas sempre que podemos, nos reunimos no final de semana, procuramos tirar férias no fim de dezembro, quando tem a folga do judô, para podermos viajar um pouquinho, nem que seja uma semana, só para reunir a família”, contou a mãe de Daniel Cargnin.
“Amor e parceria. É o que significa a nossa família”, completou.
Daniel Cargnin começou a praticar judô ainda na escola e logo passou a participar de competições no Rio Grande do Sul. O incentivo? A mãe. “Eu saí muito cedo de casa, mas a nossa relação é muito boa, até porque ela foi o principal motivo de eu ter seguido no judô. Ela sempre gostou muito de esporte, me levava para cima e para baixo nas competições. Ela sempre foi uma motivação para mim, um exemplo porque é muito guerreira e eu tento levar isso para o tatame também”.
Exemplo mútuo
“Eu sempre incentivei a prática do judô, porque eu identifiquei no Daniel qualidades necessárias para um atletas. Ele é disciplinado, determinado, tem vontade de aprender e é uma pessoa muito resiliente. Se eu sempre fui um exemplo para ele, hoje ele é um exemplo para mim”, completou Ana Rita.
O exemplo e admiração de Daniel pela mãe, no entanto, vai muito além do esporte. Ele leva para a vida. E nada melhor que o dia das mães para agradecer por tudo isso. “Minha mãe é muito importante. Muitos valores que eu tenho, os melhores que eu tenho, vêm dela. Uma pessoa que não desiste das coisas e que não tinha nada, mas conseguiu lutar, trabalhar, estudar para conseguir o que tem hoje. Por isso ela é minha fonte de inspiração”.