Mais de 30 anos atirando. Maior medalhista internacional do Tiro esportivo brasileiro. Cinco participações em Jogos Pan-Americanos. Sete vezes no pódio, em quatro provas diferentes, usando três armas diferentes. Duas participações olímpicas. Essa é parte da carreira de Julio de Almeida, que nos Jogos Pan-Americanos de Lima, em 2019, conquistou o bronze na pistola de ar de 10m.
Há tanto tempo no tiro esportivo, o atleta brasileiro sabe que está na reta final da sua carreira. O terceiro lugar no Peru o deixou sem a vaga olímpica para Tóquio 2020, que ainda pode ser conquistada através da etapa da Copa do Mundo no Rio de Janeiro ou através de uma regra nova da federação internacional da modalidade. Por conta disso, Julio Almeida vê 2020 como um ano de decisões para sua carreira.
“O ano que vem é um ano de decisões, de mudanças para mim. Eu dificilmente vou para mais um ciclo olímpico, vou fazer 50 anos e existem coisas que estão mais difíceis hoje do que já foram no passado. Dores no corpo, vista cansando mais rapidamente e a perspectiva de tudo isso é só piorar, por isso acho difícil eu continuar”, comentou o atleta.
Mais perto do fim da carreira do que do começo, Julio Almeida prefere pensar no atual momento, na preparação para a disputa das competições que podem dar a vaga olímpica, do que decidir o que fazer depois que parar. “Hoje eu vivo pro Tiro Esportivo, mas já fiz muita coisa. Sou coronel da força aérea, trabalhei com análise de sistemas, logística, então não sei o que vou fazer. Talvez vire treinador, talvez vá para outro lado, não sei ainda, vou pensar no que fazer, o Julio não é só o tiro não”, disse Julio Almeida.
A trave tem gosto
Na prova da pistola de ar 10m do tiro esportivo no Jogos Pan-Americanos de Lima, o brasileiro viveu um situação que já conhecia. Depois de um começo ruim, Julio assumiu a ponta na reta final e liderava a três tiros do final. Contudo, na última eliminação antes da final, Julio acabou tirando um 9.2 e viu Jorge Potrillé, de Cuba, e o americano Nickolaus Mowrer assumirem as duas primeiras colocações, deixando Julio com o bronze e sem a vaga nas Olimpíadas.
Essa não é a primeira vez que isso acontece com o brasileiro. Nas classificatórias para a Olimpíadas de Londres, em 2012, Julio enfrentou a mesma situação em duas oportunidades. “Em 2012 eu perdi a vaga para os Jogos Olímpicos no último tiro no campeonato das Américas e na etapa da Copa do Mundo de Munique, que também classificava, acabei ficando a dois pontos da vaga, acabei batendo na trave. E quando isso acontece o mais triste é saber que era possível, como aqui foi. Estou feliz com a medalha, mas a tristeza também está presente por conta disso”, comentou.
Parando para analisar tudo que fez na carreira até o momento, Julio Almeida é direto. “Eu tenho uma história bacana. Esse é o meu quinto Pan-Americano, fui campeão mundial ano passado em uma prova não olímpica, então não posso reclamar”, finalizou o brasileiro.