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Giulia dos Santos tem mais dois torneios para chegar a Tóquio

A seis meses da Paralimpíada, judoca segue firme na briga pela vaga e compete em Nottingham e em Baku

Giulia dos Santos de olho nas Paralimpíadas
(Alexandre Schneider)

Décima sexta colocada no ranking mundial, a judoca Giulia dos Santos Pereira é o Brasil na busca por uma das vagas nas Paralimpíadas da categoria até 48 kg da classe B1 (para cegos “totais”). Ela tem mais duas competições ainda pela frente, o Aberto de Nottingham, em abril, e o de Baku, em maio.

“Tenho certeza que eu vou muito bem nessas duas disputas para garantir essa vaga. Estar lá no Japão, onde o judô nasceu, vai ser a realização de mais um sonho. Quero dar os meus “200%” para estar lá. “100%” é muito pouco”, disse Giulia dos Santos, para a Agência Brasil.

O desafio de estrear nas Paralimpíadas é gigantesco. Mas a garota já está acostumada a superar adversidades bem maiores. A jovem do Guarujá (litoral paulista) nasceu de cinco meses de gestação e teve que passar mais quatro na incubadora. A má formação no globo ocular fez com que ela tenha menos de 10% da visão no olho direito e seja completamente cega do olho esquerdo.

“Tinha vergonha de tudo e não me aceitava. A preocupação da minha mãe era o que ia ser de mim quando eu crescesse”. Em 2011, isso começou a mudar. ” Na escola que eu frequentava, notei que existiam pessoas iguais a mim ou até em situações piores. Foi ali que decidi encarar os desafios de frente.”

E veio o Judô

O começo no esporte foi no ano seguinte com o incentivo de uma figura bem próxima. “O meu pai. Ele foi fundamental. Fomos ao clube do lado da nossa casa e entrei na turma das professoras Fabiane Okuda e a Rosane Aguiar, que já tinham sido até atletas olímpicas. A partir daí não parei mais.”

Em 2015, veio a primeira viagem sozinha para fora do estado. Giulia dos Santos foi para Natal, no Rio Grande do Norte, disputar o Campeonato Brasileiro da Juventude. “No início tive receio, porque não conhecida ninguém. Mas deu tudo super certo. Ganhei duas medalhas: a da minha categoria e a da absoluto. Ainda recebi também o troféu de destaque da competição”.

Motivada, em 2016 ela já estava na seleção brasileira de base ganhando a medalha de prata no Pan-Americano de Jovens em São Paulo. No ano passado, no Parapan de Lima, a primeira das 11 medalhas na modalidade veio justamente da Giulia dos Santos. Foi ouro em uma categoria acima (até 52 quilos), vencendo no caminho a medalhista paralímpica Karla Cardoso, dona de duas pratas, em Atenas e Pequim.

Na preparação para chegar às Paralimpíadas, campos de treinamento pela Europa e, por aqui, rotina entre São Paulo e Guarujá. Todo semana, ela sai do litoral no domingo e fica em São Paulo até sexta-feira. “Chegar aqui foi uma coisa incrível. Era um outro sonho que eu tinha há bastante tempo. Os meus treinos mudaram muito, tudo mudou. Meus técnicos me ajudam demais. Supero diversas dificuldades diariamente. Moro com uma família, mas no dia a dia estou sozinha. Tenho que estar preparada para tudo.”

Jornalista com mais de 20 anos de profissão, mais da metade deles na área de esportes. Está no OTD desde 2019 e, por ele, já cobriu 'in loco' os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio, os Olímpicos de Paris, além dos Jogos Pan-Americanos de Lima e de Santiago

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