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Pan 2019

Campeão no judô, Eduardo Yudy é o ‘japonês dourado’ do Brasil

Campeão Pan-Americano na categoria até 81 quilos nasceu e cresceu no interior do Japão. Além dele, Aléxia Castilhos também medalhou

Eduardo Yudy, no judô dos Jogos Pan-Americanos
Abelardo Mendes Jr/rededoesporte.gov.br

O brasileiro Eduardo Yudy conquistou a medalha de ouro no judô dos Jogos Pan-Americanos de Lima, neste sábado (10), logo em sua primeira participação na competição. Além dele, o Brasil levou um bronze com Aléxia Castilhos. Rafael Macedo e Elen Santana também lutaram, saindo em quinto e sétimo lugares respectivamente.

Eduardo Yudy é brasileiro, mas nasceu em uma pequena cidade do interior do Japão. É filho de brasileiros e morou na terra do judô até os 19 anos. Hoje tem 24 e participou dos Jogos Pan-Americanos pela primeira vez. “No primeiro ano da faculdade (no Japão) surgiu uma oportunidade de lutar aqui no Brasil em uma competição que era seletiva júnior. Eu abracei, lutei, ganhei e entrei para a seleção. Aí eu vi que tinha uma grande possibilidade para o futuro, tranquei a faculdade, larguei tudo e vim para o Brasil”, conta.

Ele explica que teve a oportunidade de participar de uma seletiva no Japão, mas eu não tinha passaporte japonês então eu não podia lutar. Ele ainda tentou buscar a nacionalidade daquele país, mas como na época era menor de idade conta que toda a sua família teria de mudar para o Japão. “Meus pais não quiseram e bem nessa época surgiu essa oportunidade de lutar no Brasil”, diz. Apesar o carinho pela terra natal, é bem claro “Hoje me sinto mais brasileiro”.

Eduardo Yudy, no judô dos Jogos Pan-Americanos

Eduardo Yudy encaixa o golpe que valeu o ouro (Wander Roberto/COB)

Aprender português foi “muito difícil. Eu não conseguia montar uma frase”. Mas teve suas compensações. “Eu gosto muito da comida brasileira, meu Deus do céu! No Japão eu era muito leve. Lutava no até 81 quilos, mas tinha uns 76 quilos. Então eu era muito fininho. Meu técnico me levava para comer e não dava certo. Quando eu cheguei no Brasil em um mês eu consegui engordar dez quilos”, comenta.

Em Lima, Eduardo Yudy fez a final contra o dominicano Medickson Del Orbe e venceu em com um belo ippon no primeiro golpe que entrou. Para chegar lá, primeiro venceu o argentino Luis Vega por waza-ari, no golden score. A seguir, na semifinal, dominou totalmente Jack Hatton, dos Estados Unidos, e cravou um ippon no minuto final.

“Eu estava bem focado para conseguir essa medalha para o Brasil. Antes de entrar eu já sabia o que teria de fazer e deu tudo certo”, disse logo após sair do tatame. “Eu queria realmente ganhar desde a primeira luta até a final do jeito que eu ganhei a final, só que o adversário também treina bastante então não é fácil”.

Eduardo Yudy explica que nos últimos tempos focou em transformar os treinos em uma luta, com árbitro e tudo. “Todos os dias eu fazia uma competição e isso fez diferença. eu consegui administrar bem a luta”.

O bronze de Castilhos

Aléxia Castilhos, no judô nos Jogos Pan-Americanos

Wander Roberto/COB

Aléxia Castilhos foi a primeira dos brasileiros a lutar e a primeira a medalhar neste sábado. Na estreia ela venceu Hannah Martin, dos Estados Unidos, por um waza-ari anotado logo no início do combate. A seguir enfrentou a venezuelana Anriquelis Barrios e perdeu por ippon em uma decisão bem duvidosa da arbitragem. O técnico Marcelo Tsutsui viu um waza-ari e saiu reclamando do local da luta.

Na disputa da medalha, Aléxia Castilhos enfrentou Estefanía García, do Equador, e venceu por um waza-ari conseguido também no início do combate.

Na saída do tatame, comentou sobre a sensação de ser medalhista Pan-Americana. “É muito bom. Estou muito feliz com o terceiro lugar. Isso representa um pouco da minha caminhada e o quanto eu estou crescendo. Posso não ter conseguido o ouro ainda, mas estou na maioria dos pódios e isso é muito importante para mim”.

Ela evitou contestar a decisão da arbitragem na semifinal que a tirou da decisão. “Eu não tenho muito o que falar porque eu não vi a luta ainda”.

Alexia Castilhos, no judô dos Jogos Pan-Americanos

Abelardo Mendes Jr/rededoesporte.gov.br

Fora do pódio

Rafael Macedo começou bem. Venceu por ippon na primeira luta, o canadense Mohab El Nahas. E foi relâmpago, antes mesmo dos 20 segundos de combate. A seguir enfrentou na semifinal o cubano Ivan Morales, primeiro cabeça de chave do torneio e atual tricampeão do campeonato pan-americano específico de judô. /no mais recente, também em Lima no final de abril, venceu o próprio Macedo. Desta vez, novamente deu Morales, nas punições.

Na disputa pelo bronze, enfrentou o peruano Yuta Galarreta e toda a torcida que lotou o Polideportivo 1 do complexo de Videna, na capital peruana. Acabou dominado pelo rival e sofreu o ippon, após já ter tomado um waza-ari.

Ellen Santana lutou duas vezes e acabou perdendo as duas. Primeiro, por waza-ari, para a venezuelana Elvismar Rodriguez. Voltou na repescagem, onde caiu por ippon para Ebony Drysdale, da Jamaica. “Tive apoio de toda a equipe, mas em cima do tatame deixei a desejar um pouco. Esperava um pouco mais de mim”, afirmou. “Eu consigo, eu posso mais. Vou trabalhar em cima dos erros daqui e vou conseguir desempenhar melhor nas próximas lutas”.

O ouro de Eduardo Yudy foi o quarto ouro do Brasil no judô dos Jogos Pan-Americanos. Além dele, ganharam Rafaela Silva, Larissa Pimenta e Renan Torres. A seleção tem, ainda, uma prata de Daniel Cargnin e dois bronzes, com Jeferson Santos, além de Aléxia. No último dia do judô, domingo (11), último dia também dos Jogos Pan-Americanos de Lima, o Brasil luta com Mayra Aguiar (78kg), Beatriz Souza (+78kg) e David Moura (+100kg).

Jornalista com mais de 20 anos de profissão, mais da metade deles na área de esportes. Está no OTD desde 2019 e, por ele, já cobriu 'in loco' os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio, os Olímpicos de Paris, além dos Jogos Pan-Americanos de Lima e de Santiago

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