“Foi um balde de água fria.” Logo após inaugurar o Instituto Reação em Cuiabá (MT), David Moura viu seu sonho ser fechado provisoriamente por causa da pandemia.
Em atividade desde o ano 2000 no Rio de Janeiro, com destaque para a Rocinha, o instituto inaugurou no início de março o primeiro polo fora da capital fluminense, em uma escola municipal na cidade de Cuiabá, terra do também judoca David Moura.
“Não chegou a dar três semanas de aula e tivemos que fechar por causa do coronavírus. Mas o judô nos ensina. É cair e levantar, sempre”, reforça David Moura.
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E a melhor forma possível de reagir diante da pandemia foi arregaçar as mangas e ajudar as famílias que mais precisam. Com a campanha ‘Ippon no Corona’, em parceria com o BV, o Instituto Reação vai atendar as famílias que estão inscritas no projeto.
Reação contra a fome
Na primeira fase, as famílias dos dois mil alunos receberão cartões que poderão ser usados como alimentação e refeição, para que elas montem suas cestas de necessidades básicas. Dessa forma, diminuindo o risco de contágio e preservando o isolamento social, tão importante neste momento.
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Na segunda fase, partiremos para outras famílias e comunidades que não estão. “Não podemos abandonar essas pessoas. São elas que constroem com a gente o Reação.” Qualquer um pode participar. As doações serão feitas pela plataforma digital “Abrace uma Causa”. Para cada R$ 1 doado por pessoa física, o banco BV doará a mesma quantia, até o total de R$ 10 milhões.
“A gente estava organizado entregas de alimentos para as famílias, mas a logística estava bem ruim com a pandemia. Como que a gente vai ajudar se estamos nos expondo e expondo essas família?. Com o cartão magnético ficou tudo mais fácil para todos.
Mas e as aulas de judô?
“Seguem online, não vamos abandonar nossos alunos. Os senseis seguem dando as aulas. Legal que a molecada está respondendo bem. Estão gravando os treinos, a interação está bem positiva.”
Obviamente, que as aulas online não são a mesma coisa que as presenciais, mas a conexão virtual mantém os laços com o judô e toda sua filosofia. “É a resposta que podemos dar agora. Eu mesmo devo dar alguma aula em algum momento”, completa David Moura.
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Entretanto, está claro para o judoca que o crucial no momento é dar condições para que as famílias não passem fome e o judô é só um caminho para atingi-las. “A nossa responsabilidade segue a mesma, só que com métodos diferentes.”
O sonho olímpico segue
Junto com o trabalho à frente do Instituto Reação de Cuiabá, David Moura, em meio à pandemia, não deixa de treinar com o pensamento em Tóquio 2020.
“Sei que sou privilegiado. Estou conseguindo treinar, minha rotina segue quase a mesmo, dentro do possível. Só não tenho parceiros disponíveis o tempo todo. Mas todos estão treinando do jeito que dá.”
David Moura está na corrida olímpica, é o atual número dois do Brasil na categoria acima de 100 kg. Rafael Silva está em vantagem e só um deles vai representar o país em Tóquio 2020.
Ao mesmo tempo que não está viajando e competindo por causa da pandemia, o judoca não vacila e admite que está gostando de ficar em casa. “A gente vive uma rotina de viajar muito, ficar em casa está sendo uma benção, estou conseguindo treinar e ficar com a família. De novo, sei que sou privilegiado. Mas está sendo um período de recarga importante.”